Não se deve comer torresmo todos os dias.




Queria escrever algo marcante.
Ser interessante, inteligente, ousado, perspicaz. Afinal, é a primeira postagem de 2012.
Na verdade, não tenho muito a dizer.
Só que, partindo do pressuposto que passado simplesmente não existe e que futuro é uma construção psíquica, tenho que ser feliz hoje.
Hoje, vai ser mais difícil. Hoje não vi minha filha. Não senti seu cheiro, não a vi curiosa com meu colar, em meu colo, não olhei em seus olhos, emoldurados pelos cílios mais lindos do mundo, não vi seu olharzinho lânguido de mel, não ouvi seu suspirinho. Nem ao menos dei uma fungada de pai na sua nuquinha pra deixá-la com aflição da minha barba cosquenta.
Também não amei loucamente, não fiz um sexo enlouquecido de alegria sem hora pra acabar, não não vi meu objeto de desejo, não dei sequer uma gargalhada, não comi uma feijoada, não tomei uma cerveja com um amigo e brindei a nada interessante, não fiz uma boa ação de fato, não ouvi Gilberto Gil, não encontrei meu melhor amigo, não tive momentos felizes, digo.
Vai a primeira pergunta de 2012:
Ser feliz depende de momentos felizes ou a felicidade é uma coisa intrínseca?
...
Depois de muito meditar, acho que chego a uma primeira conclusão. Talvez a felicidade seja como torcer pro Galo. Não dependo de títulos, de ídolos, de vitórias, de conquistas. Eu torço pro Galo e pronto.
Claro, seria melhor que ele não desse tanta patinada. Seria melhor que a gente tivesse um Reinaldo, um Éder, um Luizinho, um Cerezo, um Nelinho, enfim. Seria bacana ver o Galo jogando com o Barcelona. Estou tentando fazer uma metáfora, se é que você me entende. Estou falando do bloco de texto daí de cima. Entende?
A verdade é que apesar de toda a falta que sinto, escolhi ser feliz. E saber que minhas escolhas são baseadas nos princípios das virtudes que aprendi e que me fazem ir dormir pra acordar amanhã.
E quando o amanhã for hoje, quem sabe, vou poder comer feijoada?
O que sei é que sou eternamente hoje preparado para toda a feijoada que o mundo me trouxer.



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