Orinoco flow 2





Chora pela manhã. Mas sabe que o dia é longo. Tenta a cultura de massa, pra distrair-se. Mas depara-se com o vazio. Pesa a existência, diante da incompreensão. Acredita. Destrói o negativismo, levanta da cama. Transmuta o sentimento em exercícios de produção de sentidos. Sabe que os universos particulares se tangem, se misturam. A órbita dos desejos de cada ser humano se amplia no contato com o outro. Planetas  individuais, sementes do bem que se cruzam compartilhando energia. Há bem. Ah, bom. Ainda bem. Foca no amor, pra sair com o alforge cheio. Com os pés descalços, tira a blusa pra sentir o vento. Não esquece o chapéu. Mas sente o sol, que esquenta a nuca. Lembra da mão na nuca. Lembra do cheiro, lembra do suspiro e da pele. E vê flores, independente do clima, da chuva, das nuvens, das saudades. Quer rir, mas ainda não consegue. Quando o riso chegar, vai estar preparado. E saber amar o riso, o passarinho do encontro. Fia-se na aliança: o universo é anel de ouro. E seu brilho pode ser visto. Vai se dourando lentamente, pra iluminar os dias.
O dourado da vida cabe. Naturalmente.


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