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Mostrando postagens de 2011

Nude

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Naked. Acordei às sete e pouco. Pelado, puxei o macbook para o meu colo antes de acender a luz do quarto. Depois de ver que haviam comentários na folha de rosto do meu iphone. Pelado, abri o email e descobri que não há resposta para a vida. Só perguntas. Quais, enfim, devo fazer? Talvez o truque seja esse. QuAndo pergUntas peladas, deSejos dEspertos. Seja esperto. Esperto, me levanto. Pelado. Acordado, saio andando pela casa, depois de fazer xixi, vou deixar pra escovar os meus dentes depois do café. Estou sozinho mesmo... Entro pelado na cozinha e vejo a máquina de fazer pão. Comprei com vontade de fazer do meu café da manhã mais um ato de amor. E, de certo modo, fiz. Os ingredientes pelados que coloquei ontem à noite, depois que cheguei da casa da minha professora de francês, que fez aniversário, viraram pão. E ele está ainda morno. Morno e pelado como eu. Morno e pelado, como eu. Antes, faço um café. Com o pó de café que veio do sítio do meu pai. Os dez pézinh

Do filho, do pai, pra mãe, do ano novo.

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Mãe, feliz ano novo. Comi o bolo de chocolate que você deixou pra mim de presente quando viajou, o mesmo que você faz em todos os meus aniversários. Hoje tentei mais uma vez resolver as coisas todas, mas não foi possível. Nem sempre as pessoas sabem a importância da escolha em nossas vidas. Que as mesmas sementes quando plantadas, germinam ou não dependendo do terreno onde estão. Se tem água e luz. Às vezes falta água, às vezes falta luz. A iluminação é preciosa em todo o processo de germinação e crescimento. Quantas escolhas erradas eu fiz, por falta de iluminação? Realmente não sei. Mas sei que todas as sementes que foram originárias das minhas escolhas, germinaram. Todas elas. As boas e as ruins.  Não. Não estou dizendo que haviam sementes ruins. Estou dizendo que as escolhas foram boas ou ruins. As minhas. E isso fez toda a diferença, mãe. Paro um pouco e imagino você fazendo o bolo de chocolate pra mim. Saiba que não ficou com pouca c

O fim do mundo está próximo.

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O fim do mundo está próximo. Digo, do ano. Imagino se você parou por um momento e pensou: putz, o fim do mundano está próximo, será que fiz tudo o que eu podia? Tudo bem, você não pensou isso. Só está lendo esse blog sem exatamente nenhuma implicação efetiva em sua vida e em seu cotidiano. Ok. Seu chefe viajou e mandou você ficar trabalhando. Por isso você está aqui, passando o tempo. Tá, melhor eu continuar escrevendo algo que lhe desperte interesse, pra ver se você pelo menos termina a leitura. Fim do mundo é assim (desculpa, do ano ), você já imagina a lista dos desejos pro ano que entra. Aliás, tem vários ritos possíveis relativos a isso. Um básico, é escrever tudo - e assim poder conferir o que desejou, o que plantou e o que colheu no final do ano que chegou, passou voando e lhe tomou de assalto. Tranks. Eu não sei bem se isso é bom ou ruim. Não sei se isso é mais uma estratégia básica de coaching que minha amiga ninja Danielle Michel Serafim ensinou, porque tem pena da g

Sonho de Natal

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Evangélicos. Muitos, que cantavam e que batiam palmas. Alheios à revolução que acontecia, apesar da minha incompreensão. Dividindo a escola com os evangélicos, nós, refugiados, espremidos nas salas, vagando nos pátios, tentando localizar um ou outro, que havia sumido há dias. Não consigo me levantar. Na almofada amarela, me arrasto de um cômodo a outro, sem me preocupar por qual motivo me arrasto, ao invés de andar. Quem eu menos espero vem pra me abraçar. Me olha com um olhar carinhoso e diz que apesar dela ter sumido, que ela está bem. Que teve notícias que ela está bem, que ela não teria sumido se não fosse por eles. Não sei quem são eles, mas eles a têm em cativeiro. Olho na tv, na parede da escola, e os desenhos animados, ao invés de historinhas infantis, estão dando notícia da revolução, de modo dramático, não de modo jornalístico. Ela passa a mão na minha cabeça, me olha com aqueles cílios marcados, cola seu corpo em meu ombro, eu de joelhos, e diz que ela não sabe bem o q

Tem sido

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http://besantanna.blogspot.com/2010/06/vai-ser-complicado.html No dia 30 de junho de 2010, escrevi esse post, depois de ir ao cinema com minha mãe. Às vezes, não ouvimos o recado. Pensamos tanto em falar menos e ouvir mais... mas o segredo está sim nos olhos. Não na boca, não nos ouvidos. Noutros sentidos. Comprei o filme, finalmente, que dizia da história. Quem sabe pra buscar uma pista, um conto, um toque, um sopro, um alento... Sim, vai ser complicado, ela diz. Que bom que ela sabe.  Ele sabia. E estava mais do que disposto. Ele buscou a verdade.  "Temo" - escreveu na noite. E o que queria dizer mesmo era outra coisa.

Haikai sobre a morte.

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A vida  é ida.

Bom fica.

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Minha amiga disse que ela está bem. Há cerca de 70 dias, quando sua dona se foi, perdeu todas as folhas. amuou-se. Invernou de dentro pra fora. Pedi socorro na mesma hora. A Pequena Resedá  é um símbolo importante. A árvore é um símbolo importante.  Raiz, tronco, galhos, folhas. É preciso molhar. É preciso saber que não se poda à toa. Talvez... seria mais fácil se as pessoas compreendessem o casamento, efetivamente, como um bonsai. Sua poda bem feita não prejudica a árvore, pelo contrário, só faz com que fique mais bela, mais forte, mais vistosa. Não há porquê não podar. É justamente o contrário. Os limites não ferem. Exercem um poder importante para o crescimento, para a força. Ser integral apesar do limite é só uma questão de escolha. Não se perde por causa disso. A liberdade de crescer internamente, a liberdade de crescer dentro da relação, a liberdade de ganhar força, a liberdade de ganhar viço tem um aliado na poda. No limite. Muita gente engana-se ao achar que retirando ess

Katana

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Olho no relógio e os números se repetem. Olho pra dentro e você se repete. Não encontro conforto no olhar da minha mãe, não encontro acalento no abraço da amiga, no braço do pai, na palavra medida, no suspiro da irmã. O mundo testa a gente. O caminho tem lama, tem trama, tem drama, tem brahma. Excessos que desmedem quem sou, até onde vou, até onde voo. Lhememisturo. Sememisturo. Desmefaço. Desencontro. O tempo passa. Minha filha cresce. O dente que me obrigaram a não ver nascendo, nasce. Em pé como não pude ajudar a levantar, fica. Sua chuquinha que eu não pude pentear, vira franja. Seu choro que não pude trasformar em riso, sufoca o peito partido. Sentido. Estufa o peito. O casamento se foi, a paixão se foi, o amor se foi, a amizade se foi, a infância se vai, o projeto de vida, a casa, a ferida... Quando a infância finalmente se for, a leitura vai chegar. Com ela a cultura, a análise, outra ferida. A escolha. O mar tem seus dias de ressaca. Na noite vazia, reflete a lua qu

Adam, Cronos e Kairós

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Adam, do Peru, conheceu Eve, da Argentina, há aproximadamente 30 anos. Por cartas. Tudo bem, ele não se chama Adam, não é do Peru e ela não é da Argentina e nem se chama Eve. Whatever. A história é real. Durante 4 anos se corresponderam. Ele e Ela nunca se encontraram. Aos 17 Ele pediu Ela em casamento. Por cartas. Claro, o mundo era menos globalizado, as distâncias eram distâncias. Uma cidade do interior de minas não era exatamente na rota dos aviões que saiam da américa latina. Ele nunca a conheceu. Ela nunca o encontrou. Fisicamente falando. Será que casou? Será que é feliz? Será que ainda tem suas cartas? Ele guarda sua foto, a foto de sua família, as fotos de 30 anos atrás. As mais de 50 cartas... Pergunto: Mas você não tem interesse em finalmente encontrar com ela? Saber como vive, quem é, como está? Nunca procurou por ela no Facebook? Afinal, o mundo agora é tão pequeno... Não, disse ele. Quero guardar a lembrança dela, a da moça de 17 anos. ... Imagino Ela, etern

de Cachos

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A sombra que vê, esconde a beleza de ser. Como se configura, como se inscreve, como loucura? Minha filha faz sombra no mundo, esconde a areia do sol, em meu peito anzol, faz sutura. Beatriz se mistura. Sei onde foram morar os meus cachos, já sei onde se encontra o meu sono, eu sei dos meus sonhos agora, tem água lá fora, corre que o boi já vem. Eu sei do meu neném. Por um triz já menina, me ensina a esperar novamente: Beatriz se gesta no mundo... Um dia nasce em meu colo, eu solo, espero. Terra fértil, úmido de amor. - Yemanjá, toma conta da Borboletinha do Mar. Eu sem sonhar, durmo pra vida girar. Tempo que a areia quis em mim, tempo, o barco navega afim, tempo, o tempo é molho do há mar. É tempo de m'olhar. Lambeatriz, Onda, há mar. Bebeatriz, Sol, há mar. Sobeatriz, Vida, há mar de amor, o mór que sou. In finito.

Sobre os benefícios espetaculares dos bioflavonóides, ou quase isso.

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Em vez de falar sobre o dia de chuva, sobre como a chuva caia na areia da pista de montaria do restaurante de comida mineira que serve as pessoas que pra lá vão produzidas, fingindo estar casuais, em vez de dizer o porquê deu insistir em ir lá comer torresmo, mexido, ovo frito e couve, em vez de dizer que acredito nas palavras da dona do estabelecimento que me chama de querido toda vez que vou lá, porque me conhece, porque vou lá sozinho, porque acho que ela deve imaginar porque vou lá sozinho, porque eu tenho um carinho especial por ela e pelo projeto dela, independentemente de ser um projeto pseudo-elitista, porque me parece sinceramente verdadeiro, em vez de dizer o gosto que tenho quando lá compareço a independer da companhia ou não que eu esteja, a independer da frequência ou do hábito, independentemente da qualidade da feijoada que lá é servida e, em vez de falar dela resolver falar de outra coisa, em vez dela e em vez da criança que chegou no carrinho e que fingi por um momen

Detesto quando me matam

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Quiseraeupoderfazerouvir. Quemderaeuquelessemoqueescrevi. Puderanósestarmossempreaqui. Nodoceolharaondemeapreendi. Coisa mais triste é velório de gente viva. 

Em bora.

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Quando se história de amor, caso. Caso contado, caso casado, caso calado pra quem quer de fato ouvir. Quando se história de amor, caso. Caso contente, caso pingente, um caso claro de casaragente. Casei com os olhos, o sorriso, o cheiro erótico perturbamente. Cá, sei com os olhos, sei de ouvir por trás da boca, sei o que chacoalha a alma. Sei o que me acalma, o que me aquece e desestrutura. Um caso clássico de casamentura. Esse pau duro de cortar os pulsos, essa nudez que inocenta a gente, o caso curo, mesmo delinquente. Quando se história de amor, eu caos. Eu caso caos, eu desmelinguotodo. Eu mais que engodo, eu já refeito em ti. Eu mesmo jeito, eu nunca estreito atrapalho. Eu ducaralho, eu superfeliz. Eu quando caso, amor se história quando. Eu quando caso, amor se historiandando. Eu quando caso de amorsefondo, me findo todo pra me revestir. Revisto tudo, revista toda, revista óculos, quero a partir. Se Quando amor, eu me traduzo mundo, quer

cold play

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Ouço The Scientist . Morro um pouco nas notas singelas do coldplay. Por sorte minha, liguei a televisão quando o Roberto Carlos estava no finalzinho da música de final de ano da Globo. Se não, o choro poderia ter sido catastrófico. Em épocas quando se chora até vendo o Louro José (literalmente, não estou de sacanagem), não é aconselhado ver todo mundo lindo, vestido de branco, cantando de mãos dadas com o mundo lindo e maravilhoso hiperrealista da Globo. Aposto que alguém ali estava com uma cueca furada. Ou pelo menos com uma meia furada. Uma frieira. Uma meleca no nariz. Sim, a vida tem meleca no nariz. Me lembro de um diálogo interessantíssimo do Jack Nicholson com aquela bonitinha loira e o amiguinho gay viajando de carro. Dá vontade de abraçar a loirinha e o amiguinho gay. Mas o Jack Nicholson é quem tem razão. Ele é o real. Ele é quem diz pra gente que por mais que a gente queira encontrar o furo na cueca do outro, o furo está é na cueca da gente mesmo. No body said it w

Un`Altra Volta

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Não faço ideia o que isso significa. Uma outra volta? Meu português aproxima do italiano esperando um falso cognato. Não entendo a itália. O máximo que sei da itália é Vovó Querida me mandando arquivos de fotos belíssimas da sua antiga Itália em Power Point. Lindas todas. O macarrão com bacalhau estava com muito alho novamente. Muito. Já não sei se perdi a referência, ou se o julgamento se deve à falta de outro ingrediente fundamental para o meu jantar no restaurante da Grão Mogol. À esta altura, Grão, Mongol. Sou um retardado existencial. Ouço Drão, me ilusiono, escuto Gilberto Gil me falando da ilusão. Onde plantar? Também não sei, Gil. Não me pergunte. A noite é muito mais escura do que eu posso supor, sempre. Semana passada fiz o que sempre pedi aos meus alunos: tomar banho de olhos fechados. Mais que um exercício para o cérebro, é um exercício de sensibilidade ímpar. Quero sentir a água molhada, Gil. Mesmo que os pecados sejam todos meus. Não há o que perdoar, por isso m

Flor ir

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Filha, olha a foto. Essa é a foto da primeira arvorezinha sua, minha borboletinha. Seu Bonsai que voltou a brotar. Quando você se foi ela sentiu na hora. Cairam todas as folhas, ela secou, ficou triste, só. Daí eu pedi pra Rê e o Rock darem um jeito nela. A Rê logo puxou a minha orelha, filha. Ela disse do tempo. O tempo que faz brotar. O mesmo tempo que leva, traz. O mesmo tempo que vem, passa. O tempo que dói, cura. O que amarga, adoça. O tempo é passageiro da vida, filha. V ida. V     ida. V                 ida. Sem volta, nos encontra na plataforma da estação. Onde chegamos, onde partimos. Hoje partido, amanhã, chegando. Reparou bem nessa frase, filha? Ela é muito importante e muito certa, em suas várias formas de ler: Hoje partIdo, amanhã, chegAndo. Guardei minha expectativa no armário, filha. Que bom que você está há 56 dias na praia com a mamãe. Quisera eu tirar umas férias desse tempo todo também... Aproveita aí pro pai. E se lembra que longe é um lugar que não existe

Noite

Não quero morrer hoje à noite. Escrevi uma filha, plantei um livro, tive uma árvore. Mas tenho um pouco mais a fazer. Não quero morrer hoje à noite. Quero tomar vinho com queijos em Rennes, num banco de praça, quero amar sem medida uma mulher que escolhi e que me escolheu, quero rir andando de carro da Holanda, rumo a Paris, quero fazer uma maratona, quero ver minha filha, quero fazer o Caminho de Santiago. Quero ter amigos, quero estudar em um mestrado, quero ser reconhecido profissionalmente, quero ir a Paris, quero ir até Cordoba, quero ir a Toledo. Quero visitar a Sagrada Familia. Não quero morrer hoje à noite. Quero ver a minha filha crescer um pouquinho, quero mar sem medida uma mulher que escolhi e que me escolheu, quero tudo e muito mais. Ou não. Só não queria mesmo era morrer essa noite.

Presépio

No meu presépio, o menino Jesus fica coladinho no São José.

Sobre colos, Sofhias e pai-xões.

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Sofia, ontem, deitada no colo da mãe. 14 anos, maior que ela, Sofia se aninha pequenina no colo da mãe enquanto ouve o jazz de Chico Amaral e trio. O colo da mãe é o mundo de Sofia. Enrosca. Enlaça. Em laço. É, o colo da mãe é o mundo de Sofia. Mas, fora do mundo, quando estuda com as coleguinhas, coloca Frank Zappa, a pai-xão do pai de Sofia... Já a pai-xão do pai de Sophia não é Frank Zappa. É Chico Amaral e todo o jazz na medida do sonho, na música interna que nos faz mais humanos, como dizze Chico com outraz palavraz. O pai de Sophia sofre com o jazz. Encantado, dança o sofrimento, a luta, o sonho, a redenção da música. Enquanto Chico Amaral e banda se apresentam, Nelson sente a música. Em cada poro, em cada centímetro. Sentímetro. E dança. Dança sua dança mágica, seu sonho de música, seu tocar jazz com todo o corpo, todo o sentimento, se faz o próprio instrumento, todo o som presente em Nelsom. Ele toca jazz com todo o seu corpo. Sophia escuta. Sofia escuta. O pa

Pra Bê do pai

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Bê do pai, cadê você? Cadê o encanto que move os dias, cadê o passarinho parado no ar, o meio do gole d'água, a sede que sacia, saci, fogueira e luar? Estrelinhas miudinhas que brilham limpinhas na noite pretinha do meu neném... Sou bobo, filha. Poema no copo, maçã no pé, risada de gato, xixi de menino, sou pequenino diante de tal natureza de ser. Docê. Yemanjá tem me dado notícias suas, nua, na boa viagem da vida. A areia do tempo escorre nos seus dedos como escorre nos meus, minha borboletinha, e é só encostar a orelha na concha que ouço o mar deitado em seu colo de menina. Vitamina. Você já adorava cará na barriga da mamãe. E o papai adora a sua aflição quando cheiro minha cria, barba que lhe-te-coça-nuca. Ah, sabe o que você vai gostar? Monteiro Lobato, minha Narizinho. Faço-me um ninho e aguardo você pousar. A vida é esse marzão todo. A gente não vê: mas do outro lado do mundo, há bem, há bom e há belo a se descobrir pra viver, meu Bem. Tudo esperando você.

do-ação

Meu amigo me perguntou há pouco: - ah, quando você se doou por inteiro? Quando ficou completamente tomado pela amada, quando ligou o foda-se e se jogou totalmente em um relacionamento? ... Acho que ele me perguntava pensando que não haveria uma resposta. Ele queria saber do ato de amor, de morrer nos braços da sua amada, nos seios, de se tornar nada, tudo, depois de ter-ser tor-nado o tudo, nada... É melhor que eu diga! Re-tornar, se fazer ver, valer, sentir. A-mar sem medida, sem medo, sem sentido. Sem hora pra começar, sem hora pra acabar. De dia, de noite, na hora do café depois do banho, já pronto pra trabalhar... amar sexo, amaremoto, amaré. "Amar é o que sei fazer melhor", como diz o poeta. O sonho de amar amando é o sonho de sonhar-se em sonho. Sem sentido, é o real mais quereal que bate à sua porta. Aorta.

sono

Só quero dormir um sono de amanhã.

A Borboletinha e a fita.

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Borboletinha do Mar, que sabe das ondas, tem em si o desígnio do existir. A presença animada, séria, calada, colada no tempo, espera. Sabe do passo, sabe do abraço, fica aflita quando beijo seu pescoço, fungada de pai que respira a cria. É via. Tenho pra mim, tenho por mim, tenho nada pra mim, tenho nada por mim. Voa vento, borboletinha, entre as estrelas do mar, peixe que é, espuma branca na borda da areia. Vi você no Campo das Estrelas. Entre as estrelas do céu, espreitando e sorrindo. Caminhando comigo, me dando a mão no deserto. Fui no seu colo, meu solo, chão seguro macerado no cajado. Você me sorri, do colo da mãe, e sabe do meu. Mistura. Banho de banheira. Fita amarela. Nas areias do tempo, você, empanada, me sorrindo o que só eu sei.

Ainda sobre o natal

Tal isso, tal aquilo. Na tal. É lá, onde encontros acontecem, desencontros acontecem, resoluções, verdades, sonhos. Fichas caem lá, na tal. Ou na reflexão de lá. Flexiona de novo. Dobra, se prostra, se curva, novamente: re-flexão. Não há resposta certa para o natal. Não há meio de ter certeza, a vida não dá certezas. Só a gentileza, a delicadeza do gesto, a porção dadivosa da Nossa Parte. Onde achamos que determinamos. Onde achamos que temos jeito. Onde achamos que depende de nós. Nesse lugar. Perdi entradas no caminho. Perdi saídas no caminho. Hoje, ando no mato, muitas vezes. E nem acho que seja por falta de sinalização. Acho que não estamos preparados para os sinais, volta e meia. Meia de lã vermelha, meia de lã verde. Verdades de meias. Se deixamos, esfriam. Se deixamos, morrem secas. Lá. Na tal. Boa noite.

Vontade de ser melhor

Amanhece escuro e ligo as luzes de natal da árvore nova que coloquei na sala. O papai noel tem mais cara de papai noel desse jeito, não com aquela roupinha da Coca-Cola. Sinto uma coisa boa. Tenho todos os motivos desse mundo pra detestar o natal. Mas escolhi os outros motivos que me fazem amar. O natal, quero dizer. Esperança é um deles. Vontade de ser melhor. Vontade do ninho, um pouco de magia, daquilo que não se vê. O Mistério da Fé é muito pouco explorado, hoje em dia. E nos damos ou com a auto-ajuda piegas ou com o entretenimento, o show pirotécnico da crença vazia. "Eu SEI Deus", já dizia um pensador citado por meu professor no curso de extensão de Filosofísica. Eu também. Sei das luzes, do Mistério intangível da fé (pela via da razão), da alma, do sonho. Sabedoria+Sonho+Entrega+Eros+Ânimus+Tempo+Graça+Eus+Silêncio=Mistério da Fé. Ou algo parecido. Comprei um livro novo sobre uma história de amor. Estou lendo dois com o mesmíssimo tema. Um clássico, um cont

Haikai do viver aprendoendo

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se lenço, choro. silêncio, escuto e espero

Haikai da dedicatória ao Amor inteligente

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para ser o primeiro livro de uma nova estante

As costas do Vazio

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Ontem sonhei com você. Que tinha certeza, que sabia de tudo, que ouvida de tudo, esperava escuta. Auscultei. O Vazio corre em mim e corre de mim. Não o alcanço. Corro, léguas, maratona, atravesso a linha de chegada no Rio de Janeiro pra provar que posso. Osso. Acho que o Vazio corre pra que eu não o alcance mesmo, para que não veja o seu rosto, para que não saiba como é de frente. Só vejo suas costas. Aflitivamente corro e, tartaruga com lebre, ele foge ifinidefinidamente. Mente. Mente que posso alcançá-lo. Mente que me comandamente. Mente que eu finjo que acredito. E retorno, eterno até certo dia, até certo ponto, até o diamante azul dos meus sonhos, dos sonhos da gente, quando a gente sonhava. Hoje, vi uma menina linda atravessando a rua. Ela não vive no mundo da maldade, no mundo que tem mentira, na maçã mordida, na cicatriz que sangra da costela de Adão. Seu Vazio tem frente, seu Vazio tem lado. Seu vazio tem lada. Meu mundo foi tomado de mim. Porque deixei por en

para quem estiver preparado

http://clubalfa.abril.com.br/sexo-e-relacionamento/relacionamento/amor-e-sujo-e-perverso/

341

Essa é a postagem de número 341. Dificilmente alguém vai lê-la até o fim. Dificilmente alguém vai leila até o fim. Vai, Leila, até o fim. Por favor. Se você não leila, quem, então? Eu estava lá quando minha avó morreu. Ao lado dela. Eu sei o que é isso. Eu sei o que é presenciar a vida. Eu sei que não duro pra sempre. Sei que a qualquer momento posso faltar. Sei que você que lê isso, fatal, mente. O orgulho pulou do alto do esquecimento. E, porumomento, és, que cimento... De cara para a postagem de número 341, me esborracho, me desapago, me desdeleto. Desde Leto que anoite é clara. Com ela anoita-se, os sentidos. Sem tidos. Sem sidos, sem nada. Quero falar do amor, mas fui dormir mais cedo. Antes, me sentei no box, deixei a água cair março e anoitecer outubro, lembrando que a sede está, que o barulho do xixi da vizinha está, que seu silêncio está, que seu nada está, que a morte da minha avó está, que a morte próxima está, que o barulho da cama não está, que a lembrança está,

sobre a vontade e a burrice

Burrice não mede as consequências. Burrice se esquece que quem planta, escolhe - como eu disse num haikai. Sim, porque "quem planta, colhe", é lei da física, não precisa explicar, defender, levantar bandeira pra ver se é entendido... Ação e REAÇÃO. Burrice não se sabe burro. Burrice se esquece que o tempo passa, que o outro escolhe, que existe um norte, que existe um sul, um sudeste, o vento, o sopro, no ouvido, a noite, o dia, a morte, a sorte, o porte, o corte. és. colha. Porque perdoar é uma coisa. Esquecer, outra bem diferente. As pessoas crescem. Independentemente da burrice. E da vontade. Como diz meu amigo, Deus só limitou a inteligência.

Matheo.

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Matheus pequenino, Deus menino, no colo do pai. Brinca criança, acorda a lembrança de Eduardo e Elisa. Em seu mundo, cavalo é coxa, escorregador é perna, braços trampolim. Mão que vira bichinho, mão cavalinho, mão passarinho. Não é de muita fala, o Matheus. Ele olha o pasto, conta a rês, inspira fundo. Sorri pra mãe, que pode contar o mundo. Ontem, correu pro pai. E demonstrou ao que veio, foi ser muito humano, na pequenina grandeza de ser. Veio correndo. Ao conquistar o colo do pai, olhou nos olhos e perguntou:  - Papai, quando você era pequeno você se chamava Matheus? ... Eduardo ganhou o choro de presente, Elisa ganhou o choro de presente, eu ganhei o choro de presente. Não deve existir bem maior a um pai que o reconhecimento do filho, que o olhar do filho, que o " eu vou ser você quando crescer, papai?". Mesmo que enviesado, mesmo que poético, mesmo que no mundo mágico do nosso querido Matheus. Olho pra minha filha e me vejo um pouquinho nela, no jeito de olha

Hum ano.

Alguém suicidou pulando de cima de si. E descobriu, ao cair, que era pequeno demais pra isso. E resolveu viver, finalmente, o presente, desembrulhando-o. http://www.youtube.com/watch?v=MXki8pIOMH8

Sabia? O ovo azul do sabiá.

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Ela está cada dia mais linda. Não há um dia só que não suspire, uma, duas, três vezes. "-Ai, papai..." Seu cabeludo topete, vassourinha desengonçada, dá um ar mais engraçado, divertido, ao seu jeitinho assim assim de ser. Sua impaciência e seu jeito aham-Cláudia-senta-lá, como diria a Xuxa-tv-Manchete, são de admirar. Nos resta a espera. Do contato, da oportunidade, do abraço, do que me contou da última vez em que encontramos. É o máximo ela falar "papai". E olhar com esses olhinhos aí de cima, esse topete aí de cima, esse pega rapaz que nem sou tão rapaz mais minha filha, essa boquinha de coração que eu sei de quem puxou. Franze a testa mesmo, filha. Esse mundo é assim. A gente tem todo tempo do mundo pra suspirar junto. Olha, segue o ovo de sabiá que tinha no sítio neste final de semana e não pudemos ver juntos. Tirei a foto no celular pra lhe mostrar.

sobre o que fazer agora

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  "Basta um grau muito pequeno de esperança para que nasça o amor." Stendhal (1822) Acho que Marie-Henri Beyle, conhecido como Stendhal, me mandou um recado, que atravessou o tempo e atemporalmente me verdadeia os sentidos, todos, em estado de letargia e contemplação. Quando o choro seca, o nada pergunta em grito. Nado surdo por inteiro, não há cotonete nem toalha que ajude. Meu balde é baldo. Vou fazer um furo nele. E plantar uma roseira.

as crianças e as crenças crescem.

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Nada como a certeza do amanhã. O amanhã pode não me ter, pode não ter remédio, pode não ser, pode não ver, mas vem. Diferente do hoje, amanhã hoje mudado, ontem de um dia que nem sei. Amanhã melado, amanhã sou vivo, amanhã sou forte, amanhã já morto, amanhã talvez, um hoje ainda mais feliz. Um hojunto, um hojentil, um hojusto, um hojá passou. Amanhã espera amanhã. Amanhã antes de um ontem que nem importa. De mora. Amora. A morada. Lugar casa do quero estar. Enquanto durar.

Haikai do entendimento

depois de muito me-ditar descobri que não sei ler.

foReVer

em forever leio fever leio ver leio ore leio for leio rever ouço forever para ver é preciso prece, febre, reencontrar, para ser sempre. Forever.

Haikai de nós

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Nós somos mais. Nós nos fazem menos. O querer desata um dos dois.

provocoração

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Olha atentamente. Se maravilha com pouco. Sorri. Espia o mundo, se espanta, questiona e suspira. É muita coisa mesmo. Espera um pouco, deixa eu prestar atenção no seu colar. Eu conheço este símbolo. Eu sei o que quer dizer. Mexe os dedos das mãos lentamente, franze o cenho apertando o olho. Os cílios esbarram no mundo.  Expira. Olha pra lá, olha pra cá, resolve. Quer experimentar. Esse colar é meu, deixa eu colocar na boca. Deixa eu engolir, experimentar, deixa fazer parte do meu ser inteiro, deixa ser eu.  Deixa, ser. Eu. Eumundo.  Eus.  Deus. Enquanto provoco minha filha, meu coração me provoca.

sobre passarinhos e respostas

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Se você tem um sonho, tem que correr atrás dele. Se você quer uma coisa, corre atrás. Ponto. - Diz Will Smith no filme. Seu filho, no filme, pergunta: Pai, quando a mamãe vai voltar? Ele não sabe, filho. É assim. Às vezes a mamãe vai, às vezes volta, às vezes não. Enquanto tomo um yogo e escrevo esse post, tem mãe partindo, mãe chegando, mãe querendo, mãe chorando. Tem pai que não sabe a resposta. Tem muita mãe no mundo. A minha, feliz por ser avó, sofre com o filho. Ele não é dos mais fáceis. Ele é poeta. Acredita no sonho, corre atrás dele. Acredita no ponto do Will Smith. O inferno está cheio de boas intenções, alguns dizem.  Prefere ir para o inferno acreditando no Will Smith. Prefere a verdade dolorosa. Apesar de alguns não suportarem a abstração da verdade. Prefere morrer poeta, prefere correr atrás. Pelo menos, corre. Vou tentar resumir, que se não esse post vai demorar 38 anos pra ser lido: Depois, quando lhe foi ensinado a andar, começou a correr. Daí, fez o Caminho

Profile Picture

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Aprendo a cada dia. BuscANDO. Estou morto, estou vivo, estou esperando você chegar. Espero você passar na porta. Só. Choro pelas manhãs, sinto frio de vez em quando. Deito nos braços de tudo e tudo me acolhe. Coloco tudo no peito e me encaixo em seu manto de amor. A vida tem sido brava comigo. Nas noites, pulo na cama, viro, me debato. Sonointranquilo. Misturo desejo com medo e medesejo melhor. Penso em olhar pra porta e ver você entrar. Penso em estar em paz. Penso em rir de gargalhar. Penso no quando somos parecidos, penso no quanto somos parecidos. Ainda bem que tudo existe, ainda bem que tenho você na lembrança. Ainda um bem que não está. Mas vai chegar. A independer dos humores, boicotes, trotes, trecos, trucos, troças, traças, trincas. Sempre há o trem. Meu trem é o do sonho. Nele, sou passageiro e maquinista. Nunca duvide disso.

Em canto.

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Hoje eu me diverti com seu chorinho. Não foi um chorinho assim chorinho. Foi mais como um chorinho assim reclamento. É, sim, foi isso. Um chorinho assim reclamento, um beicinho  de choro e um lamúriozinho do tipo... hummmmquê que eu tô fazendo aqui? Eu ri por dentro. E pensei no tanto que isso importa, no tanto que somos assim assim, iguais, mesmos, inteiros partidos, somados, subtraídos, e o tanto que isso realmente faz com que a gente reclameie um tanto. Hoje eu também quis fazer isso diversas muitas tantas vezes. Hoje, ontem, antes de ontem, antes de ontem de ontem de ontem até chegar lááááá atrás. E reclamar o lamúrio do quase choro, o bico sem jeito, o franzir do nariz e o cair do olho. A dó de si mesmo, ensimesmado com o mundo. Misturindochorando de si e de tudo, dizendo: hummmmmmm.... É só um sonzinho apertado que sai. E nem é hum. é i, é o+u+i, sei lá enfim o que é. É um apertin na gargante de quem quer cantar e não deixam. De quem quer voar e não deixam. De quem quer

Os Cílios da Minha Filha

emocio nado sal doso  cl areia ilumi nado nada ndo a barca ser eia a mar a mor pai xão ve nc eu as raízes da árvoremar são os rios que mó navegam

sobre a água em abundância

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É bom que se diga: tudo tem limite. É bom que se entenda: a cegueira por escolha talvez leve à surdez, à falta de tato, de faro, de paladar, ao silêncio, à falta de sensibilidade. Nem tudo tem volta, nem toda escolha tem jeito, nem tudo que sobe desce, nem tudo cai do céu, nada é eterno. É bom que se lembre que se morre muito de sede no meio do oceano. Apesar de toda aquela água. Pode-se morrer de amor, circundado de amor. Pode-se morrer de tédio, de gripe, de susto, de frio. Pode-se morrer até de inveja. Seis meses passam tão rápido quanto 5 anos, 10 anos, 12. No tempo do pensamento. Quem vive tanto e tanto, traduz na lembrança a expectativa do tempo, dos tempos, dos temos. Tememos. Morre-se também de temor. E o interessante dos filmes de terror é que o susto acontece quando não se espera. Você está esperando? Quem vê o filme também está. Adianta? Espero que você tenha feito pipoca.

Sobre o mundo dos pôneis

Vou dormir. E sonhar com um mundo onde não exista polícia civil, investigação, ação criminal, burrice, esquina, escuro, breu, solidão, insegurança, elevadores que caem, tocaias à noite, ladrão, assassinatos, crimes aparentemente sem motivo, aborto ilegal, delações, cartas, provas, burrice, desgosto, juízas mortas, tráfico de drogas, burrice, corrupção, inveja, medo, susto, síndrome do pânico, dor de cotovelo, cerveja quente, polícia militar, bandido, doença, burrice, dor de cabeça, câncer, insônia, caco de vidro, bala perdida, ratos, baratas, cobras, burrice e outras coisas assim assim. Afinal, se até os pôneis são malditos... imagine as pessoas. E os pôneis nos parecem tão lindinhos, né? Burrice pega?

Eles dois

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Olho pra foto que tem vocês dois. Passado e futuro, a linha do tempo provando que o presente é o que importa. Por quanto tempo estaremos juntos? Eu sei a resposta. No tempo do hoje, o presente que desembrulho me faz descobrir. Revelo veloz a lentidão do momento. A linha do tempo dá uma volta no meu dedo. Aperta com o fio de ouro e marca que corta. Fica. Significa. Olhamos nus. Um sabe. Um espera. Uma respira. E faz da simplicidade da vida todo o motivo da existência sublime. Sou grato por ser um elo do meio, mais uma vez ponte, no mistério indescritível da vida. Continuo esperando. Acho que vou esperar a vida inteira. E viver só da admiração da inefável escuta. Ausculto. O coração que recebi de graça em Finesterre tem o mesmo som de uma concha de um caramujo do mar. Como as belas conchas de Gaudi...