Qual Quer.



Não quero ir, minha BeBê.

Olhos, seus olhos, castanhos, amendoados, melados, devidamente adornados emoldurados em cílios perfeitos. Melo-me.

Sou a busca por sua risada, sua compreensão, afeito afeto, desperto, eu qualquer. Um seu, um pedido, um perdido, uma súplica. Me ame mais, filha, porque preciso. Por favor.

Você me faz acreditar na vida, me faz acreditar no mundo, me faz acreditar no ser humano, no Bom, no Bem, no Belo. Você, tão você, tão ubiquamente nada eu, melhorado, melhorada, em perfeita sincronia com o que tem que ser. Seja.

Cereja.

Já não zarpo, já não parto, partido há sete anos e meio, não mais me completo sem sua cabeleira ou sua delicada forma de ver e ser meu mundo. Sou um turista perdido dentro de mim mesmo.

Sou alguém que quer ser melhor por sua causa. Sou quem quer salvar o mundo por sua causa sem ser herói. Seu cheiro, seu humor. Sua risada menina. Seu encanto é minha rede. Talvez até de proteção.

Me salve, minha filha.

Sou o erro mais obtuso que deu certo, porque, sorte de principiante, lhe fiz. Assim assim.
Meu espelho não me revela mais quem sou, mas quem preciso ser para ser seu pai.
Pôr um triz no nome demuda as certezas que eu tinha. Você me interroga, filha, e me obriga a responder. Sou texto inacabado, palavras, tentativas de frases procurando imagens de nem sei.

Pele morena, claro. Serelepice. Spice. No tempero da vida, você me ensinou as receitas que tento aprender pra viver em saciedade.

Eu, pai, pouco, saudade, pequeno.
Você, filha, abraço, encontro, chamego.

Em sete anos e meio a guarda compartilhada que conheci foi meu coração. É o quem vejo guardado na primeira gaveta do seu armário, solitário, a espera de você.

Não, quero ir, minha BeBê. Preciso. Você me encontre. Por favor.





Comentários

Ela vai encontrar você, seja onde for. Love you.

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