Azul Profundo.

Entrou na Maria Filó do Diamond Mall.
Ela estava lá.
À direita de quem entrava na loja, um vestido que só poderia ser dela.
Do mesmo tamanho, da mesma medida.
Conhece cada centímetro do seu corpo, cada curva, cada espaço, cada suspiro, cada marca. Conhece os contornos do hoje, já sabe o que vem amanhã.
Sabe que esse vestido é dela.
Per feito, feito pra ela.
Tamanho de decote - o que ele queria que ela usasse -, o curto ousado respeitoso da saia - ela sabia que ele adorava suas pernas à mostra - e um tom que lhe cabe. Sabe?
Que lhe exalta, que prepara a todos pra sua pele, seus cílios, sua boca marcada, seu sorriso, que quando quer, é tímido.
Seu jeito de olhar um pouco pra baixo-pra frente, pro canto-pra gente, que enternece e deixa doido.
Um jeito assim assim.
Tava, ela tava lá. Até perguntou pra vendedora o preço.
- De 379,00, pela metade do preço. Leva, ela vai gostar!...
- Tenho pra quem levar não. Se fosse um dia, levava.
- Se você quiser, pede pra ela me procurar. Meu nome é Priscila. E a referência dele, é 15444. Tenho certeza que ela vai amar, pelo jeito que você parou e ficou olhando pra ele...
- Agradecido, Priscila. Mas só parei porque fiquei pensando aqui uma coisa, não é nada não.
Ele disse a ela: não é nada não...
Saiu da loja, e ela não seguiu ele. Ficou lá, pra sempre.
Hoje, quando as luzes do Diamond Mall se apagarem, ela vai ficar ali, no escuro.

Comentários

Renata Feldman disse…
"No escuro", mas com o seu olhar aceso sobre ela...
Bonito, Bê!

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