Cicatrizes e globalização.



Museu.
Os alemães têm uma grandeza difícil de compreender. De entender, sim, de compreender, difícil. Fomos ao museu dos judeus em Berlim e foi uma espécie de soco no estômago quando se está desprevenido. Na sala também fotografada por mim, onde rostos em ferro traduzem os tantos e tantos judeus mortos nos campos de concentração, o ser humano se vê mais humano. O sofrimento é simbolizado de tal forma que é preciso dar vazão. Chora-se ao som do vazio existencial, nas cores da incapacidade de amar, nos versos do silêncio do ser.

É difícil compreender os alemães mostrando a ferida pra nós, com pregos em punho, futucando e futucando até sangrar. Até quando será que eles têm que pedir perdão? E mesmo com essa questão, saber que enquanto pedirem será pouco - imagino...

Nobre. E triste. E belo. E superior. E impressionante. E horrível. E humano.
Desde a guerra que os alemães não colocam mais um nome em seus filhos. Um nome muitíssimo comum na alemanha, mas que simplesmente não existe nas novas gerações porque "pega mal": o nome Adolf.

***

Em Magdeburg
encontrei minha amiga Cris, correspondente do Brasil em Berlim da rádio Deutsche Welle, do governo alemão. Ela mora com esses dois alemães da foto. Ontem à noite, decidimos não sair. Nos sentamos no chão do seu quarto e ficamos praticando o inglês, enquanto a gente ouvia música brasileira, tomava vinho fancês, comia queijo italiano, pão alemão e azeite português. Ele aproveitou meu ânimo e me acompanhou no meu treino de corrida ontem. Corremos em um parque lindo, banhado pelo caudaloso rio Elba, ao som, na maior parte do tempo, de um passarinho cujo nome não sei, mas seu canto me lembra o de um sabiá.
Hoje, vamos a uma cidadezinha antiga aqui perto, pra admirar a arquitetura original que encontramos par no sul do nosso Brasil. Grato pela acolhida, amiga Cris!



Comentários

Unknown disse…
Ei Bê, adorei reencontrá-lo através desse Blog. Estou gostando muito de tudo que já li. Tanto quanto gosto de você. Precisamos marcar outro almoço prá conversamos melhor sobre esses seus caminhos e corridas... Bj.
Emilia Pimentel
Bê Sant Anna disse…
Minha querida Emilia! Que ventos bons de páscoa te trazem!!!
Espero que volte sempre, com sua energia que cativa, responsável por nós e por todos.
Olha eu matando aula e indo pra sua sala atender telefone, olha... é como meu blog.
Bê ijos e sonhos!

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