Cá.


Ele não obteve resposta. Achou um cartão seu de natal e lembrou de tudo.
Viu todo o carinho em suas palavras e pensou que só o amor é mais forte que a razão.
Lembrou de quando tudo fez sentido, de suas palavras, do que queria dizer e escreveu em letras sofridas em sua caderneta de viagem. Pensou que as coincidências não existem e que nada faz mais sentido que o completamente sem sentido. Sabe que tudo muda, nada perdura, como diz Heráclito, e que o amor verdadeiro transforma, mas não morre. Entende que não há nada mais aconchegante que as noites juntos, já compassadas pelo costume. Pensa que as gargalhadas brincalhonas podem não morrer, e que os sorrisos tímidos têm verdades compartilhadas. Espera que o tempo passe e que não seja eterno enquanto dure, pois a chama interna não depende de oxigênio, só de dois corações que pulsam sangrando. O tempo é remédio das dores. Só espera quem sonha com o tesouro.
Ele, Adam. Ela, Eva. Ele é terno. Ela, cá, minha.

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