carcereiro dorminhoco


Eu disse a Carla Vergara que havia deitado à tarde e sonhado.

Tenho sonhado com palavras. Não sonho mais com pessoas, desde que tudo se foi. Hoje, no dia 18 de julho de 2010, terminei de ler Grande Sertão: Veredas, oficiosamente. Ofício de ler, reler, sonhar e ressonhar palavras. Curiosamante, palavras que tenho sonhado, Não sonho mais pessoas. Será que elas nunca mais vão me fazer sonhar?

A cre dito a mor, a cre dito a mar, e a poesia é a única forma que encontrei hoje cedo de tudo, de tudo voltar. Chronos me aprisionou em seu sonho, ele sonha comigo. Kairos, meu amigo, acorda meu carcereiro. Mas ele volta a dormir. Dor mir e sonhar.

Hoje, à tarde, sonhei com a palavra ADEUS.

E, misteriosamante, só pude concebêr e a cor dar: A DEUS...


na foto, o cruzeiro de Curralinho, despedindo-se do dia 02 de julho de 2010.

Comentários

Carla Vergara disse…
Bê, que bom teres compartilhado teu sonho comigo e com todos que passam por aqui.

Este teu post me levou a dois trechos da Adélia Prado, poeta que gosto demais:

"Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada."
(Antes do nome)

e

"Porque que tudo que invento já foi dito
nos dois livros que eu li:
as escrituras de Deus,
as escrituras de João.
Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão."
(Invenção de um modo)

Sonhar é o que importa.

Grande beijo, Carla.
Anônimo disse…
Ô! que lindo! adorei. :)
Bê Sant Anna disse…
Agradecido pelos comentários graciosos! Vamos caminhando nesse ser tão intenso...

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