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Mostrando postagens com o rótulo #2014

Dicionámar

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Sem letras, não encontro um jeito de encontrar palavras.  No silêncio profundo, as frases não encontram pouso.  Me destextifico em lógicas vazias de significados.  Eu significante mudo:  de casa, de corpo, de sonhos, de hábitos. Coisificar a existência é a fuga dos ignorantes obtusos ou medrosos. Enquanto isso, a socialização do estar conjuga os modos do ser. *** No vídeo, um breve lembrete pra quem acha que alguns dias por ano com um filho são o bastante. Parabéns aos amigos que participaram do vídeo. E mais ainda aos que podem compartilhá-lo.

dó-ré-mi-fada

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Dorme fada, sonha fado. Traduz, mágica varinha: fé e exaltação. Encanta em seu cantinho, entoa em seu mundinho o drama inevitável. – Perdão. É sabida do amor. Saborosa, flor. Fomos pegos!, somos cegos... Seu gosto perfume inebria e envolve. Brincante, dormita e desperta. Fadices. Olho com olhos melados de paterna idade. É o amor que escorre em minhas bochechas. É o amor que escolhe as minhas queixas. Quentumes. Vejo os vaga-lumes que chegam com a nossa noite. Revoam em volta da fada. Povoam minha morada, acendem meu lugar no mundo. Sou fundo. E de lá de dentro, grito seu nome, do escuro de mim. Ecoam sentimentos, súplicas. Bailam em espiral com os vaga-lumes encantados. Você: sonho. Você: banho. Você, sempre, eu no colo da eternidade.

Surpresa

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Trabalhando. Ando três quarteirões até o restaurante onde almoço. Quando estava a três passos do restaurante, me deparo com uma amiga, grávida de sete meses, hospedada no mesmo local. Ela carrega compras. –Deixa eu lhe ajudar. Eu disse. –Mas você não vai almoçar aqui? Você vai voltar lá e levar as compras pra mim? –Sim, qual o problema? –Só acho que você vai fazer papel de bobo. –“Papel de bobo”?!? (Eis o título do post) –Sim. Não preciso que você volte três quarteirões. Eu estou grávida de sete meses, não estou doente. –Eu sei que você não está doente. Está grávida. Não achei que isso seria “papel de bobo”. Achei que seria uma delicadeza. –Então tá: se você quiser andar nesse sol, carregando essa sacola pesada pra mim, por três quarteirões, pra depois voltar pra esse mesmo lugar, fique à vontade... Fui. Chegando: –Vem cá, deixa eu lhe agradecer! (querendo me dar um abraço) –Não precisa, não fiz nada demais. Só estava fazendo o meu “papel de bobo”. Caminhando de volta ao rest

Telescópio

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Minha irmã, Gabriela, me fez um carinho difícil de colocar em palavras. Tento. Minha filha mora há 2.222km da minha casa. Lá, foi onde passou o dia dos pais. Gabriela pediu à mãe dela que gravasse: fala pra tia Biba o que você quer que ela compre pro papai de presente de dia dos pais. – Tia Biba, eu quero que você compre um telescópio pra papai! Disse ela, com apenas três anos e meio. Me espanto. Esse pedido é cheio de proximidade. Esse pedido é cheio de referências muito minhas que talvez ninguém ainda saiba. Quando eu tinha cerca de 10 anos de idade, Beto Bomfim, meu amigão – amigo do meu pai que me adotou como uma espécie de afilhado – me deu de presente uns binóculos. E isso marcou pra sempre a minha infância. Me marcou porque não pedi isso a ele. Me marcou porque, já naquela idade, intuí todo o simbolismo referente a um presente como esse... Me marcou porque foi meu amigo querido que morreu ferido com carvão em brasa pela palavra sexo, pela palavra

O dia do voto

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Voto. Nunca consegui ouvir ou ler essa palavra como um substantivo. Sempre ouço ou leio como um verbo. E na primeira pessoa do singular. A singularidade do voto é interessantemente bela. Porque nos fala da inserção social. Porque nos lembra da beleza de um grão de areia. Porque dignifica a gota no oceano. Não há como eu pensar essa imagem e não me lembrar de um filminho manjado, se eu não me engano da década de oitenta, do rapaz jogando as estrelas do mar que estavam na praia de volta no oceano. E quando perguntado: – São milhares!, você acha que jogando de uma em uma vai fazer a diferença? E o rapaz responde: – Fiz a diferença pra cada uma delas que joguei de volta... É mais ou menos isso... É que no caso do voto, cada um de nós é a estrela do mar. E não há ninguém que nos jogue pro oceano. Depende de cada um de nós, pro oceano ficar estrelado... Você já viu como um só grão de areia é lindo? Não temos a dimensão de um, até o separarmos do resto na pon

Código Morse

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Morro de amores. Montanha, mesmo. Talvez cadeia. Cumes. Picos. Amar não tem sido um verbo muito conjugado. Talvez amar venha sendo conjulgado. Réus algozes, tribuna de todos, juízes facebookiânus que jogam pimenta refresco. As mazelas da convivência digital. O desrespeito social. O limite, quando virtual, deixa de ser físico, palpável, táctil. Con-fundem-se liberdades. Con-fundem-se fronteiras. O romantismo do Rouba-bandeira mora na infância. Lá, sentidos. Fui postar um coração numa foto. O carinho dos meus dedos na tecla nunca se fizeram sentidos. O toque nos cabelos da menina não exalaram perfume. Os beijos no rosto não molharam o tempo. A banalização do afeto diminui o significado do encontro. E, triste, escrevo no blog: "morro de amores". *imagem: mantiqueirista.blogspot.com

Quem quer mudar o nome da Branca de Neve levanta a mão.

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Acho que a gremista Patrícia Moreira merece perdão. Acho que seu erro deve ser punido. Há muito é necessário perdoar. É preciso que aprendamos o perdão, de forma definitiva e absoluta. Todos nós merecemos perdão. "Quem nunca pecou, que jogue a primeira pedra" - disse o primeiro filósofo a ir às últimas consequências com esta ideia revolucionária. A verdade é que pecamos, todos. E nem sempre por mal. Ninguém aqui está fazendo apologia ao erro. Ninguém aqui está fazendo apologia ao preconceito, ninguém aqui está fazendo apologia ao esquecimento. Não: perdoar é muito diferente de esquecer. Coisas distintas. Perdoa-se. O que não quer dizer que se esquece. Não necessariamente. Já perdoei. Muito esqueci. Mas não tudo. Lembrar o erro, tanto o seu quanto o dos outros, é importante para que ele não se repita. O presidente do Grêmio está certo: se esse episódio servir pra abolir definitivamente esse tipo de atitude nos estádios, o Grêmio terá cumprido um papel histór

Volta

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Dorme silêncio. Vou-te escuta. Sigo presença, falta medida, encanto esperança. Dança. A flauta do meu Amor soa apito de navio. Canta distâncias. Desbrava mares. Ondas de querer que me atormentam saudade. No voal da janela, o Vento brinca baile.  Sopra cama. Inspira sonho.  O caracol do cabelo enlaça o dedo do Vento. Sou sentimento, sou, sem ti, mentira do momento. Sou infante, infame. Mas sigo.  Inflame.  Quando crepitarem as estrelinhas da nossa fogueira,  pai chão, o terreno por onde andarmos vai deixar de existir. E seremos no colo do Vento.  Estaremos, mãos dadas com o Tempo. Encantados, nosso mútuo peito travesseiro.

Rubem Alves, Berenice Menegale e o meu relógio do Mickey

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Vago espaço no Tempo: sou eu a observar o Sempre.  Tempo amigo, tempo perigo, tempo abismo inexorável. Tempo jardim. Busquei um tempo pra mim. E me tornei seu amante. Ontem, recebi de presente do tempo um espaço: estive com a querida Berenice Menegale no sítio, em São Sebastião das Águas Claras. Queria poder chamá-la de Mestre. Mas seria injusto com ela. Assim, ouso chamá-la, simplesmente, de " querida " e " exemplo ". Ela é exemplo pra mim e pra tanta tanta gente...  Sentei-me no sofá, atrás do piano. E ela disse ao meu pai: –Nestor, vou começar com uma que você gosta. E começou a fazer carinho no piano. Então, eu pensei na paz. No amor profundo. Na saudade que tenho do abraço apertado e longo que nunca dei em Rubem Alves e no carinho que ele já fez em mim, tantas vezes, com todas aquelas palavras: espaço no tempo. O rosto do Sempre.  E enquanto Berenice fazia carinho no piano, ele solfejava, agradecido. A medida que as lágrimas

Pare, olhe, escute

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Encontrei essa foto compartilhada pelo querido amigo meu e das letras e dos sonhos, Fernando Fabbrini. Ela veio a calhar. Na verdade, encaixou como dedo no nariz. Estou farto. E não é de comida. Os Titãs é que estavam certos. A gente não quer só comida. Ouvi a discussão de um casal e isso me deixou intrigado.  Ela: – Porque eu sei que você já teve um relacionamento com A, B e C. Eu pesquisei (no google, claro) e descobri que fulana, beltrana e cicrana blablablá, ticotico, nheconheco.  Aliás, acho que ela falava mais do nheconheco. Ele: – (       ). Fiquei pensando: sou antigo. Eu era do tempo em que essa pesquisa era feita no tête-à-tête, na pergunta e resposta, no olho no olho. A verdade era verificada na palavra. Mas não na palavra escrita na tela do computador por sei-lá-quem. Porque o olho no olho importava mais. Porque o olho no olho tinha mais valor. Talvez você já tenha presenciado a seguinte situação: uma pessoa quer lembrar algum nome em uma mesa d

Eu pensando você

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Me acalmando. Me acalma. Me acalmaria. Me acalmario. Me acalmar. Me acalmo. Clamo calmo acalanto alma. Canto calma cala fala. Silêncio que me escuta. E o mar, muitas vezes.

Setenta anos

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Devo falar sobre escolhas. Escolho falar do pai? Escolho falar do avô? Falar sobre o pai da gente é sempre delicado. Vovô Toi pra minha filha, amigo pra maioria. Pai, pra mim. Posso falar do Seu Nestor, que dá aula de música para os filhos dos caseiros da região de macacos. Posso falar do Nestor Sant’Anna, profissional de comunicação, chefe de cerimonial de mais de um governo, do secretário de ministro, do presidente do Palácio das Artes ou da Rádio Inconfidência, do gerente de relações institucionais da Fiat do Brasil ou do chefe de comunicação da Acesita, da MBR, do profissional que cuida da comunicação da Vallée há mais de 20 anos ou do conselheiro da Secretaria Estadual de Cultura. Posso falar do ex-presidente do Kairoz, entidade filantrópica de São Sebastião das Águas Claras. E posso falar do músico. Do pianista. Do acordeonista. Do que defende o músico mineiro. Do que ama a música acima de tudo, do que deu oportunidade para tanta tanta tanta gente. Pra gent

Sapatinho de Cristal

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Olha. Vê. Atenta aos sinais do Tempo, que nos sussurra segredos. Somos-nos nossos, nossamente únicos.  Amarantados, amorecemos. Existe um tipo de ilha que tem mar de amor em volta: chama filha. E queima. Para ela navego perdido, querendo me desencontrar. Sou nau a deriva, nesse há mar vasto e casto. Remo com as mãos, remo com os pés, remo com os dedilhos nos teclados do mundo, em busca da música perfeita. Remo cabelos da menina, encaracolados, enborboletados, Borboleta do Mar. Há espumas que nem sei. De tanto chorar pra dentro, emareei-me. Há mar fora, há mar dentro. Hoje, calmaria, aguardo o meu amigo Vento. Disse-me outros segredos, amigo do Tempo que é:  Três amigos de mãos dadas. O Tempo, o Vento, a Mar. Porque em francês, Mar é palavra feminina, de tanta gestação: peixes, filhos, alimentos, juras, poemas.  Talvez o Vento tenha esposado a Mar. Deles, nasceu o Tempo, que brinca amigo da minha filha, cuidando dela, meu tesouro, pra um dia me entr

A corda e a cruz

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Ontem foi dia 22 de abril. Dia em que se comemora o Descobrimento do Brasil pelos portugueses. Na Assembléia Legislativa de Minas Gerais inaugurou-se uma estátua de Tiradentes. Na verdade, o dia de Tiradentes foi antes de ontem, um dia antes, o feriado de 21 de abril. Dia de sua execução. Os portugueses executaram Tiradentes. Talvez a escolha do dia da execução de Tiradentes seja representativa pelo fato dele sim, ter conseguido sua liberdade ao deixar esse mundo. Também sou um inconfidente. Não devo fidelidade ao que impera. O que impera é um mundo doente e sem justiça. A mãe da minha filha, que é descendente de português, faz aniversário no dia da execução de Tiradentes. Este ano, o dia de Tiradentes caiu junto com o domingo de páscoa. O domingo de páscoa foi antes de antes de ontem, dia 20 de abril. Na páscoa - palavra derivada de uma palavra hebraica que nos remete a "passagem" - comemora-se a ressurreição de Jesus Cristo. A passagem dele par

FroZen

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Escala o himalaia de seu ego em busca do Nada. Sabe, não está lá. Mas empreende com forças e energias colossais, em ato contínuo, como se a resposta viesse no mantra movimento, na crença da revelação. Ela sabe que suas escolhas congelam o mundo. Mas não se lembra que qualquer escolha deve ser seguida pelo coração. Se ele não indica o caminho, ele deve ao menos compartilha-lo. Não se manda o coração seguir uma via e vai por outra, na esperança de encontra-lo lá na frente. É preciso lembrar que as retas paralelas se encontram no infinito. E o infinito é o sempre. O momento agora, imutável na lembrança, o momento agora imutável da lembrança. Toda lembrança é forma de perpetuação do tempo. O tempo hoje, gelo quente, que pode queimar sem deixar cicatrizes. Isolar-se não muda o curso das águas. Fugir não torna qualquer realidade mais quente. É preciso aprender a patinar no gelo e descobrir que todo amor vale a pena. Quando é real. Quando é vivido em abraço, com corações alinhados

RECEITA PARA SER FELIZ

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“ Para ser feliz. ..”. Começa a frase e eu já me lembro da abertura do Programa Infantil de domingo, do Sílvio Santos, e da música tema: “ há um mundo bem melhor / todo feito pra você / há um mundo pequenino / que a ternura fez ”. Versão gravada primeiramente pelo intermidiático Moacyr Franco para “It’s a Small World”, um dos temas mais emocionantes de Richard & Robert Sherman para a Disney. Curioso saber que o eterno Rolando Lero, Rogério Cardoso, é quem foi o pai da versão brasileira desta música que marcou gerações. Afinal, qual a receita para ser feliz? Segundo Rogério Cardoso, acho que influenciado pela máxima que “ o Brasil é um país do futuro ”, a felicidade está em algum lugar e em algum tempo que não este. Afinal, “ há um mundo bem melhor, todo feito pra você ”. Pelo visto, não este. E você, o que acha? A felicidade está em algum outro lugar? Quer saber? Aproveite. Seja feliz agora. Não estou querendo tangenciar o niilismo ou o hedonismo, nada disso. Tem muito mais a ve

Como conquistar George Clooney

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Mandinga de Ano Novo. Oxalá, meu Pai, pé-de-pato mangalô trêisvêis. Zuncê qué uma mandinga de ano novo pra curar emprego ruim, muié feia, vidinha máomêno, cunhado pentêio, fazê Charlize Theron tocá a campainha, amaciá o coraçãozin distante do George Clooney em seu nome? Vô Lhajudá. Tô aí pa isso. É simples. Segue o passo-a-passo do véi, que não tem erro: Comece acordando mais cedo. Se acordava nove, comece acordando às sete. Num fáia. Se acordava oito, comece acordando seis. Reza um Pai-Nosso e uma Ave-Maria. E fica sentadin, respirando fundo por vinte minutin. Caladin. É batata. Depois toma um banho e vai trabaiá. Ah, importante: chegando no trabaio, começa pelo mais compricado. Todo dia, começa com o mais compricado. E num sisquece de dá bom dia pra todo-mundo-di-seu-Raimundo, cara-boa, abraço, gentileza, ôi-no-ôi. Faz carinho no tempo, pede ajuda, ferece ajuda. Faiz meió que ontem, pede o chefe ûa dica, pede o sistente ûa dica, desce do cavalo da soberba. Dá parabéns, dá as mão,

The lone ranger

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2014, página em branco. A se definir. A se escrever. A ser deixada em branco. A ser lida daqui há alguns anos. 2014, página em branco. Meus dedos correm o teclado e não escolhem nada inusitado. Talvez queiram dizer que o ano do cavalo vai ser assim. Trote. Casco na terra, clop clop clop clop. Como um tic tac de um relógio. Um mantra do tempo. Um ano com copa, com eleições importantes, com inflação em alta, insegurança no mercado, restrição financeira. "Cavalo dado não se olha os dentes", diz a sabedoria popular. Não queremos que nosso cavalo precise de dentista. Queremos nosso cavalo relinchando, galopando, crina ao vento. Corcel, se possível. Puro sangue, de preferência. Cavalo de banho tomado, escovado, que brilha luz da lua, pasto verdinho, menina de vestido e laço no cabelo pendurada na cancela. Cavalo força, cavalo trabalho, cavalo fidelidade. Encontrei o imperativo do verbo ir no meu cavalo. Vou com ele. E não vou montado. Vou lado a lado do cavalo an