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Mostrando postagens de maio, 2014

Para vovô Toi e vovó Lili

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Ei vovô Toi, ei vovó Lili, é Beatiz. Eu num sei falá direito. Eu tenho têis. Papai falô que eu dei uma rôpa de cama pa cama nova. Eu gosto de durmi. Eu quero durmi na cama nova do vovô Toi e da vovó Lili. Eu gosto de música. Vovô Toi também. Vovó Lili gosta de cores. Igual eu. Eu sei desenhar. Eu quero nadar na banheira do quarto da vovó com o papai. Eu quero. Filha, ontem vovó fez 69 anos. Dia 17, vovô faz 70. É uma data especial, quando gostaríamos que estivesse aqui, presente não só em nossos corações, mentes, lembranças, fotos. Quando penso no tanto que vovô e vovó esperam esse contato, o quanto beijam suas fotos, fazem carinho nelas, me dá pena de quem não entende o quanto isso é importante pra você e sua formação, para a construção de uma identidade mais rica e plural. Sabe filha, tenho muitas graças e muito a agradecer. Sobretudo por você. Mas devo agradecer primeiro a eles, seus avós, nestes dias de comemoração e saudades suas. Porque eles me trouxeram até a

Sapatinho de Cristal

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Olha. Vê. Atenta aos sinais do Tempo, que nos sussurra segredos. Somos-nos nossos, nossamente únicos.  Amarantados, amorecemos. Existe um tipo de ilha que tem mar de amor em volta: chama filha. E queima. Para ela navego perdido, querendo me desencontrar. Sou nau a deriva, nesse há mar vasto e casto. Remo com as mãos, remo com os pés, remo com os dedilhos nos teclados do mundo, em busca da música perfeita. Remo cabelos da menina, encaracolados, enborboletados, Borboleta do Mar. Há espumas que nem sei. De tanto chorar pra dentro, emareei-me. Há mar fora, há mar dentro. Hoje, calmaria, aguardo o meu amigo Vento. Disse-me outros segredos, amigo do Tempo que é:  Três amigos de mãos dadas. O Tempo, o Vento, a Mar. Porque em francês, Mar é palavra feminina, de tanta gestação: peixes, filhos, alimentos, juras, poemas.  Talvez o Vento tenha esposado a Mar. Deles, nasceu o Tempo, que brinca amigo da minha filha, cuidando dela, meu tesouro, pra um dia me entr

Noitinha

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A noite finalmente chegou, sem estrelas. Éramos jovens. Acreditávamos na sorte de quem tem a ingenuidade pela frente. O cursor pulsa possibilidades de palavras tenras. Pulsa procura de palavras densas. Pulsa medo de não haver vernáculo que sustente. Eu tento. E, suspenso, sigo. Há o silêncio ensurdecedor das luzes que piscam atmosfera no breu. Existe encontro possível com os desejos plenos. Na espuma do copo, um pouquinho de solidão. Os antepassados vem à mesa, a procura de abrigo e se deparam com um discurso simples de quem só observa. A não ação zen budista descansa sua cabeça no ombro do ócio criativo, esquenta os pés nas cobertas da preguiça, é convidada para jantar com seu flerte, a aceitação. A resiliência toma a palavra. Não quer ficar fora do protagonismo onírico. Enquanto as estrelas não vem, o zumzum da cidade me fala que ela dorme de olhos bem abertos.

Para Clóvis de Barros Filho, Mário Sérgio Cortella e Jimi Hendrix

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Ontem tive o prazer de ir a mais um evento do Sempre um Papo . Há uma citação logo que abrimos o novo livro de Clóvis de Barros Filho e Mário Sérgio Cortella :  "De tanto ver triunfar as nulidades,  de tanto ver prosperar a desonra,  de tanto ver crescer a injustiça,  de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,  o homem chega a desanimar da virtude,  a rir-se da honra,  a ter vergonha de ser honesto."   Rui Barbosa Estive por 10 meses sem ver telejornais. Essa semana, vi um deles. E, sem surpresa, constatei que nada muda. A cultura da violência tomou conta por completo do dispositivo, a favor da lógica capitalista. Quando, no jornal radiofônico da CBN nos deparamos com um "quadro auditivo" com o nome de BOA NOTÍCIA CBN, ou algo semelhante, é hora de parar pra pensar. Talvez, mais do que "para onde estamos indo?", a pergunta fundamental seja "que caminho escolhemos seguir?". Porque é m

Haikai da espera

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todo abraço é vazio da minha filha