Ciao, Itália.

Passei dos 800km, Beatriz.
Estou na divisa da Itália com a França, um terço, praticamente, pra não dizer a cada dia.
Há dores de toda sorte. Há dores de todo azar. Já aprendi a pensar no dia, não na semana, não no mês, não na distância, não no tempo que a gente não senta no colo um do outro.
Hoje, fiquei vendo um pai balançando sua filha no parquinho. Na minha fantasia, ele se chamava Marco. Na minha fantasia, ela se chamava Júlia. Marco de pai, posto, bandeira fincada que flamula a paz de um território conhecido. Júlia de julho, de meu ano novo, de dia primeiro que renova a vida pra mim todo ano.
Hoje, andei 39km. Ontem, 34km. Antes de ontem, 52km.
Como diz uma das pessoas mágicas que torcem por mim, citando um compositor de quem não me lembro o nome, "de tanto não parar, acabei chegando"...
Sou assim. Não paro de saber que independente de qualquer coisa, dos ânimos, da bondade ou da maldade, há mar.
Vasto. Ôndico. Molhágico.
E meus pés, que dóem, nem são os meus pra você. Os meus, pra você, são os de pai. Já vem com bota. Afinal, pai, de verdade, usa capa.
E o pai que está aqui é este. Sem tirar nem pôr.
Vôo, filha. E vento.




Comentários

Unknown disse…
Walk Bê, walk!
Ana disse…
Lindo!
Força! Coragem! Segue com Deus, há mar!

Postagens mais visitadas deste blog

Para Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque

Indico "A alma imoral" e "Ter ou não ter, eis a questão!"

Rascunho