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Mostrando postagens de março, 2012

Quadros

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Fiz molduras para várias fotos. Fiz molduras para quadros. Gastei um monte de dinheiro pra fazer as molduras.  Misturas. Quadros que penduro na parede da mente. São fotos, quadros, momentos, lembranças. São ritos da passagem, das marcas emolduradas do ser. Eu tinha pessoas penduradas na geladeira. Mas fui obrigado a jogá-las no rio do esquecimento.  Foram-se fotos, bilhetes, anotações, lembranças. Foram-se as danças. Talvez eu não chegue mais a dançar novamente. Talvez eu só dance na moldura do esquecimento. O rancor é o cimento da lembrança. O meu desejo é que dança. Antes da primeira foto, antes do primeiro passo, antes de qualquer coisa, a escolha da moldura. Onde vamos emoldurar nossos corações? Em qual moldura vou colocar o meu último amor? Em qual moldura se coloca uma dor? Às vezes penso que as pessoas passam mais tempo escolhendo as molduras que  fazendo suas fotos, que pintando seus quadros, que vivendo algo a ser marcado pelo tempo do olhar. Quero

O Quartinho de Criança

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Amor de pai, falta marcar na parede que você já está com 80 cm, com um ano e um mês. Falta ficar em pé na marquinha pra me ajudar a marcar, que você já sabe como ficar em pé. Seus pés paralelos equilibram seu corpinho, seus bracinhos paralelos equilibram as coisas todas, sua risada equilibra seu pai. Ri que eu não caio, minha filha. Falta pegar os dadinhos e ver os números, ver os personagens da parede, pintados nele, falta esparramar os lápis da canequinha do Pernalonga no chão pro papai catar. Falta você sentir o peso do seu cofrinho de porquinho, que papai ainda não levou na Caixa pra abrir sua poupança de moedas. Nesse um ano, coloquei religiosamente todas as moedas de troco lá dentro e ele está gordinho como você, filha. Falta ver como a bonequinha da Tia Brenda Ligia dança alegre e venta sua cabeleira doidinha, igual a titia. Falta a gente fazer uma oração olhando pro oratório que aninha o espírito santo, minha filha. Tia Guigui pintou, papai colocou o espírito santo e pendu

O Ninho da Coruja

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Tem um ninho de Coruja no meu coração.  Da Grande nasceu uma Corujinha que acabou de acordar e alçou seu voo do mais alto despenhadeiro. De Corujinha, virou Coruja. E sua mãe, de Coruja virou Corujona. Eu, lagarto, não sei voar. Ousei querer acompanhar a troca de penas, a muda, o novo viço, o pio, o grito, enquanto suas pupilas se contraiam pela luminosidade do sol, que veio pra esquentar as asas. Quando voou, sua mãe leu pra mim o texto que achou no ninho, e me pediu pra cravar aqui, na minha montanha de sonhos, como homenagem da mãe à jovem e bela Coruja em curva perfeita no céu: " Tudo o que eu quero nessa vida é ser. Quero muito ser. Ser sempre. Eu gosto muito. Eu gosto muito de tudo, de todos. Me perco! Vivo nu m fluxo gigante de idéias que carregam meus pensamentos e os levam para uma dimensão que nem eu mesma entendo. Da maciez de todos os atos, da pele vem a música, a poesia que completam um todo, um meio e o redor. Tudo o que eu quero nessa vida é ser

A receita do inferno

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Terceira série do primário, aula de religião, e um aluno comenta, após a explanação do professor:  - Ah, professor, mas toda vez que eu deito na cama à noite e começo a rezar, eu durmo. E o professor:  - Ótimo, quer dizer que você dormiu em oração! *** Em outra aula, indagado pelo o quê era o inferno:  - Acho que a melhor maneira de se entender o inferno é pensar em uma mesa posta. Sabe, daquelas mesas de natal mais lindas do mundo? Pois então! Com peru suculento, um delicioso pernil, um arroz de forno, o melhor vinho tinto servido nas taças, uma farofa de frutas bem rica, uma bela e sortida salada, todas as castanhas, uma tábua de frios como nunca foi vista, um grande filé com um molho de cogumelos, os pratos todos já servidos, o melhor linho, os melhores cristais, os talheres de prata e você ali, sentado, com muita fome. Acontece que, inexplicavelmente, já que suas mãos não estão atadas, você não consegue apanhar nenhum alimento, não consegue pegar sua taça, não consegue

Em Breve

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Quase quase pronto, meu livro 2 me chacoalha. Escrito, revisado, zelado, carinhado, se apresenta pro que veio. Veio por você. Tem você no agradecimento. Tem quem me faz ouvir, quem me faz falar, quem me faz pensar, quem me faz calar. Tem um pouco da minha filha, um pouco do meu amor, um pouco do medo, um pouco da dor, tem um pouco muito de muito pouco. Mas de uma verdade que me interessa. Aprendamos com Robert Frost na estrada amarela de outono. Eu, folha seca, me desprendo da árvore a empreender a espera. Sou fera. Besta mesmo. E através do conceito difundido na mente, somente, quem precisa. Quem vai comprar meu livro? Quem vai ler? Quem vai escutar o que ali pulsa, a independer dos humores alheios? Quem vai dizer obrigado? Quem vai pedir perdão? Quem vai pensar que o amor merece amor, merece amor, merece amor? Há risadas no mundo deliciosas. Deliciosas como você nunca viu ainda, pode crer. Sonho, acordo, faço café, acordo. Escrevo. O verbo crer é conjugado no meio da escr

Haikai do espelho

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o sal da idade se chama saudade

Se O acaso me quiseres

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Acordei a primeira vez 1:00h. Virei, abracei minha filha e dormi. Depois, 5:00h. Tateei, e você não estava do meu lado direito. Abracei você e dormi novamente. Levantei às 7:00h. Pra quem tinha ido deitar 21:30h no sábado, tinha sido quase um recorde mundial. Coloquei a blusa branca comprida, a camiseta do grupo de corrida, uma sunga, a bermuda de correr por cima, meias sem cano, tênis que sua mãe me deu, óculos de correr que minha irmã me deu, o Ipod que ganhei de sua última viagem, boné e estava pronto pra tomar meu café. Fiz um ovo quente. Lembrei que há 5 meses não levo um café na cama. Café na xícara nova do Neruda, que o Peregrino me deu de uma viagem que fez, sanduba de queijo no pão invertido, criação minha, uma espiada na janela pra ver em que pé que tava o clima externo, já que o interno tava nublado. Bê ijo na Beatriz de bom dia e lá vou eu, pro tratamento psiquiátrico matinal, 15km no Belvedere, dessa vez sem passar nas quaresmeiras da Zuzu Angel. Mínimo de 6:15,

Quando Esgarça

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são letras que esperam ser digitadas. palavras que escapam da ponta dos dedos. frases ocultas, reveladas pelo mistério da escolha. em todas as letras, procuro seu nome. as construções verbificam minha dor. os versos palavreiam sua falta. as estrofes me contam nada, o sono do ser. vontade de deitar, de dormir, de sonhar pra sempre o sono de não ser. há água fria, há comida gelada, há falta de sal. o abraço no travesseiro atravessa a madrugada de um carro que passa lá no longe. um ônibus. um gato. um cachorro que pasta, pastoreando as ovelhas que não pulam minha cerca. o primeiro passarinho bem que podia ser a cotovia. mas é só o pardal que anuncia. mais um dia vazio, mais um dia esperança. mais um dia sem dança. mais um dia sem graça, sem garça, sem praça. mais um dia sem a poesia de amanhecer com você.

Adiós Noniño

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o resto do tempo aproveita a sobra do almoço. o sangue da vida resolve a medida das dores que sente. o lado ferido mela o encontro que pranto foi, sem sentido, encontro marcado com nada, nada não sapato vermelho, camisa azul o melhor do melhor pra mulher que mulher e só. em conto, só na mente, solamente sol lá mente: nada de luz, o br eu da ag oni a  nem um dia e nunca m ais m ia...

Ni

http://www.youtube.com/watch?v=xkxypth-jyU

Se quer fazer algo e não sabe o quê, veja e compartilhe

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http://www.youtube.com/watch?v=Y4MnpzG5Sqc

O Tempo e as Asas

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as asas do tempo se abrem. querem voar, querem bater,  planar longe do estar. as asas do tempo vastas,  as asas do tempo amplas, distantetensas, lembranças tácitas, húmidas, túrgidas. as asas do tempo brotam nas costas do menino. as penas do mundo nas asas do tempo. as penas do humano, o insano, o pequenino. são dores de nascimento, as asas que brotam, que rompem a pele nos olhos das costas, que rasgam e crescem, avolumam-se destino e o peso das asas, as asas do tempo, o tempo das asas e o vento... vento que sopra, asas do tempo, distância e ânsia, as asas do tempo. são brancas, são leite, vermelhas, são sangue. são do meu tamanho as asas do tempo. o voo que anuncio,  o mar da distância vai ser o caminho das asas do tempo. o trigo, o pão, a água, a carne... o sal do meu corpo, nas asas do tempo, temperam a espera do hoje do amor: um dia é presente, um dia que chega, um diadestino de comemorar. as asa

O Arco-íris da Lua

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20km/h. A estrada da Matinha está escura. A lua ainda não nasceu, a noite sim, e passo bem devagar pra sentir seu cheiro e seu breu. Fui antes da lua, fiquei com medo que aparecesse e fizesse o que fez comigo essa semana. Ouvindo meu pai tocar acordeón, pensei nas ausências ali tão presentes, pensei nos presentes da vida, nos que comprei, nos que ganhei. Nos de grego, eu, troiano, aceitando, de coração. O coração é uma espécie de baú da gente. A estrada da Matinha está escura e não ligo o rádio. Ainda ouço Marcela cantando El Dia Que Me Quieras . Ainda lembro o que pensei quando ouvi Marcela cantando El Dia Que Me Quieras . Transe. A música me tomando a alma, começo a meditar. Começo a me ditar. A música, a alma, a voz, o acordeón, a língua, os sentidos, as respirações em volta, o nada entre as respirações, o tudo no nada. O corpo relaxado, o sentido desperto, a razão se vai, a consciência... De repente, a rede amarela pesa com o tranco: é você sentando em meu colo

Sobre mulheres e marcas

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Cada uma a seu jeito, algumas marcaram. Me marcaram, marcaram rumo, caminho, mundo, destino, desatino, medida, mesmo que desmedida de ser. São elas, as mulheres, que fazem do dia de hoje um dia igual ao de ontem: um dia mais cheiroso e gostoso. Claro, porque... o que seria do mundo sem as mulheres? Certamente, menos dramático, menos intenso, menos tagarela, menos fricotento, menos fresco, menos chato, menos irracional, menos conflituoso, menos surpreendente. E também menos colorido, perfumado, lindo, sedutor, mágico, suave, amoroso, zeloso, delicado, sexy, erótico, forte e transformador. O mundo sem as mulheres não dá. Numa boa, não dá mesmo. Mesmo de burca, conseguem encher o mundo de charme. Porque, por mais que tenhamos dificuldades em entendê-las, são elas que nos movem, a verdade é essa. Por um motivo ou outro, elas são o nosso verdadeiro motivo. E encantam. A mala, a lama e a alma: foram as mulheres que me marcaram, cada uma por uma razão, ou falta dela. Talvez a

As sépalas da guajava

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a goiabeira da flor dá goiabeira, dá flor, dá vento de qualquer maneira, dá pro meu amor a noite inteira e adormece. a goiabeira da flor dá goiabeira, beira da borda, da margem, Davi da vida, videira, e os cachos de dedenrolar. a flor que venta dos cachos, as uvas do vento, o sinal, o tempo das ilhas no mar, mar austral, que brinca de atravessar, seu farol. é doce a flor de goiaba é dúvida a uva, é luz que conduz, estrada da lua no mar. é só seguir, navegando, sentindo as ondas, a mando. o papel, o lápis, e os tantos desejos molhados, que brincam na areia do ser. (para a ilha que tem uma goiabeira em flor, lá no sul do Brasil) *imagem de flor de goiabeira de sonia brandão capturada na internet para ilustrar o poema

Sobre Janelas e Penas

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O menino do adulto fechou a porta. Mas deixou a janela aberta. Quer que o passarinho atravesse a expectativa do tempo, e voe quarto a disparar o coração dos sentidos. Ele ali. Menino, adulto, menino. Olhando coração na boca, enquanto o passarinho se debate parede, ofega batente da porta, a questionar os sentidos. Não sabe se voa, não sabe se lançar pela janela, não sabe se a janela é pequena demais pro tamanho do mundo. Que aguarda. Não, o menino não voa. Dizia do passarinho. O passarinho menino é adulto, a janelar esse mundo. A porta fechada do ser, adulteia o voo do menino, à espera do gato, que do muro da noite reclama as penas do mundo.

o que são três pontinhos no cantinho do quarto

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ela demorar no banho ser vidrada em cotonete abraçar o meu tamanho que menor, um desperdício despedir-se num sorriso encontrar o que preciso me presentear com o sonho do meu beijo em sua boca despir-se num sorriso ser preciso que preciso puxar o cabelo da vida pra não morrer mais à noite porque desfeito porque defeito porque não feito conciso algo mais do que o destino tudo que eu necessito ela escolher o chá saber tudo da viagem viajar e retornar e cuidar porque bagagem disparar o coração na dança, envolvimento no passo do nosso encontro o choro desse momento pão preto, queijo de cabra cerveja gelada e risada encontro minha jornada do lado aquela porta atravesso e do avesso fiz-me tudo para tudo morto vivo, sou escudo pra tudo que desconheço sou só, velejar nesse mar que o amor soube mostrar e que profundo sem luz sinto a presença dos peixes peixões, paixões se misturam gritar na água é só bolhas de onde respiro o ar? pra onde devo nadar? afogado na lembrança de estar, de convi