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Mostrando postagens de maio, 2013

Refazenda

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Sou grato por ter recebido durante esses dois meses, praticamente, o apoio de tantas pessoas. Uns mais evidentes, outros mais sutis, todos carinhosos para mim na mesma medida. Escrevo porque já não tenho crédito no meu IPad para postar ou receber nada, e me programei que no Caminho, de Saint Jean Pied Port a Santiago de Compostela, eu só iria conversar com os Peregrinos. Agora, é um momento mais ainda meu e da minha filha, que caminha comigo. Combinei com meus pais que iria dar notícias nesses dois terços. Onde nunca tinha ido, nunca tinha estado, não sabia das dificuldades ou desafios a encontrar. Sobretudo para a tranqüilidade de quem fica, e que não sabe como efetivamente estão as coisas pra quem foi. E, claro, recebi muito muito muito apoio dos dois. A partir de amanhã, se eu conseguir fazer os 38km que me separam Mauléon Licharre de Saint Jean Pied Port, vou fazer o meu voto de silêncio também externo, porque o interno tenho feito ao longo das 6 a 8 horas em média que tenho

Mais, bem mais da metade

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1.392km pelas contas do Google. Saí de Belo Horizonte, rumo a Recife e estou em Santo Amaro, na Bahia. Sim, à pé. A Salomon está de parabéns. O vendedor da bota francesa, marca líder no mercado de tracking mundial, me disse que dificilmente uma bota conseguiria agüentar 1.000km. Que fatalmente eu iria ter que comprar outra antes da metade do Caminho. E, estupefato, vejo que estou quase com dois terços da rota completos. E a bichinha tá afinando mas tá firme. Igual a mim, que há uma semana e meia, aproximadamente, já tinha perdido 9kg. Veremos quem perde tudo primeiro, a bota ou eu. Posso aqui travar discursos inteiros sobre dores, receios, dificuldades, anseios, dúvidas, mapas, planos, decepções, conquistas, superações, assombros, encontros, desencontros, fé, paixão, saudade, amor, amar, choro, pranto, soluços, busca, desejo, compaixão... Mas prefiro deixar ao sabor do vento. Pelo menos, por enquanto. Cabe a ele e ao sonho dizer como ando, da fé, do amor, da superação, da luta di

Cesinha

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Podia ser Cesão, pelo tamanho. Mas e o carinho, onde é que fica? Tem tanto carinho envolvido, que tem gente que lhe chama de Cé. Não basta só o Cesinha. Ou Mô, que, pro mais desatento, pode parecer diminutivo de Amor, mas pra quem lhe conhece, sabe que Mô = Amor + Carinho + Ternura + o Ser Muito Humano que você é. Não dá pra falar de você, Peregrino, sem pensar no quanto já vivemos juntos. Filho de José, você é o verdadeiro marceneiro. E serralheiro! Como não pensar nas tantas vezes que brincamos juntos, em tantos quintais pelo mundão afora, de Belo Horizonte, Teófilo Otoni, Brasília, Alcobaça... A vida nos parecia O quintal. E travamos juntos muitas batalhas de menino. Capa e espada, carrinho de rolimã, Clubinho, bicicleta, futebol, polícia e ladrão, desenho, cavalo. Voltávamos juntos do Barão do Rio Branco, a Escola Estadual que estudamos por um bom tempo. Aprendemos juntos a ficar amigo do mais forte pra não apanhar na escola. Éramos esmirrados. Pequeninos. Crescemos depois dos 1

Chão, onde se caminha.

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Querida Nisia. Que bom que me acompanha. Você me pergunta sobre meus passos. Onde estou, aonde vou. Eu não sei. Só estou caminhando. Como diz o outro Cavaleiro Templário, Ramiro Maia, sabiamente, "levanta e anda". Ele pegou a minha mão no Caminho de Santiago em 2009, quando fizemos juntos o Caminho Francês de Roncesvalles a Santiago. Somos dois. Mas pode ser que ainda existam outros. Meu caminho é de paz. É o Caminho de Francisco. E de São Bernardo, seu amigo que foi com ele até Santiago (sabia?). Não sei se você sabe, não tenho podido ter o contato saudável de um pai com a minha filha. É que quiseram levar a guarda dela para a justiça. Eu lhe pergunto, Nisia: que pai pode ver sua filha até dois anos de idade por apenas duas horas, a cada quinze dias, desde que dentro da casa do avô materno? Bom, eu não posso. E quero crer que todo o senso comum, sensato, julgue que não. Eis o começo do imbróglio: julgamento. Enquanto caminho, penso no advogado "que defendeu" a

Ciao, Itália.

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Passei dos 800km, Beatriz. Estou na divisa da Itália com a França, um terço, praticamente, pra não dizer a cada dia. Há dores de toda sorte. Há dores de todo azar. Já aprendi a pensar no dia, não na semana, não no mês, não na distância, não no tempo que a gente não senta no colo um do outro. Hoje, fiquei vendo um pai balançando sua filha no parquinho. Na minha fantasia, ele se chamava Marco. Na minha fantasia, ela se chamava Júlia. Marco de pai, posto, bandeira fincada que flamula a paz de um território conhecido. Júlia de julho, de meu ano novo, de dia primeiro que renova a vida pra mim todo ano. Hoje, andei 39km. Ontem, 34km. Antes de ontem, 52km. Como diz uma das pessoas mágicas que torcem por mim, citando um compositor de quem não me lembro o nome, "de tanto não parar, acabei chegando"... Sou assim. Não paro de saber que independente de qualquer coisa, dos ânimos, da bondade ou da maldade, há mar. Vasto. Ôndico. Molhágico. E meus pés, que dóem, nem são os meus pra