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Mostrando postagens de agosto, 2012

Wagner Moura, Claudio Manoel e os bonobos

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Na página 48 da Revista Alfa desse mês, que tem Wagner Moura na capa, uma matéria de Claudio Manoel me chama a atenção ontem, quando li. "Everybody macacada" foi o título escolhido. Ilustrando o artigo, uma foto (melhor do que essa que achei na internet) dos macacos bonobos que, quando correm perigo, sua estratégia de defesa é: ficarem abraçados. Segundo Claudio Manoel, "só dá pra ser bondoso na paz e na fartura. No resto do tempo, bom é ter testosterona e saber lutar." Eis o que defende o colunista, nas poucas palavras a que tem direito no seu espaço de uma página. Entendo o que quer dizer, ou melhor, entendo o porquê de ter dito isso. Mas optei por pensar diferente. E fazer disso bandeira. E de ontem pra hoje, sonhei com minha filha. No sonho, ela ria pra mim, me abraçava, brincávamos juntos, conversávamos. Ela, com um ano e seis meses. Ao final do sonho, minha filha me trazia uma banana... Acordei feliz. Quero crer que Mahatma Gandhi não concord

Haikai da vontade de correr

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A lua. Ah, lua. Não faz isso comigo.

Vai uma Dica

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Acho que muito pai, muito filho e muita mãe deveria conhecer os belos textos desse poeta sonhador que, sábio, é sabiá. http://vanderleitimoteo.wordpress.com/2012/08/26/esquinas-e-janelas/

Paula Toller. 50 anos que valem por 1 ano e 6 meses.*

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(gravação, hoje, na Escola Estadual EMEI Maria Augusta,  quando me sentei com as crianças da idade da minha filha) No Twitter do Estadão, se não me engano, li, há 2 dias: A cantora Paula Toller, acredite, faz 50 anos hoje. É assim. Tem coisa que é ruim mas é bom. A Paula Toller ter feito 50 anos pra ela pode ser ruim, mas com um corpinho de 30, pra ela pode ser bom. Pra mim é, certamente. Acho gata. Gata e gostosa, com todo respeito. Kid Abelha: é ruim mas é bom. Nos anos oitenta então, foi um barato! Bom demais. E as músicas? Tudo ruim. Mas tudo bom. Delícia! Paula cantava mal com força. Desafinava com mais força ainda. Tudo bem, Paula, já vi o Milton Nascimento desafinando no Faustão que fiquei com vergonha alheia... Tom Jobim já foi vaiado cantando e tocando Sabiá (não vou entrar no mérito do motivo, que foi, foi). Hoje, Paula Toller, " acredite" , canta bem (pra aproveitar esse aposto ousado e bem colocado do Estadão). Além de ser uma simpatia - pelo menos

excolha

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A música não desiste de nós. Quando pausas afônicas contratempos, contra templos. A prendo. E escorre pelos dedos. Todas as letras. Mudifico-me. Emudeço-me. Mudo e fico. Mudo fico. O espelho não mente, omite. Fatia os sonhos da gente em silêncios. Reflexiona, une verso, represa em teia. É muita água, minha gente. É muito laço de gente. Muita corda acordada. Muita lã novelada. Milhares de gotículas uni das presas pela tramelas das tramas. É como a trema. Delicada, confunde. Ninguém sabe ao certo o que é aquilo ou pra quê serve. Eu sirvo. Trema. Com medo. Abra a janela no alto do prédio ou da letra u. E feche os olhos. Quando tremer e sentir sua mão suando, saiba que sei. Que sirvo. E estou pronto, vocacionado, chamado, em chamas. Nas flamas, o presente do indicativo pergunta a tu. Tua resposta é confusa. Porque sabes que é sim, queria que fosse não, e sofres. Sofres nos cofres da alma, tu sentencias. Est ás coberta com o manto do silêncio. Mas querias que este v

A palavra SUICIDA não termina em volta

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lambo o limbo  lumen lânguido persigo e a corda no pescoço do suicida coça um pouquinho, às vezes

Sofreu

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Filha, que saLdade ! Que vontade de lhe ver, pegar você em meus braços, sentir o seu cheiro, brincar com seu cabelo de mola, rir sem medida das suas caretas e seu jeito de olhar o mundo. Como a saudade é de sal, minha filha... Viver tem sido caminhar na praia: ao lado, há mar. Imenso, vasto, profundo, infinito. Sob os pés, areia quente. Por todos os lados, o sol que esquenta, mas castiga. Sem sombra, sou só Tuareg que, só, quer defender seu código de honra, mesmo que o mundo não se saiba, mesmo que mais não saiba um mundo sobre o que é ser-ter-estar, um só código de honra. Leia Nilton Bonder, minha filha. Há vento, Beatriz. Mesmo que a gente não veja, ele balança as folhas do coqueiro. Sentimos sua presença. O vento fustiga as ondas do amor. Se há mar e há vento, há ondas. E o mistério inexpugnável  da presença da lua. Assim sou eu, assim sou seu pai, assim é o nosso amor. Inquebrantável presença pulsante. Indomável. No espelho, no jeito de suspirar, no jeito de olhar, na fuga d

Meu coração é uma caixinha de música

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Caixinha de música. Música tema da infância perdida. A bailarina quebrada, saia rasgada, guardava o sono da menina. Em um minuto se entregava. Em um minuto dormia. Eu ouvia a música que tocava vindo de dentro do escuro daquele quarto. A casa finalmente silenciava. Elástico, pegador, boneca. Casinha e aulinha. O universo infantil conjugado criança, na mistura da dança dos meninos que pulsam. Pulsão. A música do dar corda na caixinha de música me acorda. Meu coração é uma caixinha de música que acabou de tocar. É preciso ser acordado com a música do dar corda na caixinha de música. O coração pede, o coração re-clama. O coração re-clama calado, esperando a música do dar corda na caixinha de música. Na minha caixinha toca uma música de cada vez. Foram algumas. Se foram algumas. Enquanto fico na expectativa de que a corda seja dada, sonho ouvir só uma música, pra sempre, música tema do adulto perdido, bailarino quebrado, saio rasgado, mas guardo o sono da menina que der corda

O dia dos pais com minha filha

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Ei, filha! Que dia lindo que passamos juntos... Começamos cedo, corremos 17km. Como você corre, filha. Ao meu lado, sobre mim, sobre tudo, sobre todas as coisas do mundo. Você corre como o vento, sopra no meu peito, sobra sentimento. Derrama, amor. Corremos no Parque do Sabiá. Na volta, nosso café, amor em suco, querer quentinho, fruta boa. Que delícia tomar café com você olhando nos meus olhos, filha.  Sabe, recebi da sua vovó Lili, do seu Vô Toi e da sua Tia Biba, o meu presente de dia dos pais, que eles fizeram em seu nome. Um álbum lindo! Um afago na saudade, um carinho no suspiro da gente, filha. Tantas, mas tantas fotos, todas nossas, nos curtindo! Sabe, filha, fui hoje no clube, tive uma folga que nem esperava. Ninguém entendeu quando comecei a empurrar um balanço no parquinho. Só você. Você ria tanto, minha filha, que nem lhe conto. E a gente se abraçou tanto, foi tanto amor, que transbordou pra sempre. Mesmo não estando um ao lad

Gilberto Gil, 70 anos.

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Tenho muito a escrever para Gilberto Gil. Mas não vou, não posso. Gil encantou minha vida inteira. Ele merece o mesmo, e não posso lhe prometer isso por meio das palavras. Aos 3 anos de idade, eu cantava " Refazenda " (que chamava de " Abacateiro ") inteirinha. Sempre sonhei em ouvir minha filha cantando a mesma música. Nas férias, o disco novo do Gil era ouvido na fita K7 colocada no carro, quando a família viajava pra Bahia, ao longo dos anos. De Panorama, de Opala, de Monza. Amores embalados por Gil, tristezas abrandadas por Gil. Aprendi que a depressão até encosta, mas não faz morada quando ouvimos sua música talismã no último volume, preferencialmente a gravação do CD Quanta Gente Veio Ver , de 1998 - emendada com a introdução do CD." A gente escolhe uma música pra ser um talismã. No meu caso, escolhi Palco. " - diz Gilberto Gil, em entrevista a Globo News. Acho que os médicos deveriam prescrever esse CD aos que sofrem de amor. Sim, porque

O Sincericídio do poema prósico

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Poema Prósico. Nunca ouvi esse termo. Achei, imodestamente, que iria propô-lo, mas googlei e já haviam cunhado essa óbvia relação, ilação, enfim. Não sei, na verdade, se o termo existe na academia, vou perguntar a minha mestre para assuntos linguísticos, a maravilhosa Luciana Wrege Rassier. Mas não importa, é só curiosidade. Porque bem mais que prosa poética, com toda licença que tem, o que Pablo Nobel faz é um poema prósico bacanérrimo em Sincericídio (Sincericídio / Pablo Nobel. São Paulo: Ofício das Palavras Editora, 2012) . Pablo, " Como alguém ousa não gostar de mim? "  Fico imaginando como nosso lado narcísico tantas vezes se pergunta isso. E é um barato que sincericidiamente se pergunte, sem medo da morte, do julgamento, do fim de algo que não sabemos bem o que é...  Pablo escreve como a carne mal passada argentina. Sua poesia é Ojo de Bife com Chimichurri, sangue suculento escorrendo no prato. Salivo. Pablo, chorei com " Febre ", g

Haikai fluido

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A vida é água, o tempo é sonho. Meu sonho molhado não seca.

DOR MIO

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Sonhou o que não esperava. Sentada ali, na ponta da cama, nua, mexia em um dos pés, com a perna encolhida em cima da cama. Ficava particularmente linda ali, na ponta da cama, nua, mexendo em um dos pés, o da perna encolhida em cima da cama. Talvez passasse um creme de amêndoas, talvez só mexesse curiosa em um dos pés, o da perna que se encolhia em cima da cama. Que bela coxa, que bela perna. Os nós dos dedos só eram marcas do dia, reafirmações da feminilidade enfatizada com o salto. Saltou. Pra cima dela, se jogou primeiro com os olhos. Viu a boca, lábios entreabertos, o sangue vívido que lhe pintava contrastes. Signo, fálico, bélico, dúctil, táctil. Contralto contraste, canta a firmeza de suplantar seu delicado corpo. Mas o usa: uzi. Metralhado, morto, ferido, sengrando, decide-se solto e salta. Sobre ela, sobre si, sobre as crenças todas, dança sendo sempre seu. E intui... Eros poderá lhe salvar? Enquanto sonha desejos reprimidos, se suicida só, um pouquinho, só um pouquin