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Mostrando postagens de junho, 2010

- vai ser complicado

disse ela. Fui ver "O segredo dos seus olhos" com minha mãe. O filme acabou e ela não olhou para mim. Só me deu a mão, na hora que eu disse: vamos ? e se levantou e me puxou calmamente, respeitosamente, sem se virar para mim. Talvez ela tenha percebido, meu ombro estava encostado ao ombro dela. Certamente, mãe. A elas, nossos ouvidos. A elas, nossos olhos. A elas, alguns dos nossos segredos. A elas, as ações que nos agridem, mesmo que não sejam nossas, as mães. Por vezes, ocultamos a verdade, sempre por elas. Ela não tem culpa do filho que tem. Ela não tem culpa da filha que tem. Todas, mães. E sofrem, e padecem no paraíso, e não olham para o filho quando choram. Só quando é preciso. É preciso descobrir o segredo dos seus olhos, mães. Preciso. Daí, ser preciso quando choro, quando minto, quando moro, quando sinto, quando adoro, quando amo, quando ando, quando volto. Eu preciso chorar descobrir quando choro para me olhar descobrir revelar nos olhos secretos de minha muito muit

quando a lua nasceu na estrada hoje

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Sat patim dehi parameshwara - disse minha prima. Entendo bem o que você quer. Desentendo o querer, baseado no ser. Desejo o estar e permanecer. Entendo mais o silêncio e o perdão. Desentendo o falso sentido do não. Desejo o que m te, quente e somente tanto verdade. Simplesmente. Simplásticamente. O olhar da menina me diz que lua, que sentido, que ouvido e balbucia. Se inicia no somar. Somalicia. Todos os beijos daqui por diante vão indiscutivelmente falar de nós. Êta agrura que desatina...

Solomino

Dínamo levantou cedo. Tinha sonhado com soldados. Sonhou também com fogo, a noite inteira. E que havia fogo embaixo do sofá. Talvez fosse em cima, Dínamo. E o fato de, no sonho, o chão ceder ao toque, ali mesmo na sala, só constata que ruiu, enfim, o que estava podre. Daí, pegou um lápis de cor, preto mesmo, e ousou: SOLOMINO ela merece aquece o meu sono de menino ela padece da prece que envulva o meu olhar ela enlouquece enternece nua presença no mundo e faz de ludo pro surdo voltar a escutar mas foi a dois que o sonho o mesmo sono de menino se encontrou distante do sinto (muito) e se firmou com força com jeito de enforcar e autorizou defeito no preceito para amar Refrão : Como é que faz quando tudo acaba?... Como é que faz quando tudo?... Como é que faz quando?... Como é que faz?...

für die prinzessin

Não triste não viste o sabor do saber. Não veja só seja o bom do querer. Se, tudo, diz, muda, o que é o amar. E estuda um jeito sem jeito de se conquistar. Só sinto um defeito no jeito de eu ser de estar de sobreviver. Casulo de mim moro no abraço sem laço com choro no ombro que faço ao lembrar de você.

nova mente?

Pele. de dentro e de fora. Pêlo. de dentro, do centro. Aquilo que foi, não encontra motivo. Queria algo novo, diferente, somente. Unicidade única. Unipaís, unicontinente, unimundo, universo, Uni. Única mente, infelizmente e lhe faz poído. Arrasado, fudido. Não encontra reflexo nos seus cacos. Antes, via bolas de natal quebradas, todas vermelhas, aos cacos e see via em todas elas... E mesmo assim era natal. Mesmo assim era bom, era belo, era sonho... Hoje, só uma confusão de sentidos, humilhação do vazio, fastio, repugna ao toque, retoque, dê-lhe um desvio. É muita dor de garganta. É muita agressão a quem sonha. Crudelíssima vida, que expulsa, faca afiada na língua, joelho ralado nas manhãs sem mães. Desencontro. O circo vazio se encontra. Ele, palhaço, no meio do picadeiro chora. Esmola. e a terra assola a vontade de voar novamente.

medida da sorte

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o filho que quero ter se inspira no pai, de verdade se vem sabendo o perdão descobre a importância do amor do pão, da fidelidade o filho que eu quero ter revela, que cavalheiro sabe do dom da espera confia no ato, na guerra da paz na crença que existe o a mais amai filho que quero e me faz pai, de verdade que só sou pai se és filho meu eu de pra mim que dor, de filho, de encanto de fantasia termina expectativa de tudo onipresente desfeito sorriso que tenho, eu sobrinho Matheus, silêncio criança que brinca no peito eu menino confio a ti esta dança me pega na mão, Matheusinho Theu riso, Theu sonho, Theu eu e diz que sem giz, mundo finda amarelinha sem céu me diz MatheuZeus, filho amado que de galope em galope se pode ouvir o silêncio pode sonhar sem medida e confiar nossa sorte... *na foto, Bê e Matheus, filhos, primos, sobrinhos, muito queridos, que sabem da importância e da verdade do silêncio que comunica mais que a palavra...

São João.

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Atrás das bandeirinhas, a expectativa do sonho. Atrás das bandeirinhas, o beijo roubado, o encontro esperado, a fogueira que queima, a troca de olhares. Atrás das bandeirinhas, quentão. Atrás das bandeirinhas, o casamento de mentirinha, a noiva pronta, o padre de brinquedo, o noivo iludido. Atrás das bandeirinhas, festa, folia. Atrás das bandeirinhas, mães correndo atrás de meninos, estalinho, meninos correndo atrás de meninas. Atrás das bandeirinhas, uma janela se abre para a vida que se quer. E o vento que passeia azul, laranja, vermelho, verde, amarelo... ...e Bárbara brinca, linda, colorida, bem na frente do meu sonho... Êta, São João retado! Assim eu queimo!...

Haikai do retorno

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Voltamos às palavras. Paradoxalmente, o devir com gosto de saudade.

Deshaikai 1 - a restrição dos sentidos

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Nem eu, nem você, nem nós. Quando silêncio, as palavras ideais. Quanto desejo, atento aos sinais. A esperança nos fez cosquinha e tornou-nus crianças: crentes, ingênuas, amantes. Nada somos, mais nada. Já fomos bem pelados, distintos, somados, subsumidos, subsomados, superunidos. Alados. A grama coça quando se deita de costas.

paduanos

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Se milagres desejais, recorrei a Santo Antônio; Vereis fugir o demônio E as tentações infernais. Recupera-se o perdido rompe-se a dura prisão e no auge do furacão cede o mar embravecido... Responso de Santo Antônio, que de vida, rumo e sonho, faz-se presente pra gente. Que dá luz, reza graça, conduz. Que vigília, mistério, sério, critério. Monastério. Induz. Se fogueira, preto e sonho, se crepita, luz e fogo... neve de cinza que vira natal de menino e lembra que flâmula, bandeira. É verde e vermelho, Seu Dotô. O amarelo sangrou. Ê minha Dinha, sua bênção. Sua reza é forte, né? Queria esse olhar pra mim. Olha pra ela, minha Dinha. E descobre, revela. Já vi máscaras de carnaval. Nunca de São João, Santo Antônio. Será que alguém vai guardar quentão pra mim? Tava quase, o casamento na roça. Quase-quase.

para o céu

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Arco Iris tras un día de inundaciones - diz o jornal embaixo do teclado do meu computador. Não, não é um jornal do dia 12 de junho. É do dia 23 de outubro de 2009, dia dos namorados. O verbo morar, que conjugado em na mora dos faz-se presente, deve ter papel de embrulho. Deve ter laço de fita, deve ter entusiasmo. Sim, entusiasmo, que vem de arrebatamento. Entusiasmo é transar 3 vezes e querer mais. É enrosco de pernas, pele lambida, queixoroxo. Entusiasmo é arrebêtamento, é lágrima que escorre, é riso incontido, são dedos que se entrelaçam. Entusiasmo é exagero do olhar, é fechar o olho pra lembrar, é lembrar de olho aberto olhando para o nada tudo que de nada vale. Entusiasmo é quase entusiasno. Arre bata mento que eu mereço, arrebestamente que me sacrifico. Arrebostamente que tudo acaba. Me acabo de ser poeta, me envocêsiasmo e me perco eu pra não mais me saber nós. Me emaranhado de nós. Arco Iris, flor do céu, que pede perdão pela tempestade louca: a água mata a sede do certo e do

Saudade do passarinho do Caminho

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Ganhei um livro de poesias completas de Manoel de Barros de uma pessoa linda. Minha bela chefe segurava o livro pra mim, enquanto eu pegava nossas malas na chegada do Galeão. Fizemos um evento incrível no Rio de Janeiro no feriado. Quando já tinha o que carregar, veio ela: você já chegou na página 322 ? XII - página 322. Bernardo é quase uma árvore. Silêncio dele é tão alto que os passarinhos ouvem de longe. E vêm pousar em seu ombro. Seu olho renova as tardes. Guarda num velho baú seus instrumentos de trabalho: 1 abridor de amanhecer 1 prego que farfalha 1 encolhedor de rios - e 1 esticador de horizontes. (Bernardo consegue esticar o horizonte usando três fios de teias de aranha. A coisa fica bem esticada.) Bernardo desregula a natureza: Seu olho aumenta o poente. (Pode um homem enriquecer a natureza com a sua incompletude?) O bom de ler poesia é ter a oportunidade de fazer dela sua. Acho que Manoel de Barros me perdoaria a ousadia da apropriação e a de sentir o que senti quando li es

ah

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há uma pressão na alma, falta de ar que suspiro, há fatos há flanelas sujas, decanto, desencanto e sei sobreolhar há um risco infinito na mente, que faz meu vinil da cabeça voltar há passeios pessoas, pessoas passeios, há regresso, há anseios há de haver, há de ser, a de ser, há descer há o verbo encontrar no lamento, do tormento, no meu caminhar há balão azul, ah, balão de oxigênio, não me deixa sem ar! há pro infinitivo, há subjuntivo, e imperfeito, cega o olhar ontem, vi a mar, e nela não há hoje, vi a mar, e nela, turbilhão de desejos de arrebentação sem buscar praia afogam-se os pensamentos, esperança como bolha no fundo do oceano: ninguém sabe ao certo se chega à superfície ninguém sobe ao certo, se chega à superfície... sou São Francisco dos peixes que vivo, molhado, não sei se bebo a água que serve de caminho para os que me cercam.