Odissou


Terminei ontem de ler o livro "COMPOSTELA - Muito Além do Caminho de Santiago", de Beto Colombo e Manoel Mendes, livro que ganhei de uma pessoa especial, absolutamente carinhosa e atenciosa.

E, de ontem pra hoje, sonhei pela primeira vez com o Caminho.

Confesso que me emocionei muito com algumas passagens específicas e duas delas me fizeram chorar. E olha que homem não chora.

Já começo a sentir uma espécie de saudade de tudo que vivi antes do Caminho, como se o que hoje presentifico fosse se mostrar distante após minha experiência de viagens... Tenho refutado com muita veemência a idéia de que algo vai mudar substancialmente, de que vou descobrir uma resposta pra alguma pergunta oculta em mim, de que vou me iluminar em algum nível, enfim... Isso porque não quero me decepcionar. Não quero fazer do Caminho um rito obrigatório de passagem, um modelo mítico manjado de caminho do herói, que volta renascido, renovado, temperado pelas batalhas. Ulisses crescido, mais próximo (?) dos tantos deuses presentes em nossa construção arquetípica...

Acontece que sou assim.

E, do dramático romântico, sonhador infantil, rebrota a vontade do mágico, do fantástico, da incrível fantasia presente no suor do meu travesseiro... Não é à toa que, da minha primeira viagem à Europa, à cidade de Toledo, eu trouxe uma espada de samurai e coloquei na parede, em cima da minha cama. Sei que quando pensonho o Caminho vejo o menino de Kichute, com o cadarço amarrado na canela, em cima de alguma pedra, capa de pano de forro de mesa e a música tema do Homem de Seis Milhões de Dólares tocando em Back Ground. Quando pensonho o Caminho, conto com a motoquinha do homem-aranha, o cinto de utilidades, o grito Shazan, o sabre de luz e, claro, meu chapéu...

Como diz meu novo velho amigo Manoel Mendes, o Mano, - Ânimo!...

Comentários

Solange disse…
Olha,Bê, não te conheço mas conheço muito bem o Caminho.
Não espere nada: apenas faça o Caminho. Tudo que tiver que vir, virá!
Solange (peregrina obssessiva)
Silvia disse…
Que lindo você! Você já é extremamente especial. Talvez você encontre um caco de espelho caído no chão do caminho e se enxergue com nós te enxergamos. Beijão
Monica disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse…
Tudo muito bonito, muito poético, muito muito, mas a vida é real, gente.
Dramático, sonhador, infantil, inseguro são características do homem contemporâneo que foi analisado sim e agora está sem lugar.
Anda procurando um novo lugar? Talvez... com medo de achar.
E as mulheres estão fingindo que não perceberam nada.
Bê Sant Anna disse…
Obrigado, Solange. A gente se encontra no caminho!
Valeu, Silvia! Amizade é uma coisa benta mesmo... Puxa, que palavras lindas, Monica. Acho que isso tem tudo a ver com o livro do Mano...

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