Para Érica. Ou melhor: anda, Érica.



Não sei se o nome da Érica se escreve assim.
Aliás, não a conheço. Não há conheço, melhor dizendo.
Fui hoje apresentado a ela em um restaurante.
Érica quer que eu diga da minha corrida, do meu passo, eu passo, eu viajo, eu Caminho.
Posso falar pra ela das asas nos pés, do vento no rosto, do cheiro da rua,
do trote ininterrupto da massa que me empurrava, corrente humana, torrente humana, eu peixe nas águas dos homens e mulheres da Maratona de Paris.
Érica, eu não sei mentir.
Eu chorei no Km 5, já. No 17, no 26, no 35, onde não mais havia número, nem expectativa. Onde só há via.
Entende, Érica?
Ou compreende?
Senti quando meus pés soltaram o asfalto e naveguei livre no ar, no sentimento de dor e exaltação exacerbados.
Senti que era.
Fera. Sentidos agudos aguçados pelos desejos pulsantes, passantes, pé pé pé. Trote.
Tá, tem a paisagem, tem Paris, tem arco, tem torre, tem rio, tem museu. Desculpe, mas eu preciso dizer que pra mim eu fui maior que isso. Tudo. Desculpe mas eu preciso dizer que eu fui tão pequeno, tão pequeno, que grande. E enorme.
Fui superação, fui só um na multidão.
Fui garra, fui só um número.
Fui mais forte do que eu poderia supor, fui um nada que somado a outros tantos que nadam são tudos...
Aiaiai, Érica, como eu vou te contar tudo isso? E o pior que você está esperando.
Mesmo se em me conhecer.
Bom, vou pensar melhor um jeito de te contar sobre isso...
Sobre a experiência?
É rica,
posso dizer.

fica, por enquanto, só duas fotos lindas que expressam um pouco do meu imaginário sobre o assunto...

Comentários

Katia Daudt disse…
Parabéns pela super_ação, pela medalha merecida... e pelo lindo texto!
Um forte abraço
Erica Machado disse…
Poucos acertam meu nome. Sou assim mesmo, Érica. Continuo seguindo e torcendo por seus passos, seus trotes e suas letras.
Você se supera e eu me emociono.

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