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Mostrando postagens de novembro, 2009

Onde dentro

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É uma pena que não posso contar onde é esta cachoeira. A peregrinação do domingo, dia 29 foi muito especial. Seis pessoas com vontade de re-conhecer a natureza, encontrar o saudável, o bom, o belo, dar espaço para a poesia visual. É uma pena que não posso contar onde é esta cachoeira. De jipe, calango nas rochas e terra da estrada, subimos e descemos rumo ao lá longe. Onde não há. Onde é dentro, em nós, brotando água e irrigando sonhos. Poços de esperança em um mundo onde não se pode contar onde é esta cachoeira. Mas vale procurar. Nas reentrâncias dos morros, onde a paisagem faz curva, detrás da expectativa, em baixo da cama do cotidiano. Procure lá, no aqui de dentro de si. *Veja o vídeo...

La montagne et le garçon

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Faço aulas de francês. Gosto muito. Comecei a fazer as aulas antes de entrar no mestrado porque sabia, de um modo ou de outro, que meu trabalho de mestrado ia passar pela França, só não sabia como. Intuí. Cíntia, minha professora, cabelos curtos, olhos atentos, mente aberta, simpatia em pessoa, é culta. E gosta do que faz. É interessada, procura coisas que se parecem com os alunos para enriquecer suas aulas, faz por onde, faz por merecer. Atualmente, minhas aulas têm sido às quartas, de sete às nove da manhã. Hoje, propus uma coisa talvez interessante, talvez diferente, talvez rica, talvez minha para minha amiga professora Cíntia: fazer a aula de quarta-feira que vem, de 5:30 às 7:30 da manhã, aproximadamente. Sim. Vou pegar minha amiga Cíntia e subir uma montanha próxima a Belo Horizonte, na saída para o Rio de Janeiro, para ver o sol nascer fazendo um piquenique. Cíntia topou na hora. Em plena quarta-feira, dia de trabalho comum, normal, dia como outro qualquer. Sim. Há mais ou menos

Na Corcunda do Dragão

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Domingo, dia 22 de novembro, fiz uma caminhada na Serra da Moeda. Convidado por Thiago Barros, que na foto se encontra à esquerda, ao lado do Zen Betão e do Mestre de Yoga Manjit, subimos o "Topo do Mundo" vindo lá de baixo, de onde lá de cima só se vê do tamanho de formiguinhas. Betão nos convidou a subir a imponente montanha passando por dentro de sua casa, dentro de sua fazenda, dentro de seus sonhos, onde futuramente será a instalação de uma linda pousada com vários chalés pra quem gosta do verde, da paz e da alternativa viável de ser feliz no mundo contemporâneo. Caminhamos não mais do que 10km. Se não fosse o sol inclemente e a subida muito íngreme, seria uma caminhada fácil. Mas as dificuldades se apresentaram para nós como desafios, e não como problemas, fazendo com que o Caminho do domingo se tornasse estimulante ao invés de se tornar um fardo. Foi delicioso beber água pura da fonte, ver o céu azul com vários navegadores que saltam do topo do mundo rumo ao desconheci

Orinoco flow

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Eu vou ao Orinoco. É difícil ir ao Orinoco. Muitos não conseguem. Muitos não tem como. São bonitas as pessoas, como são bonitas... Elas todas e suas calças jeans, seus vestidos, seus batons, seus penteados. Todas olham no espelho para os outros. Quando vão olhar para si? São tantos os encontros e a vontade de ser, tantos amores e a vontade de se dar, se entregar, se envolver. Temos tanto medo de tudo e deixamos de lado o amor de verdade, escapando água, escorrendo frio, sumindo fantasma no meio do tudo. A vida não dá trégua, ela quer coragem, como já disseram. A vida agridoce se expande sabor na gente deitando. Quem é que acha que pode deitar pra dormir? Quem é que acha que pode deitar pra viver? E sonhar e sonhar... A entrega se dá na medida da dor, a entrega se dá na medida do amor. Quantos nós rasgamos a cada dia, desfazendo, refazendo, refazenda? Vamos fazer uma caravana para o Orinoco, gente. Vamos dar vazão ao rio da nossa alma. A terceira margem de Guimarães não é dele. É de cad

Para Gabriela

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O amor é. Pedra de gelo, o meu sonho. Balde de prata? Talvez isso ajude a minha irmã. Talvez não. Explicar poesia é como contar o fim da piada. Como diria de um jeito poético Rubem Alves, a gente não explica uma árvore. A gente se deita à sua sombra . Minha irmã não entendeu nada desse "haikai tratado". E, por mais que eu dissesse à ela que não é pra entender, é pra ler e sentir o que rola, isso não a convenceu. Tudo bem. É assim que as coisas são. A experimentação do Haikai sem pontuação torna mais aberta a interpretação para o ousado, enquanto afroxa o gosto do reto de espírito. Meu espírito é como minha tatuagem. Como a capa do meu livroCD que está aí na gravura no alto deste blog. Uma trama de oitos. Só que esta trama é um pouquinho diferente... Meu espírito ganhou novos planos no Caminho de Santiago. E agora experimenta novos sentidos, novas emoções, circula, vagueia, s0be em espiral e transcende em amor e alegria. O amor é , Gabriela. Essa é uma das chaves para se ente

Tratado sobre o amor

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o amor é pedra de gelo o meu sonho balde de prata

Deus sabe o que faz

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ainda bem que minha dentista não é proctologista

O tudo e o nada de Carlos

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Carlos elogia os filhos para se sentir bem. Só Carlos pode ter filhos tão bonitos, tão talentosos, tão inteligentes, tão astutos, tão desbravadores. Afinal, eles são filhos de Carlos. Carlos nunca elogia seus filhos. Para eles mesmos, é claro: ele os elogia para outras pessoas. É, os outros têm que saber que Carlos tem filhos como aqueles. Nas reuniões de seus filhos, Carlos quer mostrar suas fotos. As fotos dele, de Carlos. Não, as fotos dos seus filhos não podem ser tão interessantes como as fotos de Carlos. As coisas todas de Carlos, sim, devem ser mostradas nos eventos de outras pessoas, para que ninguém se esqueça do tanto que Carlos é interessante. Você sabe, ninguém pode ser mais interessante que Carlos. Sim, suas blusas, suas calças, seus sapatos. Seus chapéus. A música que Carlos ouve, a música que Carlos toca. Tudo é mais digno de atenção. Porque tudo é de Carlos. Aliás, Carlos é tudo. Acontece que Carlos não precisa de ninguém. Como ele é tudo, tem tudo, sabe tudo, faz tudo,

somente

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para lembrar que o amor existe para lembrar que não sou triste para lembrar que o bem persiste para lembrar que o bom assiste para lembrar, sofrer é chiste se rirmos de nós se rirmos dos nós a dor nos faz cócegas a pedra escada se rirmos dos nós se rirmos de nós é impropério viver no mistério das tramas oblíquas criadas por nós nós?

O som que bate à porta

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Acabo de ouvir uma bomba. Não sei se um escapamento, não sei se um fogo de artifício aqui da favela, do lado da minha casa. Não sei. Ouvi uma bomba. Ouço carros que passam na chuva, ouço uma moto que também passa, gritos das crianças da vizinha. Uma mulher, deve ser transeunte. O som das castanhas do pará de dentro do meu crânio. Hoje, mais cedo, ouvi meu coração. Deitado na mesa de tratamento da fisioterapeuta que me coloca no lugar uma vez por mês, ouvi meu coração que batia forte. Ele dizia que eu estou caminhando, mesmo deitado, mesmo longe da Espanha, mesmo parado. Ele dizia da saudade do Caminho, da saudade da descoberta de um amor puro como parecia não haver, da saudade de olhar nos olhos de mim mesmo no reflexo em movimento, no lago em que me banhei por tantas vezes no Caminho. Talvez todos esperassem uma mudança brusca. Talvez todos esperassem mudança nenhuma. Eu, a independer da espera, resolvo o passo, passo, atravesso, e me encontro no eucaminho .

Novo Céu.

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Na foto, Ramiro e eu no Caminho de Santiago. Por minha amiga australiana Angela Phillips: http://www.designbyangi.com.au/ Há um novo céu. Voltar do Caminho de Santiago é muito mais demorado do que parece. As coisas, todas, me parecem confusas. Olho as pessoas e vejo outra gente, outro jeito, é outro olhar. Não quero mais isso ou aquilo, estou paciente, estou feliz, estou mais tolerante. Espero que o meio de cá não me influencie tanto como o meio de lá. Ter experenciado o outro lado da face é um privilégio. Não digo "de poucos", como não digo "de quem queira". Não sei se é assim, não sei se tem regra. Posso dizer que, para mim, foi positivo na minha análise, e vivenciar tanto amor transborda. Ainda bem. Semana passada, fui convidado pela Ana para conhecer o Projeto Assistencial Novo Céu . Na verdade ela me convidou há muito tempo. Mas nunca tinha tido coragem de ir lá. Sim, coragem. Não é uma coisa fácil pra mim ver mais de 70 pessoinhas: crianças de colo, "ado

BOB and I

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"- ... até as árvores tão com uma cor diferente! ...", disse o Ramiro, ao comentar comigo sobre o que está sendo voltar do Caminho de Santiago. Eu não sei, Ramiro. Tudo me parece diferente agora. Preciso de um tempo, preciso de um espaço. Olho para as pessoas à minha volta e elas me parecem outras. É como a música "Lente do Amor" de Gilberto Gil. Olhar o novo é simples. Olhar de novo pode ser complexo. Ainda mais se se tem um novo olhar. Estava tudo aqui. Estava tudo ali. Mas algo mudou... Maravilhar-se com as coisas simples tem um gosto especial. Olhar as árvores e percebê-las com novas cores tem um sabor indescritível. Quem quer olhar o novo? Quem quer olhar de novo? Quem deseja um novo olhar? Inspiro, agora mais forte, e caminho. Continuo. Contínuo. Até lá, no Caminho de Santiago, é possível fincar o novo como se fosse uma bandeira do descobrimento... Quando comprei em uma festa popular um balão do BOB ESPONJA e decidi caminhar com ele, muitos peregrinos que me v