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Mostrando postagens de 2012

João Bosco é quem tem razão

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Tenho muito a dizer sobre o Cobra Coral.  Minhas palavras não serão tão impactantes como as de João Bosco, impressionadíssimo com o som afinado e costurado do quarteto, mas vão dizer mais do que sobre o bom gosto que acompanha o grupo. O conjunto, melhor dizendo. Termo mais próprio, levando em conta sua unidade sonora e o zelo coletivo com que elaboram, tecem e apresentam suas tantas qualidades em cena. Já não sei mais se devo ser breve e por isso atingir um número maior de leitores, ou se me detenho mais minuciosamente, com medo de, sendo breve, não deixar claro o quanto a qualidade individual e a soma de suas cores são festa em meus sentidos, e nos sentidos de quem os dá a oportunidade do encontro. Flávio Henrique, Mariana Nunes, Kadu Vianna, Pedro Morais - na ordem da foto.  Do Flávio, posso dizer de suas composições consistentes, seu poder sutil de articulação artística - quem é do ramo pode entender - , sua harmonia elaborada e seu bom gosto estético-musical, pr

Sobre medos e campainhas

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Ontem à tarde, passei no BH Shopping para olhar alguma coisa para o natal. As pessoas já em clima de festa, de compras, a ansiedade de alguma forma no ar. De repente, de roupas vermelhas com detalhes brancos, cabelo comprido, barbas longas e brancas, botas pretas, ele, o Papai Noel! Vinha caminhando lentamente pelo mall do shopping. Me chamou a atenção, tanto pelas duas "noeletes" que o acompanhavam, cada uma segurando um dos seus braços, como também o terço de madeira em suas mãos. Ele vinha lentamente, acredito que se elas não lá estivessem, viria um tanto debilitado. E foi como um impulso. Pensei: acho que não vou ter outra chance! Ele já tinha dobrado a esquina do mall quando eu toquei seu ombro, gentilmente, e o diálogo seguinte se deu: – Papai Noel!, Papai Noel, com sua licença... Ele se voltou, ainda de braços dados com as moças que o acompanhavam, e com um sorriso no rosto me ouviu indagá-lo. – Me desculpe, Papai Noel, mas eu poderia lhe fazer um pedi

Rubi

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quando descobriu que amor era tarde demais quando descobriu que amor era tarde dê mais não há pacote que sustente o vazio há dor por um fio o rito de perder-se pode ser se e somente se se mentir a bordar sem ti mentes nos furos do pano que a linha atravessa as cicatrizes que se colorem marcas vermelhas azuis ama, relas atesta consentido o que o toque apela os pontos marcados pelas linhas que escolhemos traduzem nudez, os nossos caminhos por mais que haja tesoura por mais que haja tempo imprimem-se histórias, bordados, nossa memória há sempre uma linha sem nó a irritar os sentidos solta que sinos desfaz desmancha apaga some quero apagar os caminhos das linhas que se embolaram por traz dos panos desenganos desencantos nus cantos escondidos da linha da vida um dia vou raiar agulha de amor vou conduzir linha de luz e mergulhar no pano do perdão tecendo com gosto o amor verdadeiro que espero ponto que não desata há mar ela a seta desenh

Já à venda

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Já à venda: Livraria Mineiriana Livraria Floriano Livraria Canto do Livro Livraria Usina das Letras Valor: R$25,00 reais. Mesmo valor do lançamento. Aproveite.

De finições ou de iniciações

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Senti que é de perdas, porque acumulou muito É de sobras, porque se doou demais E só tem sobras quem não se guarda em nada Só tem para dar quem nunca se negou E vive do bem e do mal de se entregar. Se entrega permanentemente, mesmo que em vão, para não ficar no guarda-roupa feito roupa de frio em tempo de calor Para não virar mofo em gavetas de sobrevivência Se entrega para não virar passado Quem sabe quantos passos? Quem sabe se não foram nos passos perdidos que se encontrou? Quem sabe se não foi ao se perder que se capturou?  Quando você planta muita estrada pelo caminho É natural que colha algumas lições. São nas passadas que imprimimos nossa marca. Ás vezes, os rastros são de asas em vôos que inventamos na viagem Por outras, deixamos palmos impressos no chão, Trechos percorridos Passo a passo, como convém a quem anda todo dia. E anda todo dia atrás do seu próprio sonho sem parar. E aprendeu a amar a estrada, a viagem, a caminhada. Fo

Voo

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Quando cheguei a Santiago de Compostela, em 2009, imaginava que meu segundo livro seria sobre o Caminho. 80 páginas depois, descobri que não. Que ainda havia muito a caminhar para que esse livro fosse escrito. 2012: dia primeiro de novembro, dia de todos os santos, dia do lançamento de V ENTE, meu segundo livro, esse de poemas. Uma emoção muito forte toma conta de mim. Dois meses antes, recebo um email que mudaria tudo, que me indicaria um novo caminho a seguir, o Caminho do Coração. O lançamento de V ENTE foi muito bacana. Até o final dessa semana, ele chega a algumas livrarias de Belo Horizonte: Floriano - Av. Cônsul Antônio Cadar, 147, Santa Lúcia. Livraria Belas Artes - Café Belas Artes Liberdade, R. Gonçalves Dias, 1581, Lourdes. Canto do Livro - Ponteio Lar Shopping. Mineiriana - Rua Paraíba, 1419, Savassi. Livraria Ouvidor Savassi - R. Fernandes Tourinho 253, Savassi. (por enquanto!) E até o momento, 310 livros vendidos, o valor dos 500 livros doados ao Novo Cé

Alinhavando Histórias

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Meu pai é o décimo quinto filho. Se criaram doze. A mais velha dos doze, Tia Milita, teve doze filhos. Quando meu pai nasceu, ele já tinha, portanto, dois sobrinhos. Do lado da minha mãe, são quinze netos, contando comigo e minha irmã. Do lado do meu pai, acredite, são cinquenta e quatro netos, a terceira geração de Vô Marú e Vó Fifide. Já estamos na sexta geração, me parece, a contar de meu avô e minha avó. São muitas histórias de uma família interessante que tem no encontro sua principal força. Alguns "desafetos" declarados, é verdade, mas a maioria absoluta se dá bem (também, são tantas pessoas!!!). Eu, pra dizer a verdade, só não gostava de uma pessoa. Mas essa pessoa já foi nessa, que Deus lhe guarde. A vida é assim: uns partem outros chegam. E nós, na plataforma, alinhavando histórias. Pois foi justamente esse nome escolhido pelas mulheres da família pra criarem um grupo no Fakebook . Nele, seguem as fotos, comentários, curiosidades, chats sobre a nova propo

Gonzaga - de Pai pra Filha

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Ainda não sei como vou construir meus comentários sobre Gonzaga - de Pai pra Filho . Talvez diga da dificuldade que um dia tive com meu pai. Talvez diga da saudade que tenho de minha filha. Talvez diga da minha filha sentada em meu colo, tomando açaí. Talvez diga que açaí nunca mais vai ter o mesmo gosto para mim. Talvez comece apenas citando: "Se a gente lembra só por lembrar / Do amor que a gente um dia perdeu / Saudade inté que assim é bom /  Pro cabra se convencer / Que é feliz sem saber /  Pois não sofreu... /  Porém, se a gente vive a sonhar / Com alguém que se deseja rever / Saudade intonce aí é ruim / Eu tiro isso por mim / Que vivo doido a sofrer..." Ou talvez não. Só diga que 60% do filme passei transbordando o há mar que faz ondas em mim. Breno Silveira foi bem feliz em Dois Filhos de Francisco, acho. Até acredito que,  filmicamente , é mais interessante que Gonzaga. Principalmente na questão estética. Mas Gonzaga tem uma verdade que é fatal, ou Nat

Entrelinhas e laudas

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(CLICA NA MÚSICA PRA LER O TEXTO) Sentado no Baltazar, na Serra, depois da segunda cerveja do domingo, ela interrompe o namorado e me diz: " Mas Bernardo, me conta! Tem 20 anos que a gente não conversa!!!  Me conta uma coisa, o que você achou da sua vida, desses últimos 20 anos?!? " ... branco... Putz, pensei... Como é que eu vou responder isso? Virgínia foi minha colega de faculdade. (pára de fazer conta, gente! Ninguém tem nada a ver com o fato deu ter entrado na faculdade com 14 anos...) Conheci Virgínia, mesmo, de um modo muito interessante. No mínimo, curioso. Nem sei se ela se lembra disso. Primeira semana de aula, a gente praticamente não tinha conversado ainda. Indo para a PUC, passando na Via Expressa, bairro Padre Eustáquio - acho - em Belo Horizonte. Vi uma batida de dois carros e alguns alunos ainda meio atordoados. No meio deles, a Virgínia. Eu nem sabia o nome dela. Mas a reconheci no ato: " vixe, acho que aquela menina ali é da minha sala, mel

A Metade do Boi

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Aponto meu dedo para Deus. El  responde. Peço. Eco. Ecoa minha voz que pede na rês posta por Deus. "Boi", diz minha filha apontando pra Fera. A Bela é ela. Sou rês posta. Sou eu mesmo. Reverbero o que Deus responde no mim que pede. Me ni mim. Meninin. Criança pai que balança conforme o cacho balança. "Cabêio", ela diz. É cacho. "Papai", ela diz. O moço. Estranho conhecido que é a cara da falta. O real bate logo à porta dela. Ela se defende. Não quer estar ali. Mas quer. Não quer se haver com isso, mas quer. "Eu só queria que meu pai pudesse estar aqui comigo sempre que a gente quisesse", ela não diz. Mas sente. E sabe, e quer. Sua filha merece duas metades da maçã. Quem seria tão equivocado a ponto de só dar uma? * auto-retrato, por Beatriz.

Deus é danadinho

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Ainda estou de férias. Na verdade, feriado. Até 15 de novembro, apenas de plantão. De ressaca do lançamento do livro V ENTE, que chegou no Memorial Minas Gerais Vale, em 01/11/2012. Ressaca boa, devo dizer. Contabilidade feita, foram mais de 150 pessoas no lançamento, Vendemos cerca de 280 livros contando a pré-venda e a venda no dia do lançamento. Quando voltar a BH, vamos agilizar a venda do V ENTE nas livrarias. Ser só é bom mais é ruim, é ruim mas é bom, depende. E nunca se está só de fato, quando se escolhe caminhar no H Á MAR. Foram tantos amigos que ajudaram que não há como, exatamente, agradecer. Manifestei meu agradecimento lá, no dia do evento, mas nada é realmente suficiente pro tanto que foi lindo, todo mundo de mãos dadas, pensando em alegria, doação, amizade, amor, carinho. É brega. Mas é verdadeiro. Flor, arco-íris, azul, dourado, sorriso, tudo é brega, O amor é brega. A alegria é brega. Mas é ducaralho (e isso não é palavrão, é força de expressão contemporânea)

CON VITE

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E como diria Gustavo Capanema sobre hesitar e pelejar, "Enquanto os outros hesitam, avancemos sem perda de tempo!"

Quero-Quera

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Quer o mel do amor do seu olhar. Quer sem cessar. Quer querer, quer gostar. Quer a alegria batendo na porta pelo lado de dentro, doida pra sair. e ver as casas, e ver as ruas, veros jardins. Quer, de adubar. Quer querer, de melar. Quer de deixar roxo. É que querer pode, e não depende da lua. E nem depende do sonho, nem do pesadelo. Nem nada. É mais fácil ganhar asas antes de pular da ponte. É mais fácil subir, que descer, um monte. Fácil é desistir, fácil entregar os pontos, fácil cair, chorar, ralar o joelho. Fácil sorrir. Difícil é estar mesmo alegre. Mas quer. Continua querendo. Conte, nua, querendo, que eu acredito.

Olha o link aí, minha gente!

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Clique:   http://ht.ly/eFhNY

O beijo

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Ela escreveu, no final do texto: "beijos sextafeirísticos". Fiquei pensando o que significa. Não sei bem se pra ela ou pra mim. Escolhi colher os melhores beijos que a sexta-feira pudesse me dar. Beijos como os que dei, beijos molhados, beijos apaixonados, beijos agressivamente sutis e enamorados. Beijos alucinados, beijo de amantes, beijos roubados. Beijos que batem as costas no batente da porta, beijos que passam pra outro estágio do onde, perco-me beijos a  me esfolar sem sentido, destituído de forma, dor, compaixão. É o beijo o distúrbio do não? Beijo sem ei, sem be e sem jo, beijo logo no início, do amor. O beijo que aproveito, o beijo que me faz desfeito, o beijo de língua, de jeito, mão, nunca, curva das costas, penugem do lombo. O beijo é um tombo. O beijo que me faz morder, o beijo que me faz entender, o beijo que aprecio, um bom beijo no cio. O beijo vinho, espumante, cerveja, o beijo de ser, de quem viceja. O beijo que é janela pra alma.

microhaikai do silêncio

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calo qu'ando  dói

Fique em dia com os últimos acontecimentos da minha vida

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Liguei no feriado para falar com minha filha. Muito tempo sem uma notícia. Fui educado: mandei mensagem antes, pra perguntar se podia ligar. A mãe disse que não, que ia dar banho nela. Você sabe, uma criança de 1 ano e 7 meses quando pega o telefone com um pai a 2.200km de distância, fica quase 2 horas e meia batendo papo. É muuuito assunto, muuuuuuuito vocabulário, muuuuuuuuuuuuita vontade de jogar conversa fora. Ia atrapalhar todo o esquema, atrasar os horários, toda uma série de eventos em efeito dominó, que provavelmente culminariam na destruição do universo. Não só da terra, como previam os Maias. Por isso, a mamãe da minha filhinha deve ter achado melhor eu não ligar.  Achei que ela tinha tomado banho por duas horas e meia, porque a mãe não avisou quando acabou. Fiquei com medo do dedinho dela estar enrugado igual de véio, mas não, ela dormiu depois do banho - eis a explicação - e por isso eu não pude, evidentemente, ligar depois, enquanto estivesse dormindo. 

Rotativa insólita

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seu nome  gravado no título do meu jornal matéria de capa  sem foto é cerne de toda notícia especulação confabulação estrutura meandro  tecido sem ter sido cerzido ta na estampa ta na cara obviedade ululante somente espera e a rotativa se aquece esperando uma nova notícia  enquanto vendo espaço pra mais um anunciante temporário

A Rosa Intocável

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Entrei no quartinho que fiz pra minha filha e deixei sobre a cama uma rosa pra ela. Ela nunca entrou no quarto dela. Ainda não viu as bonecas em cima da cama, ou as fotos ampliadas sobre o travesseiro. Nem os conjuntos lindos de lençol que estão ali para embalar seus sonhos. Ela não tocou no Horácio pai, sequer encostou no filhotinho dele. Um a cara do outro. O jeito igual de ser diferente. A rosa de Maria deitou na cama da minha filha. Fiz minha prece. Ela vai esperar por ela. Ela. É lá, aonde se é, femininamente pequena, sutilmente menina, docemente me nina enquanto durmo de olhos abertos na minha espera. É como no lindo filme Intocáveis. O sorriso muda o mundo. A palavra encanta e promove a dança. Sou só um observador a chorar sozinho em uma sala escura. Um ninguém de quem nunca vão ouvir falar, um que sonha. Meus sonhos, sim, são mágicos. Meus sonhos, sim, transformam o mundo e fazem florir. Nos meus sonhos, minha filha entra pela porta, me abraça num abraço de urso,

Peixes

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Há um poço tão fundo que não vejo o fundo. Há um silêncio guardado, um suspiro. Há sem medida, um barco a deriva. Um horizonte sem referência, um barulho de água lambendo o casco. O sol perdeu seu rumo, não morre nunca mais, assim, nunca, cadê minha lua? De tão fundo o poço, comecei a jogar as moedas todas, fazendo pedido, olhando-as... somem, como somem, subtraem-se do meu olhar. Moedas sem valor. Pedidos perdidos no poço dos desejos. Posso dos desejos? Mas estou ali, no poço, no fosso, no barco, na deriva do eu que bóia pra não afogar. Acho que não sei nadar. Tudar? Não. Nado-me. Só, sou casco a deriva salgado, no fundo da água morna que se evapora ao sol, que rodopia esquecido no céu. Em que fundo estará o cardume pro-me-tido?

Dia das Crianças

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Venda Antecipada

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V ente Um livro que caminha entre o sagrado e o profano de um modo poético e humano. No dia 01 de novembro (horário a confirmar) lanço o meu segundo livro no Memorial Minas Gerais Vale . O livro V ente. É um convite a ventar. O valor da venda das primeiras 500 unidades será doado  INTEGRALMENTE para o Projeto Assistencial Novo Céu . O preço do livro é R$25,00. E você pode comprar antecipadamente pelo depósito em conta: Banco Itaú Agência 3828 Conta Poupança 05899-4/500 CPF 941.959.946-91 Bernardo Moura de Sant'Anna Comprando antecipadamente e enviando o comprovante do depósito por mensagem no facebook/besantanna ou pelo email besantanna@gmail.com você doa R$25,00 para o Projeto Assistencial Novo Céu, e recebe o livro, no dia do lançamento, já com dedicatória. Aqui no Blog, no Twitter e no Facebook, semanalmente, você vai acompanhar a venda e o valor arrecadado para as crianças do Novo Céu. Saiba mais sobre esse projeto clicando aqui . No dia do lança

Mesmo

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Meus escritos não são belos como a Gabriela, inteligentes como a Serpa, mágicos como as histórias da Guiomar, fortes como a minha irmã. Não são amantes da vida como o Mastrocola, sensíveis como a Raquel, indignados como a Rachel, exemplos como o Wernek. Nem de longe coloridos como a minha mãe, audazes como o meu pai, profundos como a Izabelle, ricos como o Eike. Não são pops como o Michael, jazzísticos como o Nelson ou brasileiros como o Adelson. Meus escritos não são páreo para o humor da Laura, não são filosóficos como Rubem, não são densos como Zezito. Ou rápidos como a Menina Vento, ou céticos como a Yara, ou frágeis como as flores do meu bonsai... Meus escritos não conseguem captar o hiato das viagens criativas de Beatriz, minha filha de um ano e sete meses. Meus escritos não são nada se não o amor perdido. Escrevo para encontrá-lo. Escrevo como quem corre uma meia maratona para ganhar a oportunidade de um namoro. Escrevo para ser evo, o eterno, o masculino da eva, a complet

Você joga xadrez?

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Deus parece que joga xadrez, eu disse. Ela respondeu: se é xadrez que ele joga, tem um adversário. Detesto gente inteligente, porque eu amo gente inteligente. O bom do amor é que ele é diferente da cesta de laranja. Quando a gente distribui laranja, a cesta esvazia. A cesta do amor parece que enche. Com quem Deus joga xadrez? Ela falou que é com o "Não-Sei-Que-Diga*". Será? Será com a gente? Ou será que sou só peão? Eu, peão, vou pro embate. Morro primeiro. Eu, peão, não tenho problema em ficar no quadrado branco ou preto. O problema do eu, peão, é que não sei voltar. Eu, cavalo, não ando reto. Passo por cima, mas não sigo o mesmo caminho. Mudo sempre pra outra direção, difícil saber onde minha estrada vai dar. Eu, torre, não sou flexível. A cruz do meu caminho é ir pra frente ou pra trás, pra um lado ou pro outro. Sou muro. Escudo, sou vulnerável. Eu, bispo, tangencio. Meu olhar enviesado não vê o mundo de frente. Não sou rei, muito menos rainha. Não so

Para Fernando Netto

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A bela e delicada maquiadora pingou uma gota em cada olho. De olhos fechados, elas bem que puderam se multiplicar um pouquinho, sem causar curiosidade ou estranheza. Mais cedo, no elevador panorâmico, colou no vidro e levantou os dois braços até o teto. A subida induziu a lembrança. A lembrança da fantasia trouxe a emoção correlativa, incitando a saudade. Se lembrou do carnaval de 1977, vestido de Batman, quando reconheceu o seu melhor amigo, o Superman. Não, não era o Robin. O Superman tinha um redemoinho na testa, cabelo escorrido e nariz de batatinha, uma alegria pacífica, mar em calmaria que induz o sorriso. Ainda bem que existe o John Williams pra orquestrar as músicas tema dos sonhos infantis, que não se resumem a cantigas de roda. A grandiosidade sinfônica alcança, na ponta do pé, quase pulando, o tamanho do sonho de menino. Pensar na lembrança, se entregar de corpo e alma, é volver ao sonho, se conectar com o clima, fazer amor com a saudade. Re-viver. A saudade também

Metonímia

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Rubem Alves é um pai. Tipo. Ou um avô. Adoro ler seus livros. Adoro seu jeito de falar sempre a mesma coisa, de maneira diferente. Um Alfredo Volpi das palavras. Suas palavras são bandeirinhas coloridas na minha mente. Não, não mente. Fala a verdade. Flamulam. Um Amílcar de Castro que me desgeometriza geometrizando. Se é que isso é possível. Já li uns 6 livros dele. Gostava de citá-lo em sala de aula. Meus alunos se lembram disso (espero). Ganhei de presente de um sonho de amiga um livro dele de aniversário. Aliás, ganhei 2. Já li os dois. Acho que são 8, agora, os livros que li dele. Hoje cedo, me lembrei dele no café da manhã. Diz o Rubem Alves que o peso de papel da escrivaninha dele faz lembrar seu pai. Era o peso de papel do pai dele, claro. Como diz ele, não podia ser metáfora, que o peso não se parece com o pai. É metonímia. Me lembrei dessa passagem do seu livro "Ostra feliz não faz pérola" quando peguei duas fatias de queijo minas e coloquei mel. Dos 11

Ondas do mar, do há mar do meu pai

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Pai, olho do mar de mim. Atravesso. Escuto o barulho das ondas. Sei do abraço, sei do laço, sei do querer. Foi me dada a faculdade de ver. O vento balanceia meus cabelos. Meu olhar é lânguido assim, sou assim, pai. Essa sou eu. Atrás do vidro, atrás da rede de proteção, atrás da grade, atrás do seu olhar estou. Você vai chegar pelo mar? Da barriga da mamãe eu escutava você cantar. Quando chega a noite, procuro a estrelinha da música, a que você vai trazer pra mim quando eu crescer e você comprar um avião. Você vem, afinal, de avião ou barco, papai? É você ali, correndo na areia? Onde você está agora? Trabalhando? Pensando em mim? Sentado no box? Querendo um abraço? Há mar dentro de ti, pai. Posso sentir. Há mar dentro de mim, posso sentir. Por isso que quando a gente chora de saudade, nossa lágrima é salgada. É um pouquinho do há mar que transborda, em ondas que ouço, barulho das ondas revoltas, há mar, nós dois. O vento atiça as ondas do seu peito, pai. Daqui lhe vejo. Daqui

Vamos ventar juntos?

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V ente. Este é o título do meu livro 2, que já está na gráfica. Hoje, pela manhã, a terceira revisão foi feita, pela Trema, que tem nas mãos a prova da gráfica, e aprovada pela Designlândia. Vamos rodar! Dia 01 de novembro de 2012, o lançamento no lindo  Memorial Minas Gerais Vale , na Praça da Liberdade, que faz parte do Circuito Cultural Praça da Liberdade (conheça!!!). O horário eu conto depois. Encomendei 1.000 cópias iniciais. E fico feliz de ter recebido um email da Karina Militão, do Novo Céu , aceitando gentilmente a parceria que propus, em nome da Beatriz, Dudu e Clara. O valor das primeiras 500 cópias vendidas do livro serão revertidas integralmente ao Projeto Assistencial Novo Céu . Poderia fazer assim: 50% pro Novo Céu, e 50% para os custos. Mas dessa forma, destinando 100% do valor das primeiras 500 unidades, temos mais chance de realizar essa ajuda da Beatriz, do Dudu e da Clara. Pelos cálculos, o livro teve um custo unitário de R$ 12,50 reais a unidade.

#brotoquesou

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foto* Árvore ceifada na copa. É tronco. Perde suas folhas, perde seus galhos, perde seu viço. Dá broto. Cadê o balanço que estava aqui? Cadê a sombra, cadê o vento, cadê as folhas que caem mansas? Cadê o ninho, cadê forquilha, cadê os líquens, cadê o musgo, cadê gato? Árvore ceifada na copa é tronco. Dá broto. O tronco que bóia na água é balsa. Abarca. Pensamentos que correm molhados nas margens de mim. Eu rio, eu tronco, eu árvore ceifado na copa. Broteu. Nasce broto, meu plexo solar. Rompe pendão, meu dedo de viver. Raízes se espalham em mim, capilares que envolvem meu coração. Cresce pendão,  meu dedo de viver. Deus me aponta, sou tronco quase seco de um broto só. Floresta desejo, gramíneas vicejo, orquídeas dependuradas nas minhas esquinas. Brota, na grota, o profundo do ser. É lodo molhado, caverna pingando, ecoo lamento, eu sinto muito. No dedo que tenta, a seiva do amor não desiste, em si. Insiste? * na foto acima, o bonsai de Beatriz, comprado lo

Olhe dentro do armário quando for dormir

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Posso falar sobre a solidão? Sólida ida, hão de dizer, para sem-pre-ferida instalada na alma da gente. A gente sente. Que há outro. Couro. Canto. Choro. Meu couro curtido não curte. Terra batida não mente. O sol seca o caminho por onde passo. É quente o solo, é quente eu solo. Solo que trinco nas beiradas do ser, no encontro com o outro. A água escorre entre nós sem que saibamos molhar-nos-nus, revestidos da chita da ingênua incompreensão. Meu pensamento é uma cortina de fuxico. Não sei se abro. Não sei, se abre. Há um pedaço de mim no mundo que cresce sem que eu estrague. Há um vazio no mim profundo que eu sem medida-de-ser. Há um jeito de olhar no caminho que diz: pais agem. Ficar parado nunca foi fazer nada. Ouço passar, todos os dias, os passos que a levaram para de mim distante, para sempre. E o berço vazio grita na noite sem bicho-pai-pão.

O estribilho do amor

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Já comentei aqui sobre o diálogo de Jodie Foster e Matthew McConaughey (putz, conferi 3 vezes o nome desse famigerado pra escrever aqui no blog - imagino ele aprendendo a escrever o nome na escola, tadinho). Ele, reverendo. Ela, cientista. O embate entre ciência e religião posto à mesa. Zapeando, depois de suspirar com a Sharapova, caio justamente na cena que já vi várias vezes: Festa, filme Contato, ele diz: - Não imagino viver num mundo sem Deus. Ela: - eu preciso de provas Ele: - provas? você ama seu pai? Ela: - sim, muito . Ele: - prove . É assim. Amor não se prova. Deus se prova. Tem gosto de amor. Amor se prova. Tem o tempero de Deus. No filme, dentro da máquina espaço temporal em que faz a viagem extra terrestre, ela finalmente encontra galáxias, vislumbra o espaço, toda a criação, o uni-verso palavra de Deus, prova o sabor de saber além da crença, e diz: - deviam tem mandado um poeta! eu não tinha ideia!... Não, ninguém tem. Porque não passa pela ideia, pela

One for two

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Osso esse ofício de agradar, eu disse a ela em uma de nossas conversas. Difícil "ter que". Se superar a todo instante, difícil esperar, difícil querer, difícil escolher, dofícil amar. Quando Pessoa anuncia, meu dia amanhece. Fiz um Haikai pra Laura Barreto, a amante dona do blog Ócio do Ofício : Haikai para Laura Na lua da Laura respiro. Eu dizia desse jeito de ser meio alegrefusivo, que no meu caso, muitas vezes, vem com aquele dizer: -– - Suas balas não me atingem! Meu humor é como uma couraça de aço! Mas essa é uma história compriiiiida, que não vem ao caso aqui... Conheci Laura - ela não sabe - por "indicação".  A melhor amiga de uma paquerada no Verde Mar me mandou o  link  ( "Vai sair hoje? Não, vou pro Verde Mar!" ), por ter achado divertido ter acontecido comigo e com a amiga dela algo semelhante ao que Laura divertidamente anuncia em seu blog. De outra vez, ela usou uma foto minha em um post dela. E eu não a conhecia, já