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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Eu também, Clarice Falcão. Eu também.

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Só preciso dizer que o amor supera quase tudo: a saudade, a descrença, a dúvida, o erro, o medo. Que coragem tem esse nome porque os do Cor agem. A independer das críticas, do clima, da bomba de Hiroshima, do tempo. Que existe suicídio amoroso. E o pior deles, Falcão, é o suicida que vive pra contar. Mesmo que seja a sua patética ou perversa versão. Zé Miguel é quem tem razão.

Pequeno Prazer

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Deixa chuva chegar. Molhar sua expectativa. Deixa chuva chover. Banhar seu medo torrão. Deixa chuva chamar. Que vou ter com ela, animado, húmido encanto. Deixa chuva chiar. Cosquinha soprada sobre os umbigos. Deixa chuva, deixa. Chá, chalé, xeque, choro. Chama: paixão pra que seque. Poça, reflexo, desejo, flerte. Que possa. Haja toalha pra secar o mundo líquido de quem ama.

a barca, o tempo e o Vento

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Filha, hoje é dia 25 de fevereiro de 2013. Dia em que completa 2 anos. Ouvi sua voz através do aparelho móvel. Não lhe vi ainda. Espero que sua mãe mande fotos do seu dia de hoje. Aqui no sítio, onde decidi passar o seu aniversário, na companhia da sua avó e seu avô paternos, tudo me lembra você. Sua tia avó, Yara, também está aqui. Ela está com 88 anos e, do alto da sua sabedoria, fez a oração que pedi antes do almoço, em sua intenção. Ela disse palavras lindas e completou pedindo que ela tivesse saúde para vivenciar de pertinho as tantas alegrias que ainda vamos juntos compartilhar. Na hora do parabéns que sua mãe vai cantar pra você ao lado dos seus coleguinhas de escola, o papai vai acender as suas duas velinhas. Vamos cantar juntos. E comer o bolo de chocolate que ainda vai ser um dos seus preferidos, que pedi pra vovó fazer. Já lhe mandamos uma caixa cheia de presentes para este seu aniversário. Mas o mais importante, pra mim, ainda não foi enviado. Como fiquei mal dura

Para Tatá Werneck e Beatriz

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Acordei às 2:30h morrendo. Em uma fração de segundo, veio à consciência que eu estava afogando. Em um pulo, estava na pia do banheiro, acendendo a luz, implorando pelo ar que não chegava. Eu estava sufocando. Havia vomitado a noite, antes de dormir. Sem crase mesmo. Não consegui comer nada. O remédio que misturei na água para me hidratar, quase não tomei. Pus pra fora o gatorade, o açaí, a esperança, tudo. Há quem diga que foi aflição, depressão, tristeza, mania, grito. Há quem diga que foi só mais um pesadelo, acompanhado da dor de barriga, dor no corpo, vômito, susto, saudade, medo. Depois de alguns minutos, consegui respirar calmamente, sem que o desespero ritmasse a cadência do meu existir. Era eu no espelho. Suado, molhado, pelado, olhos vermelhos. Olhos fundos, ninguém ao lado. Fui dormir rezando. Implorei a Deus que me ajudasse, que abrisse os caminhos, que não me deixasse à deriva, que me levasse pra ela. Quase que o lençol me mata. Se eu não tivesse conseguido me l

Sapatinho de Cristal

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Alheia à cortina da vida, o esconde-esconde da alegria, de dia, ela insiste em sonhar. Sonha a música preferida da avó, que acorda três, quatro vezes à noite, pro sol, em formato de menina, ninar seu sonho infantil. Onde não há maldade, idade, distância, mentira. Onde há só um pezinho no chão frio, em busca do colo quente que vem, e pode vir, ninar, no tempo da gente, a alegria explosiva da palavra dita exclamada: "achou". Meu colo é o mais lindo sapatinho de cristal inventado por Deus.

Ponto Cruz

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Nada de novo sob o céu. Tem gente que ama, tem gente que deixa de ser amado. Tem gente só, tem gente amargurado. Tem gente bem, tem gente mal, gente com dor de dente, gente com dentadura. Tem gente que não se mistura. Tem gente boa, gente má, tem gente que não sabe do canto do sabiá. Tem gente séria, gente que ri, gente que sabe, gente que não tá nem aí. Gente que não quer que a gente encontre o amor da gente, gente que não sabe que amor que a gente sente. Gente em terra, gente no ar, ainda quem saiba que, mesmo assim, há mar. Tem gente a doer por aí. Tem gente que saiu essa semana do facebook, gente que está simplesmente de saco cheio. Gente que quer viver, gente que quer morrer, gente que queria ser considerado gente, tem gente, tem agente e tem a gente. Gente bela, gente feia, gente gostosa, gente alheia. Tem gente que a gente nem sabe que tem. E gente que sabe que tem, que nem parece gente. Tem gente. Por isso, sempre bato na porta. Tem gente calma, gente veloz, gente que

Resma

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Não há exatamente o que dizer. Acostumo-me à não palavra. Mudo. Silencio-me. Atenho-me à não análise verbal, meu silêncio existencial, minha sentença única de ser. Descer, eis uma ideia plena. Encontrar a terra, a areia, o sal, quem semeia. Sentar. Assentar. Decantar-me. Quando tiver decantado todo, decantado tudo, encantado, nudo, nada serei. Se não, a porção dEUs de existir. In-si-sto. Insisto porque sei. Lá dentro, na alma ignorante e sem cultura, sem análise, sem barulho e sem mistura, que Deus. Deus verbo, Deus substantivo, Deus infinitivo amante, Deus. Deus. Docês. Dnossos. Quaresmo-me para, ao final, me lembrar: as pessoas encontram o que procuram. Fardo poético: A resma de papel é levada pelo Vento. O demo do redemoinho se irrita: descobre, na dança, que não sabe ler.

O lado bom de ser livre

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Não sei, saí deprimido do cinema. O Lado Bom da Vida é muito bom (eu digo, o filme), muito divertido, uma comédia que mistura um drama no meio, e não é totalmente comprometida pelos exageros que a gente vê normalmente nos pastelões americanos. Os atores estão muito bem, principalmente a gatinha do filme, Jennifer Lawrence e a bola da vez, Bradley Cooper. Nas partes que o roteiro não estraga o papel dos coadjuvantes, eles também batem um bolão, na verdade. Ainda estou querendo entender o filme. Claro, não tem nada para ser entendido. Eu é que fico querendo entender o que nem sei se é pra ser entendido. O fato é que ainda não sei se o drama é só escada da comédia, ou se ele tem um fundo de reflexão, sabe? Existem muitas e muitas pessoas que sofrem com a dificuldade abordada no filme. Uns velados, uns abertamente, outros nem sabem que têm essa dificuldade. Eu não sei (exatamente) até que ponto foi retratado com a máxima fidelidade esse transtorno - que hoje é comum -, mas no qu

Ombro a ombro

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Daí, vira a japonesa e fala pra mim: ... – será que esses caras não sacam que o verso mais bonito de Soneto de Fidelidade é o primeiro, e não o último? Fico mudo. Não porque não tinha pensado nisso. Porque sempre achei isso. E ela sabe. Faço uma cara de "mas é óbvio ululante" e seguimos. Conversamos muito. Um dia no ombro de um, um dia no ombro de outro, as palavras escorrem até formar poças no chão. Já são rios de discursos, mares de silêncios. Eu já fui casado uma vez. Noivo outra (do noivado, só eu sabia). Tenho uma filha que não mora comigo. Que mora a 2.200km de distância, dentro de mim, no coração de um pai que é espera. As pessoas só querem ser felizes, que mal há nisso? Caminhamos por uma estrada que parece não ter sido escolhida. Mas há sempre um jeito de atravessá-la, de voltar, de tomar outro rumo, de sentar e esperar. De desistir de caminhar. Ou de andar mais depressa, pra ver quem está na próxima encruzilhada. Veja você, onde é que o barco foi de