madrogada

Quero falar da noite.



Da insônia. Da sonolência da vida, que me faz não dormir às vezes.
Às vezes, faço as vezes de mim. Às vezes, faço as vezes dos outros.
Dos outros, quem sabe a noite?
Só posso dizer da minha, do meu, do travesseiro que molha, da fronha que encarde, desejo que arde, silêncio bailando, profundezas do quarto.
Bóio no escuro. Flutuo na cama. Afogo lençóis, mergulho cobertas.
Casulo dos medos, atravesso esperança de amor ao lado.
Fado.
Fardo pensar, fardo escutar, coloco um tapa-ouvido-espanta-rua-xô-vizinhança. Meu coração aumenta o volume dentro da minha orelha.
Daí, escuto-o. Ele fala. Ele diz. Ela cala.
Fico silêncio pra entender a palabra. Trabalho. Fico palavra para entender o hiato.
Tudo é barulho na noite morta dentro do meu ouvido.

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