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Mostrando postagens de maio, 2011

Um

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Que droga, já comecei esse texto 6 vezes e não consigo ir adiante. Não sei o que escrever, quero falar sobre alguma coisa realmente relevante, mas nada toca profundamente. Estou apático, sem entusiasmo. Quero voltar para o Caminho.  Experimentar uma alegria sem medida, uma felicidade completa, uma realização inteira dá nisso. E agora? A mar íntegro, a mar inteiro, a mar verdadeiro.  Nunca fui preparado para a sociedade. Não para esta que está aí. Consumismo sem medida, ilusões, políticos roubando o recurso dos remédios, hedonismo exacerbado, egoísmo, imediatismo, preconceito contra uma criança com síndrome de down nos brinquedos em um shopping de São Paulo, ministro administrando lucros de 20 vezes o seu patrimônio em 4 anos. Que gente próspera!  Que gente paupérrima! Preciso, urgentemente, ler poesia. Preciso, urgentemente, escutar música. Preciso, urgentemente, auscultar meum coração. Preciso, urgentemente, tirar o urgentemente dessas frases todas. Pré... cindo,  pré... cinjo,  pé s

Rio de mágoa

"A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos." ou algo do gênero. O substrato é esse. Os saltimbancos são esses. Quando não, sim. Quando sim, não, ou talvez. Quem sabe? Não posso enfiar na cabeça de ninguém que não se programa a vida, que não se mede sonho, que não se vive só o esperado. Nada do que foi será, do jeito que já foi um dia. E não importa se Lulu venha dizer, se Nelson Mota venha dizer, ou qualquer um novo, sobre o que já foi dito por Heráclito muito antes... tudo muda, nada perdura... a história de ninguém se banhar no mesmo rio é fato, é foto, é assim, independente do nosso querer? Quem quer, afinal, tomar banho no outro mesmo rio? Quem quer, afinal, entender que é rio, é vida, é sonho, é paixão, é água, é agora? Mas que droga, tem gente que quer encontrar o outro mesmo rio... e não entende que é mesmo outro e bom, e belo, e refrescante, e caudaloso, e farto, e tanto, e molhado, e tudo... Ah, Rio, vem molhar nossa plantação. Vem afogar nossa mágo

Escove os dentes ao acordar

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Hoje acordei com a vontade de viver a vida como um alcoólico anônimo. Um dia de cada vez. (sim, atitude zen) É óbvia a ideia, fantástica, clara, simples, mas nos esquecemos: se pensarmos "Não vou beber NUNCA mais." isso tem um peso. É quase impossível. Mas se pensarmos "Não vou beber HOJE." isso é bem mais leve. É mais que possível. Na verdade, não estou falando de bebida. Sim, eu vou continuar bebendo. Socialmente, vamos dizer. O que estou falando é da forma como encaramos desafios na vida. HOJE eu vou ser o melhor filho. HOJE eu vou ser a melhor mãe. HOJE eu vou ser o melhor pai. HOJE eu vou ser o melhor marido. HOJE eu vou ser o melhor namorado. HOJE eu vou ser o melhor genro. (sei, isso é difícil) HOJE eu vou ser o melhor amigo. HOJE eu vou ser o melhor confidente. HOJE eu vou ser o melhor colega de quarto. HOJE eu vou ser o melhor funcionário, o melhor patrão, o melhor amante, o melhor ser humano, o melhor que posso. É hoje, não no ontem

madrogada

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Quero falar da noite. Da insônia. Da sonolência da vida, que me faz não dormir às vezes. Às vezes, faço as vezes de mim. Às vezes, faço as vezes dos outros. Dos outros, quem sabe a noite? Só posso dizer da minha, do meu, do travesseiro que molha, da fronha que encarde, desejo que arde, silêncio bailando, profundezas do quarto. Bóio no escuro. Flutuo na cama. Afogo lençóis, mergulho cobertas. Casulo dos medos, atravesso esperança de amor ao lado. Fado. Fardo pensar, fardo escutar, coloco um tapa-ouvido-espanta-rua-xô-vizinhança. Meu coração aumenta o volume dentro da minha orelha. Daí, escuto-o. Ele fala. Ele diz. Ela cala. Fico silêncio pra entender a palabra . Trabalho. Fico palavra para entender o hiato. Tudo é barulho na noite morta dentro do meu ouvido.

sobre

educação

Muda

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A vida muda. Encontra, liberta, prende, escraviza. Discute, banha, nasce, eterniza. A vida muda. Faz brotar, faz pensar, faz sentir, faz falar. Faz crescer, faz pensar, faz fazer, faz amar. A vida muda. Outros olhares, outros sonhos, outras vestes, outras virtudes. Outros outros, outros mesmos, outros vícios, outros anseios. A vida muda. Mudo o silêncio, muda a disputa, muda a agonia, muda, esperança. Medo de tudo, medo de nada, medo da muda, me dou na estrada. A vida muda. Nada a dizer, nada dizer, nada somente, quando encantados. Puro é o querer. A morte cala. A vida, não. A vida, muda.

Sobre os antídotos esperados

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A indiferença grita: mas tem antídoto. O que não tem antídoto é a verdade. Mesmo intangível, ela curiosamente aparece. Mesmo que seja tarde demais.

D ia

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Hoje o dia vai ser daqueles. Já vi jornal de manhã, já chorei com o menino que morreu espancado, já me angustiei com a notícia do Óxi se espalhando, já fiquei com a sensação de que deve dar azar ver todo dia de manhã a propaganda do Boston Medical Group, já me senti melhor ouvindo a locução de uma amiga no comercial de um prédio que está sendo vendido na savassi (que bom, ela trabalhou esse mês), já fiquei com a sensação que essa dor na nuca e no pescoço não vai passar logo, já questionei porquê acordei 2:50h da manhã e tive insônia por um booooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooom tempo, já entendi que uma fatia só de queijo e uma fatia só de apresuntado não vão dar pro gasto da manhã, já tomei um tandrilax, já entrei pra ver as últimas do facebook, do twitter e dos emails, já fiquei com vontade de tomar banho, já marquei uma cachoeira e uma sauna pra o final da tarde, porque, afinal, o dia vai ser daqueles. Vem dia, vem tentar me pegar: tô aqui esperan

Olhos atentos

Seus cílios estão crescendo. Ganha forma o meu a-mar. Mecha loira, mexe comigo. Sem coordenação motora, sem vício, sem sentido, explora o mundo com o olhar atento e à toa. Por um triz, fui feliz. Bochechas, contrações que me fazem sorrir, o mesmo segundo dedo do pé que insiste em encavalar no dedão. Coisas e coisas. Como diria meu bom e velho amigo que decidiu partir pra sempre: peixe-peixe. A língua que estala no céu da boca. O olho que aperta quando ri. A cabeça virada pra dormir. Amanhece o mundo quando acorda, principia, dá licença que a hora é de fim de mundo e de noite, apenas. O beicinho estimulado faz plec plec plec. Só quem sabe que sabe. Quero a não palavra. Quero continuar a lhe ouvir silêncio, enquanto escuto só meu coração que anuncia chegada, princípio, desejo, amor, sublime e terno. Seu jeito de não se comunicar resolve todas as minhas aflições. Nunca a não palavra foi tão compreendida por mim, substancialmente. Materialmente. Sutilmente. Água, olhos arrega

cami nu

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Daqui estabeleço contato com o mundo. Ou não. Aqui o mundo estabelece contato comigo. Ou não. Nada diferente, nada ausente, tudo escolha. Hoje se parece com nunca. Não sei mais o que escrever, não escrevo mais poeticamente, não sei. Há destroços dos últimos meses, há esperança sem limites, há um novo amor mais forte que tudo. Um que descobri caminho, eu caminho, nova forma de amar. Há mar. Estou a caminho de mim, enfim, e amanheço certezas. Pode ser espera. Pode ser, espera. Com-ti-nu-o-meu-caminho.