Barato Total



Acordei 5:27h. O relógio estava marcado pra 5:30h.

Me recordei da fase, quando tinha acabado de separar, quando eu aceitava até batizados, programas possíveis pra quem não quer ficar só, não quer pensar muito nas coisas, outras, todas, enfim.

Meio confuso, me levantei, peguei a roupa de corrida que eu tinha separado na noite anterior. Dormi cedo e não sonhei.

Tomei um iogurte, comi uma banana, comi uma maçã. Coloquei um boné pra pentear o cabelo e lá estou eu na garagem de casa, a coruja a se perguntar: que diabos esse desinfeliz está fazendo aqui a esta hora?!?

Acendi o farol, saí da garagem e fui ter com a noite, com a lua, com o dia quase amanhecendo.
Subi pro Belvedere vendo a lua cheia, no horizonte, no céu preto azul, moldura de sonhos esperados dos românticos de plantão.

Senti frio ao descer do carro, alonguei, e lá estava eu, a pesquisar o entusiasmo contagiante da minha amiga que faz da corrida sua religião, seu ar, sua água. Ela não viu que a entreguei uma flor imaginária em homenagem ao seu aniversário. Ela estava muito feliz. “Quando a gente está contente, tanto faz o quente, tanto faz o frio, tanto faz”, já dizia o Gil.

Chegaram mais uns tarados e fomos, 5 indivisíveis, 5 amantes, 5 peregrinos contemporâneos, 5 passoas comuns.

A lua queijava inteira, nossas passadas. O clarão do dia princi-piava o passarinho. Ventava dentro e fora e Deus amanheceu a gente, no dia sete de julho de 2009.

São dez horas da manhã e parece que já vivi muito hoje.

Comentários

Branca disse…
Adorei!!

Parece que sou um pouco repetitiva até.

Mas a culpa é toda sua. Eu leio o que você escreve e sinto (d)suas coisas.

Primeiro, eu viajo onde quer que você me leve, e você sempre me leva.

E nessa viagem eu penso comigo "Puxa, como escreve bem esse moço!! É um artista, um maestro regendo palavras, e elas sempre obedientes, se transformando em idéias, ganhando vida própria. Despertando emoções e inspirando quem quer que as provem.

Beijo Bê
Bê Sant Anna disse…
Nu! fiquei até sem graça, vindo de uma poetisamãe como você...
Bê ijo Branca!!! Seu Blog tá uma delícia!
Anônimo disse…
Lindo, a música, a maneira de começar o dia, e a grande capacidade de descrever emoções, situaçães e se fechar-mos os olhos até o cheiro agradavel da brisa antes do mundo acordar..... Vc sabe quem é o anônimo sim, basta prestar a atenão em alguns detalhes e não terá dúvidas, já estou assinando com as iniciais do apelido que vc mesmo me deu e eu gostei. tchau...bjim...""C.D.G""
Bê Sant Anna disse…
Putz, eu sou lerdo mesmo. Não faço a mínima. Enfim, merci, ma cherry!
Anônimo disse…
"Ne vous inquiétez pas, vous vous souviendrez"
Baisers, "C.D.G"
quero sentir isso tb. ultimamente só sinto náusea e tremedeira por causa da abstinencia de cigarro e dos adesivos de nicotina...
Anônimo disse…
Ah, pois então...

Silvinha me indicou o Blog do Bê. Daí o Bê me jogou pro blog da Renatinha, que eu queria ver há quase tanto tempo quanto um babadorzinho morou no armário da minha mãe...

Foi bem legal ver como as pessoas se conhecem. Parece novela. Conheci primeiro o Bê, que namorava a Mariana, que era amiga da Flávia Melo, que eu não vejo há bem uns quinze anos. Depois veio a Renatinha, que eu persegui por duas agências: ela saía e eu entrava. E, por fim, este pequeno monstro de olhinhos verdes, que conheci pela Rossana, que eu tb não vejo há bem uns cinco anos. E o mais legal: Silvinha indica o Bê, que indica a Renatinha... e eu gosto de todo mundo.

Iuri ontem resumiu em uma frase tudo o que eu sinto aqui em Brasília: "cara, é complicado morar em um lugar em que vc não conhece ninguém desde pequeno". Não digo pequeno, porque se tem uma coisa que eu não era quando conheci vcs três era pequena... hihihihi. Mas é realmente muito esquisito vc conviver com um monte de gente que conhece há pouco tempo, que vc conhece e sua família não conhece... de quem vc às vezes espera uma coisa e vem outra diferente... mas por que diabos vc esperava, se nem conhece a pessoa direito?

Fato é que, quanto mais velha eu fico, mais bairrista. Sinto uma saudade imensa dos meus botecos, vevecos e xavecos. Saudade de fazer controle de embreagem sem ser na rampa da garagem pra passar o crachá. Aliás, demônio de crachá. Crachá é o símbolo da vida aqui no velho oeste. Nêgo se mata por um crachá. É como um troféu portátil que o sujeito pendura no pescoço e só tira pra dormir: "Viu como eu ganho muito? Como sou estável? Como vou ficar fazendo uma coisa que eu nem sei direito o que é pro resto da vida? Como nunca vou ter medo de ser mandado embora... nem vou gostar do que eu faço... porque eu nem sei o que é direito?"

Ando bem rabugenta, apesar de disfarçar meu azedume com umas piadinhas. Eu ando vivendo de subversão. Tudo bem que eu sempre fui meio do contra, mas viver disso pra mim é novidade. Fala sério que não dá pra suportar essa ordenzinha aparente do DF. Prédios ordenadinhos, hierarquia rígida, fulano não fala com sicrano, crachá pra todo lado, barezinhos sempre arrumadinhos, preço da gasolina tabelado... uma hipocrisia do cacete encobrindo a bagunça que é essa cidade.

Graças a Deus meu pequeno mundinho de trabalho (minha equipe e quase ninguém mais) é bem zoneado. Meu chefe é DJ, a galera aqui tem em média 25, todo mundo gosta de anos 90 e é mega-desbocado. E graças a Deus também alguém descobriu meu apelido (e hoje ninguém mais sabe meu nome), e eu continuo a escrever, não por necessidade, mas por prazer. Escrevo texto pra todo mundo, seja ou não da minha conta, vou lá e ofereço mas não aguento a caretice da linguagem do velho oeste.

E assim vou preparando o campo pra voltar para meus botecos, vevecos e xavecos, pra lua queijando... pensando na reforma da minha casinha... no meu futuro mundinho de baixa gastronomia... e na saudade da galera que hoje eu vejo pouco, mas conheço PRA CARALHO.

Adorei diminuir um pouco a saudade. Matar, mesmo, vai ser marlogo. Mas é mais dia ou menos dia. Respondendo àquele post da Rê que mexeu com o Bê, ainda tem é emoção pra eu viver nessa vida! E vocês estão convidados.

Beijos sabor torresmo com cachaça.
Bê Sant Anna disse…
Du Ca Ra Va Jo.
:)
Que lindo! é a vida! UHUUUUUU!!!!
Renata Feldman disse…
Vick querida,
Impossível descrever minha alegria com o seu big comentário!... Esse mundo é pequeno mesmo, e quando se trata de mundinho mineiro, iche, vira um ovo de codorna!...
Volta logo, vem pra esse mundinho aqui que te ama tanto, você faz uma falta enorme!...
Um beijo e um queijo (de Minas, claro!)
Unknown disse…
Entrei aqui só pra deixar um bjo, o comentário eu fiz ontem no msn.
Andreza Schmitt disse…
Que lindo Bê... Muito obrigado pela indicação.

Adorei de verdade, senti um tanto de felicidade indescritível. Acho que temos algo em comum, gostamos das manhãs.

Não sei você mas eu me sinto mais viva. Parece que recebo um tempinho extra de vida no fim das contas.

Teu texto me deu vontade de sair correndo em busca de algo novo, talvez correr as 5:30 da manhã? Quem sabe...

Só sei que tive mais vontade de viver depois de ler este texto. Obrigado e parabéns!

Beeijos

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