Amar dura




Couraça de sal, temperado na estrada. Que rio atravessa, boiando nas águas, atrás de menino que foi, sem destino, e nunca mais voltou. Dourado de sol, escamando, a pele. Apele, lhe chame, lhe chama. Fogo que tem que não tem jeito não. Queima. Quer, acima de tudo. Ousa. Ouve os pés que lhe chamam. Crepitam. Ilha em terra firme, ilha em terra seca, há mais, um farol que não se apaga nunca. Há. Pega. A luz vem em ciclos, ele em ondas. Seu menino é mágico, voa, venta, ama, atrás do que nem sei. Nem sabe. Ou deveria saber. Não remói, não destrói, não rasga o restinho que há, mar a dentro. Mar há dentro. Muito. Transborda em praia, onde escrevemos sonhos impossíveis, onde esquecemos ondas impassíveis, que vieram, sem nos respeitar. O mar tem disso. Quando há mar, de verdade, há ondas. Há espuma. Não sobra nada. Nem barco, nem canga, nem canto, nem gato. Nem agruras. 
Se há mar, leva. Se há mar, cura.





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