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Mostrando postagens de outubro, 2013

O Caminho in verso

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À noite vem, coaxar de sapos. Um curiango pia no mato, na grota que é só breu e perguntas. O vento venta bailar das folhas das pontas, as estrelas estrelam o estrear dos pontos de luzes, ouço a corrente que arrasta impaciência no cimento do canil. A lenha já é espera, paus secos, folhas mortas, pau ferro, candeia que arderá. Ascendo aos céus, acendo na terra a fogueira que começa, divagar, devagar a vontade de crepitar. Fogueio. Meu pai é vem. Ele já vovô: – Filho, pega o acordeón pra mim. Pego, pai. – Pai, faz a volta ao mundo? Peço. E me sento do outro lado do fogo, na linha de vê-lo à luz laranja e negra do existir poético noturno. Ele tec o couro que prende o fole. Fuuuu. E arrasta a palma da mão no teclado, cabeça baixa, como se carinhasse o instrumento olhando de por sobre. Aos 11 anos, meu pai dava aulas de acordeón. Antes, tocava no piano de mentira, teclas desenhadas sobre a mesa, de quem não tinha dinheiro pra comprar um instrumento. Foi imaginando os sons das no

Time is Money?

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O maior luxo do mundo: Time is money. Paro. Penso. Afinal, tenho tempo de sobra pra isso. Ócio criativo? Tal qual filósofo? Yes, bebê. Mas será que a máxima procede? Time is money? O que é tempo pra você? E luxo? E qual é afinal o seu conceito de valor? Você já parou pra pensar nisso? O meu parece divergir em algum ponto do prisma social. Tenho que responder de bate-pronto. Afinal, o meu espaço aqui é limitado pela falta de tempo de quem só corre o olho, não lê, vamos falar a verdade. Então vamos lá: Vendi minha TR4 pra ficar 3 meses caminhando, dormindo boa parte de favor e comendo basicamente uma refeição completa por dia. O que é luxo? A Pajero ou 3 meses de tempo? Eu faria os 2.500km que fiz a pé, em 88 dias, em 2 dias, se fosse de Pajero. Curiosamente, Pajero, pela origem da palavra, é ou “o mentiroso” ou “o punheteiro” – hispanicamente falando. Pras duas coisas, precisa-se de tempo. Tempo, para mim, não está ligado ao Estar. Mas sim, ao Ser. Esse é o verdadeiro fenômeno. Não o

Antídoto

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Zapeando a mente, dá de cara com um filme antigo. Um filme assim requentado, sessão da tarde, daqueles que tem cachorro e que faz a gente chorar. O nome do cachorro já dizia tudo. Tinha o herói, afeito a provações, tinha a mocinha princesa, dona do cachorro, digo, do dragão alado, tinha a mãe da mocinha, a dona Rainha, tinha o Rei, tinha tudo. Tinha um palácio ecologicamente correto, com um jardim de tirar o fôlego, com chifre de veado, orquídeas raras, gazebo, piscina, digo, lago, tinha tudo. Tinha uma história bonita a ser contada. Tinha uma história bonita a ser cantada. Daí, música se fez, veio a bruxa, veio o tempo e o mato cresceu ao redor. O príncipe, mais parecido com sapo, não se fez de rogado. Voltou ao palácio e tentou de um tudo, menos o beijo. E a bela adormecida não arredou o pé. Mesmo linda, mesmo pintura, mesmo musa, mesmo sonho, não se fez real. Preferiu ficar dormindo a descer da torre. Nem quando a lágrima palavra tocou seu rosto, escorreu em seu peit

Outubro Rosa

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Salve gente. O Outubro rosa tá com tudo. Todo mundo rosáceo pra justificar o tema. As mulheres precisam se conscientizar. E cá pra nós, não só sobre a importância do exame do câncer de mama. Tem muita coisa importante pra ser lembrada. O Papa Nicolau, por exemplo. Importantíssimo. O Papa Francisco, idem. Aquela coisa dos soutiens, the same. Não, eu não falo da importância de queimar, eu falo da importância de se usar. O chão tá frio, minha gente. E não adianta nada não morrer de câncer e morrer gripado. Afinal, a gripe também tá matando. Vocês sabem, nem só de conscientização feminina vive o mundo. Os homens também tem que fazer a sua parte e se conscientizar. Ir lá fazer o exame do toque depois dos quarenta. Importante. PSA, só, parece que não resolve. E tá todo mundo numa conscientização danada. O time do Toque da Raposa também resolveu se conscientizar: e o Outubro rosa começou com tudo, meninas! Mas, chegando o dia 13, você sabe, 13 é galo. Mas nem por isso vamo

A força do bem

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Neste sábado, a força do bem se multiplica. Você vai, come uma feijoada deliciosa do Nutreal, toma cerva gelada à vontade, caipis sensacionais, vê gente bacana - eu ia dizer bonita, mas só posso garantir 5 que conheço - , encontra gente do bem, curte uns shows na medida do sabadão e ainda sai com a certeza que ajudou uma criançada que precisa. Bom, né? Se todo sábado, tudo que a gente gastasse ainda se revertesse em boa ação a vida seria ainda melhor. Vale conhecer o trabalho gentil, cuidadoso e amoroso da turma da Força do Bem. O nome já diz tudo. Procura lá no Facebook e vamos encontrar a galera lá na Feijuca. Faz bem pro coração. Pro seu e pro de muitas crianças. ;)

Dedentropradentro

Na tela, o cursor pisca esperando a escolha da primeira letra, da primeira palavra, da primeira frase. Do tema, do assunto, do tom. Da construção semântica que dê sentido à próxima meia hora da vida. Nada que será lido por muitos, nada que fará sentido à existência outra que não minha, um lamento, um coro, um grito, um chute no balde, uma pista. As palavras silenciam a beleza do nada. Escrevo o que acredito, dou nó na minha expectativa, repenso um, outro, relembro delas. As faço renascer e mato-as em sequência. Lembranças. Guardadas em caixas no sótão da mente, onde tábuas rangem a cada passo. Meu medo é que não aguentem o peso. E que o estalar da madeira termine nas tábuas partidas, e eu venha a cair na luz do vazio que lambe as gretas da passarela onde ando. Onde ando. Nhec. Onde ando. Nhec. ... Odiando, nheeeeeeeec. Crack. O-ou! AH AH AH AH AH ah ah ah ah

O Faustão é o Antonio Tabet de amanhã?

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– O Porta dos Fundos é o Casseta e Planeta antes de virar Zorra Total . - Profetizei feicibuquiando. Daí me perguntaram: – E o TV Pirata? – Era ducaralho , respondi de bate-pronto. Antonio Tabet tem razão numa coisa: hoje a TV não tem liberdade para um TV Pirata. E justificou comentando sobre um quadro em que a Regina Casé ateava fogo em um bebê.  Pausa: Na Época do TV Pirata, ela era A Regina Casé, feia e engraçada, não a Regina Casé feiajeitada do "Esquenta"(Observe a apresentação dela no hotlink do programa que postei ao lado: "a identificação com a periferia (!!!) é a sua marca registrada" - vê-se pelo visual...)  Continuo: Talvez porque à época do TV Pirata atear fogo em índio não parecia ser nem politicamente correto, muito menos possível... Em entrevista ao Roda Viva, dois dos criadores do Porta dos Fundos, Tabet e Ian comentam do sucesso do Porta, dizem que estão bem, obrigado, e que ainda assim não dispensam de sentar e conv

Tempero pro fim de ano

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As festas de fim de ano estão na área. Se derrubar é penalty. Já está tudo o olho da cara. Das viagens, das passagens aéreas às estadias, tudo um horror. Os brasileiros descobriram o valor que damos às festas de fim de ano e o turismo abusa. Abusa muito. O valor triplica no final de ano e há jacu que pague. O Brasil vai mal, obrigado. Aliás, não é obrigado, é só se a gente deixar. Mas a gente deixa. É mais caro ir visitar minha filha em Recife do que ir pra Miami. É mais caro ir pra Manaus do que pra Lisboa. Mais caro ir pro nordeste do que pro Caribe. E assim o Brasil quer que o Turismo gere riqueza. Fui 7 vezes a Europa e não conheço Pipa. Fato é que damos muito valor para o reveillon, por exemplo, e não há essa comoção toda mundial pela passagem do ano. Já passei reveillon em Paris, na Torre Eiffel. Nem de longe emociona como Copacabana. Pra mim, uma verdade inquestionável: as companhias fazem a alegria (não as aéreas). Independentemente de estar em Mateus Leme, Goiânia, Barcelon