O quintal do meu amor




O passarinho do bem foi ciscar no meu quintal.
Bico ocre, saia azul, redondilha maior, esperança.
Na beira d'água ele dança.
O passarinho do amor foi ciscar no meu quintal.
Bico cor de sangue, redondilha menor, minha, a infância.
O amor não espera crescer.
O passarinho do medo foi brincar no meu quintal.
Bico branco, olhos vermelhos, sem verso, silêncio.
O mudo oco do mundo que inunda.
O amor não tem mapa quando se perde.
Como arde.
O passarinho da dor foi brincar no meu quintal.
Sem bico, sem pena, ai de mim que fiquei nu.
Dei minhas vestes, receei que passasse frio.
Vasto horizonte, um só navio.
O passarinho da vida foi cantar no meu quintal.
Bico de pau, marionete, danço, ânimo, luz da tarde.
A noite vai trazer o outono.
Com as folhas que caem faço meu colchão de sonhos.







Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Indico "A alma imoral" e "Ter ou não ter, eis a questão!"

Para Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque

Rascunho