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Mostrando postagens de julho, 2013

A cor do perdão

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A doidinha da minha filha adora capacete. Agora, arrumou um rosa. Com uns bichinhos desenhados, uma viseira enorme, uma coisa. E fica ela ali, a olhar as coisas de capacete. Talvez esteja certa. A gente precisa mesmo de um capacete no mundo de hoje. Pra ser homem-bala, pra aguentar as pauladas, pra bater nos postes que nem sempre pareciam estar ali, no caminho. Quem tem um capacete? Eu tenho 3. E nem assim eles evitaram que eu me pusesse em rota de colisão total. A gente bate no muro, a gente bate na cerca, a gente toma paulada de tudo quanto é lado. Fora as pauladas que a gente mesmo dá. O capacete é uma forma de perdão. Perdão adiantado, quando a gente sabe que ainda vai bater a cabeça. Perdão presumido, quando a gente pensa... "é, é capaz de eu ainda bater a cabeça". Perdão confesso: "eu já bati a cabeça e pelo visto ainda vou bater mais... deixa esse capacete aí, onde está". No caso da minha filha seu perdão tem gatinho e cachorrinho. Eu sei o por

Nós não temos limites

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" Sr. Anderson, posso fazer uma pergunta? " " Pode ", disse o professor de literatura. " Porque as pessoas bacanas escolhem as pessoas erradas pra sair? ", perguntou Charlie. " Estamos falando de um alguém específico? " Charlie fez que sim com a cabeça. " Aceitamos o amor que achamos que merecemos. " - pontuou o professor. " Podemos fazer com que saibam que merecem mais? ", continuou Charlie. " Podemos tentar. " - disse Sr. Anderson. (sorriso) Leia de novo a resposta do professor, inspire e expire uma vez, antes de prosseguir: "Aceitamos o amor que achamos que merecemos." Imagino que o livro aclamado pela crítica seja bacana. Não imaginei que o filme pudesse ser. Mas tem dois momentos muito específicos que me tomaram por inteiro. Um, esse. O outro, vejam vocês mesmos (e quem me conhece vai saber na hora), se tiverem vontade de assistir a uma sessão da tarde. Claro, porque o filme não p

Ficar, pensar, dizer.

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Fico pensando que não há o que dizer. Fico falando que não há o que pensar. Penso dizendo que não há porquê ficar. E escrevo. E decido solamente andar. Sem lamentar. Porque é chato. Principalmente porque é chato. Hoje não sei mais sofrer. Hoje nada me dói. As pessoas podem entender que rir é melhor que chorar. Que amar é melhor que brigar. Que no fundo no fundo, todo mundo só quer um abraço. E um carinho. E um sorriso. E uma gargalhada de tarde, antes do sol se pôr, ouvindo uma coisa engraçada e simples, e depois do sorriso só dar aquela suspiradinha gostosa e rir com os olhos pro outro que está na nossa frente. O outro pode estar fora e estar dentro, um dia a gente descobre que isso não importa. Não importa nada, de fato. Cabe um encontro com a solidão verdadeira, com o muro de nós mesmos pra que conheçamos a vastidão de sua altura, a concretude de sua largura, a força de sua imponência. E vale soprar o muro. De levinho, devagarinho, com o Vento da palavra amor que decidi

Abra-se

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O sentimento do mundo cabe num abraço. Abraço apertado, abraço profundo, abraço de fé, de amor, abraço, laço do peito. O abraço abre o aço. Abraço, quando nossas gaiolas do peito se trançam. Somos passarinho a nadar juntos no mesmo baldinho. Ato de entrega, selo da amizade verdadeira, no abraço se deita no colo de Deus. Volto à infância. Sopro divino, no abraço se alinham dois corações. No abraço se aninham almas que se pretendem irmãs. Ímãs Hiato do conceito, quebra da dor, Abraço é coisa que faz o Tempo parar. Há mar, e cabe num abraço. O abraço compreende todo O universo. Poesia dos corpos, o abraço é a moldura do encontro. Nada a dizer, tudo a querer, o abraço é a verdade tangenciável do ser. Abra-se. Abrace. Agora. E experimente o ato sublime da criação conjunta. Há braço. E forte, apoio da sutil existência humana. Para o Peregrino e Cavaleiro Ramiro Maia que, descalço,  vestindo uma camisa com um peixe estampado,  atravessou o ocean

Nosso rumo

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Ele, menino, intuiu que era esse o Caminho a seguir. Descobriu que a amava quando ela se encontrava deitada, enferma, aninhada em suas mãos, passarinha de penugem clara e bico forte, selvagem por natureza. Percebeu que o peito da gente é só é uma gaiola. Soube que se deixasse ela voar, mantendo sua gaiolinha aberta, quem sabe, ela teria vontade de voltar pra fazer ninho? Os peixes são mais peixes quando n'água nadam. Ele, nada. E descobre em seu Caminho, muito caminho a andar. Ela voa. Ele, não. Ele caminha. Mas seus pensamentos podem voar. Seus pensamentos e seu coração.

A Rainha e o Cavaleiro.

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Cavaleiro Templário contemporâneo ainda ajoelha diante de sua Queen. Uma de dois anos de idade. Ela, filha, o abençoa em sua jornada. Odisséia pessoal universal única, se é que isso é possível, sai seu fiel cavaleiro andante pelas linhas tortas de seu destino, rumo ao nada. A ideia primeira, era andar de Belo Horizonte a Recife, ou seja, a distância de 2.222km entre sua casa e a casa onde mora sua filha, pra mostrar que "Pai é só uma seta amarela". Pai é exemplo, e só. Nesse caso, o exemplo de paz. Em busca das virtudes perdidas do Bem, do Bom e do Belo, alvos tangenciados tantas vezes e dificilmente alcançados. Não foi fácil, posso dizer. Fui eu. Foram 88 dias de caminhada, 14kg que se foram pra sempre, deixados, escorridos por cada uma das gotas de suor. Bagagem extra desnecessária na vida da gente. Acho que vou lançar um Best Seller: "Emagreça 14kg em 88 dias". O mais difícil é só a caminhada do Vaticano a Santiago de Compostela. Os detalhes são fáceis.

pé de silêncio

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Silêncio é escola  onde se aprende a ouvir. Silêncio é mola onde se joga a fala. Silêncio é oco oca da ideia da gente. Silêncio é árvore folhas, páginas em branco. Pé do silêncio, a inspiração. Seu passo, sopro. Se eu passo, silencio. Pé de silêncio, meu livro em branco. Quando fala falo,  o estupro da orelha,  calo.

Será fim?

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Do alto, lá, de dentro, pude observar. Onde não encontro, onde não procuro, onde nenhum lugar. Quando em oração, o silêncio de quem anda. A areia que o Vento sopra escolhe minha ampulheta. No cantinho das unhas dos meus pés, na costura dos panos, todos, ela quer pousar. Dormir seu sono do Tempo, seu sonho Castelo de Areia, vontade de completar algum vazio destino. Quem sabe o nome do cavalo de São Jorge? Eu sei. Serafim veio, encontrou caído, Homem que chora na Capadócia . Chorava rios destinos, estrada rasgada aos calcanhares, fissuras no asfalto da vida. Sua bile era piche a tentar remendar desatinos. O negro da noite cobriu seus olhos todos. Véu que mata, asfixia. Serafim tem dedos delicados. Pontudos. Pontua. Seis asas, seis contos, seis casos. Santa Clara naneou por um instante e ajudou Serafim a limpar seus olhos. Todos. Soprou em sua boca o Espírito Santo esquecido num canto. Onde vassoura alguma consegue varrer. Assim, segurou ombros. Levantou queixo. Ouviu queix