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Mostrando postagens de 2017

Para o Mestre dos Mestres.

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Vai ser difícil reunir tanta gente interessante assim numa foto. Mas só quero falar do que está de óculos e camisa branca. Sim, à sua direita. Se você não conheceu esse cara, e não sabe de quem estou falando, sinto muito. Sinto muito mesmo. Paulinho - Paulo Cesar Coelho Ferreira é uma lenda. E como lenda, não morre, encanta. Esse filho-da-puta-muito-grande me deixou aqui com essa página em branco.  Aliás, é o que ele mais fazia. Nelsinho, na outra ponta da mesa, pode comprovar. Não tinha uma reunião ou encontro sequer que ele não me deixasse com uma página em branco. Ele queria que eu me escrevesse, a todo custo.  Pra você que chegou agora, vou tentar resumir: esse cara é um gênio que tinha um rim que não funcionava. Daí teve câncer no rim. No bom. Então, o rim que não funcionava passou lentamente a funcionar só pra salvar o cara, porque ele tinha muito o que fazer aqui. Muito a ensinar, muito a apreender. Pastor contemporâneo, arrebanhava ideias, pessoas, proj

Casam, hoje, Biba e Dedé.

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* Para ler esse texto, aperte o play da música abaixo: Quando Amor, a gente empresta a música que é só nossa. Porque falar de amor para a irmã da gente tem um sabor todo especial. A vida me deu a Biba. Ato falho contínuo, me refiro a Beatriz, minha filha, como Gabriela, volta e meia. É assim: eu tentando aprender a ser irmão de verdade, o que sempre quis ser e não consegui. Amo minha irmã acima das nuvens. Quando pequeno, eu fazia ludoterapia para tentar entender meu desentendimento do mundo. Nunca consegui abrir a braguilha da barriga da boneca grávida que tinha no consultório. Eu tinha medo do que viria pela frente. Eu tinha razão. Mesmo não tendo aberto, minha irmã saiu, não da braguilha da boneca, mas da barriga da minha mãe. Lembro-me como se fosse hoje: eu, no meio da sala da casa da minha avó, os tios e a primaiada em volta, e um trenzinho do mickey rodando meio sem graça na minha frente, que me deram de prêmio de consolação pela chegada da minha irmã e o

Oponente

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Sou um difícil oponente. Cruel, sem medida. Luto comigo mesmo e perco ganho, intempéries. Aos nove anos comecei a fazer Karate, sem saber que de mãos vazias é possível dominar o mundo. O cumprimento, a saudação, o grito de guerra, o pedido de desculpas, o agradecimento, tudo se resume ao "OSS". Há quem diga que a fonética comandaria a grafia em português, que deveria ser escrito assim: "OSU". Eu, "Berunarudo", me encontro sempre na linha do dojo, no limite do tatame, sentado em seiza , em estado de contemplação. A guerra comigo mesmo já é sinal de derrota. Do outro lado, eu, também sentado, fito-me, em silêncio interno. Meu coração já não bate sincopado com meu outro eu. Fico-me. Quando caminhei comigo, pedi perdão tantas vezes, chorei, arguí, respondi, calei. Parti pra briga, me machucamos. As cicatrizes talvez tenham sido mais profundas do que eu pensávamos. Meu eu dicotômico não é dicotômico. Eule não sou mau. Eleu não sou bom. Sou, só, e ponto.

De passageiros a condutores de suas próprias vidas

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O Trem das 7 segue cadência, por entre as tantas montanhas de Minas. Projeto rico, idealizado e posto pra rodar com a lenha dos maquinistas Tio Flávio , Érica Machado e Tânia Campos, encontrou sua estação no Albergue Municipal Tia Branca , da região centro-sul da capital mineira. Lá, pessoas em situação de rua tentam se refugiar das tantas perdas da vida, para se refazerem e continuarem a caminhar. São muitos os motivos que levam as pessoa a encontrarem essa situação em suas vidas. Um deles, o orgulho. É muito difícil aceitar que a engrenagem do mundo não tem como eixo o antropocentrismo umbilical. Outro, o medo. Será que vou ser julgado? Será que vou ser ouvido? Será que vou ser ferido? A droga do crack, a droga da bebida, a droga do fumo são só o segundo passo de quem já deu o primeiro na beirada do precipício. Muitas vezes, não há tempo de olhar para trás em busca de uma mão que nos segure, que não nos deixe cair. A batuta da Alcione conduz com maestria, pulso firme e c

O rosto da saudade

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Depois de trinta anos, olho finalmente para esta foto. Fragmento do sempre, átimo da existência, encontro da sutileza e da porrada da vida: outro dia eu tinha 10 anos. Mal inspirei, se passaram três décadas. Mal expirei, perdi o contato com a infância e a ingenuidade que tanto quis engaiolar... Olhando, vejo a primeira paixão, vejo a primeira ilusão. Vejo quem me virou o rosto sorrindo pra mim. Me apaixono por quem nem sequer sabe o meu nome. Há corações partidos e abertos, há pedidos de desculpas, há gargalhadas que esperaram pra sair e lágrimas que tardaram a secar. Há encontros e desencontros. Há muito mais encontros que desencontros. Vejo as mãos, abertas, vejo as mãos dadas de que nos falou Drummond. Vejo o brilho nos olhos dos que venceram, a esperança nos olhos dos que acreditam, rostos que tombam sinal de carinho, a alegria boquiaberta. Fito os mais inteligentes, os ditos incompreendidos, os mitos da minha geração. Sinto que nada foi em vão. Correspondi menos sonh

Que tal um curso gostoso no sábado, dia 8?

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Belo Horizonte recebe oficina para que as pessoas aprendam a fazer os próprios produtos de limpeza com ingredientes naturais. Detalhe: crianças podem participar e até aprender a fazer os produtos. "Os produtos mais perigosos são os que matam fungos e bactérias", alerta o médico Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas de São Paulo. Foi preocupada com isso que a minha amiga Ana Pessoa, jornalista (Ex-Veja, TV Globo), Yogini, recém-chegada da Índia, decidiu buscar parceiros especiais em BH e montar um curso para limpar a barra de quem quer ser mais natureba, saudável, feliz e não sabia como. A coluna Atitude Positiva da Band foi uma das parceiras. É de uma outra amiga minha, também linda e competente, a Fernandinha Mann. Ah, ouça o áudio CLICANDO AQUI . Outra parceria bacana foi a da Tônus Fisioterapia e Reabilitação , um espaço de saúde de outra lindeza, a Lara Guimarães, que tem compromisso com o bem es

Ligações

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Meu celular tocou depois de muito tempo em silêncio. – Faaaaaala, amoreco! , atendi num sorriso, brincando carinhosamente com a minha amiga, a Psicóloga, Coach e Apresentadora Érica Machado. – Bê, preciso da sua ajuda. – A resposta é sim. Não sei o que é, mas vindo de você... (disse a ela, na sequência.) – Se lembra de uma amiga sua, a blogueira do Ócio do Ofício , a Laura Barreto? Você acha que ela topa se juntar com você para vocês serem madrinha e padrinho de um grupo de corredores de pessoas que estão em situação de rua? – A Laura? Ela é doida igual a gente, bora ligar pra ela! Claro que vai topar. Mas, espera, me fala mais sobre isso... você diz... tipo "mendigo"? É isso mesmo que eu estou entendendo?!? Foi assim. Há alguns dias, fui surpreendido com outra passagem em minha vida da tsunami conhecida como Érica Machado . Ela, por sua vez, foi pega pelo furacão que as pessoas chamam de Tio Flávio Cultural . Quando esse tipo de aval

Caminhando com a Ana

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No primeiro passo, descendo do avião ainda na conexão em Madri, começou a nossa divertida viagem com a pergunta da funcionária da Iberia, parceira da Latam, para a senhora que levava seus pais já idosos para a Europa: – Se quedan en Madrid? E ela: – Mãe, ela tá perguntando se você vai querer a cadeira de rodas. Foi nossa primeira gargalhada. Da Ana e minha. Fomos juntos para Lisboa, para de lá pegarmos um ônibus até Fátima, prestarmos nossas graças no ano jubilar, e iniciarmos nossa jornada até Santiago de Compostela, a pé, perfazendo 500 quilômetros (505km em um dos GPSs, 527 no outro). Foi uma viagem maravilhosa e foi uma viagem maravilhosa... Por mais que as previsões dissessem do frio rigoroso que castigaria Portugal no mês de março de 2017, e que andaríamos debaixo de chuva durante os 20 dias de jornada, não foi exatamente isso que aconteceu. Era pegar o Caminho e a chuva dava trégua, quando não abria um sol das regiões temperadas, iluminando o rosto da Ana, sec

Kumite do Amor

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Comecei, há pouco, a dar aulas de Karate na Tônus . E, de cara, percebi que quero dar aulas para crianças e seus genitores...  Mães e pais, filhas e filhos.  Conversei com a responsável pela clínica de fisioterapia preventiva e reabilitação, e não foi surpresa que, explicando a minha filosofia, ela desse todo o apoio necessário. Inclusive, se prontificando a me dar suporte na promoção que eu propus:  Pedi a ela que o pai ou a mãe que decidir fazer as aulas com seu(s) filho(s), pagassem apenas 50% do valor da mensalidade. Ela aceitou e me disse que a ideologia da clínica tem tudo a ver com isso. Aos 9 anos, decidi sozinho que eu queria fazer Karate. E pedi à minha mãe, que me matriculou. Não havia sequer um conhecido, primo, amigo que fizesse. Isso era 100% meu. Daí sua importância em minha vida. Tenho 43 anos de idade, e é absolutamente viva em minha memória a única vez que me lembro do meu pai entrando na academia Gui Do Kan de Karate, do Sensei Roberto Linhares,