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Mostrando postagens de março, 2009

Fátima ouviu a cítara

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*primeira das fotos encontradas quando se googla Willian Bonner No livro de Luiz Alfredo Garcia-Roza, " Palavra e Verdade - na filosofia e na psicanálise " - coisas que, sinceramente, me intrigam -, fui surpreendido logo de início. Diz o livro: aedo, poeta-profeta da Grécia arcaica, possuia a palavra portadora da alétheia , da verdade. Fiquei pensando: quem seria o aedo dos dias atuais?  Quem tem a cara do Orfeu contemporâneo? Willian Bonner? Bem ele não toca cítara e não canta, pelo menos na televisão... em compensação, é cheio de filho. E pra ter muito filho, só sendo poeta. Meu avô era poeta. Teve 15 filhos. Aliás, minha avó quem teve 15 filhos. Se tem alguém que está de parabéns, em termos de poesia, esse alguém é definitivamente minha avó. Putz, 15?!? E notem que escrevi quinze em numeral, pra ficar mais dramático, coerente com o jeito da minha família. Vô Marú sim, foi um aedo. De verdade. E ele não tinha a Rede Globo no lugar da cítara...  Quem é responsável pela alé

Amor ao Ser Tão

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( Essa é uma gravura de um artista incrível que conheci em Rennes, FR. Mas, evidentemente, ele é do sertão da Bahia. Seu trabalho encantador fez com que eu mudasse o foco do meu mestrado... Em uma parte dele vou analisar uma de suas exposições.  Vale conhecer seu trabalho: procurem no google Juraci Dórea. Mas vamos ao textinho. Juraci só veio pra nos brindar com uma linda ilustração e ser boa dica pros mais atentos.. .) É quase(?) heresia. Mas o amor precisa da ousadia sem limites. Espalhafatoso, meto o pé pelas mãos e coloco na caçarola Guimarães Rosa, não sem derramar um pouquinho, e tempero com Maquiavel. Na hora de servir, um clássico... Guimarães: " Diz-que-direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando; mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear

Diadema

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Noite aberta, é só entrar No peito, a luz da tela do computador, que não me deixa mentir O silêncio da madrugada espanta a minha alegria O medo da morte é uma luzinha no teto... Não olha pra ela quando for deitar Não olha pra ela quando for deitar Não olha pra ela quando for deitar Não olha pra ela quando for deitar Descubro a trilha do desconhecido E só faço olhar, olhar Daqui tudo é impreciso Daqui tudo eu preciso Do som, do toque, do beijo Daqui preciso descobrir a música da minha alma Pra tocar por aí numa noite dessas Pra sair por aí numa noite dessas A viajar nas estrelas dos sonhos alheios Esse é mais um poema letra, ou letra poema, que tem uma música dentro... um dia ela desperta e vem adornar. As cabeças, os cabelos, as madeixas... (ilustração vetorizada feita por um ex-aluno... quando lembrar, coloco seu nome)

Nada contra um bom REMIX

† A morte devia dar uma espécie de bônus pra muita gente, né?  Remixar anos, dons, vôos e apostas. Linkar esperança com chutes em baldes, transmutar o "dia-a-dia" em "uma noite apenas" (interessante que esse último termo em inglês é bem mais dramático).  A morte deveria dar ao cantor um show a mais, ao poeta, uma noite a mais de amor, ao sonhador, mais um pôr do sol, à criança, mais uma tarde no balanço...  Acho que, antes de morrer, vou pedir a ela mais um torresmo, uma cerveja gelada, uma pinga enquanto ouço um CD inteiro do Gil. E do Queen, se ela me der uma forçinha.  Bem, só posso dizer o que já disse no lançamento do 8... A música é o sonho da palavra. 

Indico "A alma imoral" e "Ter ou não ter, eis a questão!"

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Fazer Mestrado em Comunicação tem me deixado bem perplexo.  Procurei uma palavra e achei: "perplexo". É uma boa palavra.  Acho que ela casa bem com essa pseudo-introdução...  Quero ler Gilles Lipovetsky. Quero lê-lo e não achar que a publicidade é sem sentido, sem motivo, sem razão. Quero dar sentido à minha vida publicitária enferma. A "sociedade do hiperconsumo" - como ele diz - deveria ler Nilton Bonder. O líder espiritual rabino Bonder, sabe que ser também é ter... Olha o rabino aí: " Não só a carência física dará valor às coisas do mundo, mas também as carências emocionais, intelecturais e espirituais. As prioridades e as limitações da existência terão grande impacto sobre essas decisões do ter e do não ter. É na profundidade e precisão destas valorações que se manifestará a qualidade da experiência de 'ser ' ". Mas valor? Aiaiai. Estão pedindo demais de mim. Estão pedindo demais do outro. Quem falou que somos capazes de estabelecer Valor? Arn

A Lada Palavra

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Em 2001 comecei a sintonizar um show de nome " do sonho da palavra ", ou " da palavra do sonho "...  Na verdade, era um " título uróboro " meio autofágico, meio geração espontânea, uma palavra comendo o próprio rabo , transmutada em movimento. Foi como os shows que antecederam o lançamento do meu livroCD 8 , mais uma preparação...  O show só foi pros palcos em 2002 . Apresentei em BH, Nova Lima e Divinópolis, com as presenças sempre marcantes de Anthonio e Sílvia Behrens.  Nessa época, letras e textos surgiram, como a letra abaixo, que não entrou no show porque só foi finalizada este mês... Pode-se dizer que f az parte de uma parte do   lemniscateano 8 ... E, breve, terá música da pianista Pamelli Marafon. Vale aguardar: uma letra de música sem música é como uma foto do pôr do sol. A palavra é pá escavando a alma A palavra foi pala do dia-a-dia A palavra tem(,) lá, um outro sentido A palavra buscada: lavra do entendimento A palavra, escada de quem

NASCIMENTO

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Quem nasce para a música sabe. Desde cedo, fui nascido para a música. E foi amando aos poucos e cada vez de um modo diferente, que me descobri um amante ímpar. Talvez por isso, quando, ainda na década de noventa, fiz meu teste vocacional e deu: Músico, eu tenha escolhido seguir: Publicitário. (Ahn?) É que não é uma escolha fácil seguir o que se ama... Sabe por quê? Porque a magia meio que acaba.  Eu já ouvi um quilo de vezes:  "- você sabe, né?!?: a gente não casa com o grande amor de nossas vidas..."  Sinceramente? Acho que tem TOTAL relação com isso. É como a escolha por Ser Músico. Escolher ser músico implica em desmitificar o sonho, revelar o possível, descobrir o limite, encontrar a falta. Ou seja, a música passa a ser não mais o prazer puro e simples, o tesão incontido, o amor sem fronteiras. Ela se transforma em nossa frente e vira algo palpável, real, finito, limitado, questionável, imperfeito. Mas o Grande Amor É perfeito. Por isso é muito perigoso casar-se com ele.

"EIS" ou "A fonética é uma coisa interessante"

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Nada bom pode surgir às 00:30h. Nada bem pode surgir às 00:30h.... O nada incomoda. Nada in cômodo. Nada em como dou. Não há oferta do vazio. Não há oferta de nada.  E, cá pra nós, não é de nada. É obrigado. O brigado. Cá.  Pra nós. Não é de nada. É de tudo. Tu, dou. Mas como posso dar pra tu, se tenho nada? É tudo ou nada. É tu dou nada. É tu, dona da. Ethos do nada. Como eu já disse uma vez pra minha tia filósofa: ser ou não ser? EIS é a questão. (Legal essa ilustração do Adão. Apareceu quando "googlei" insônia pictures...)

SUGESTÃO

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O Capitão do ligadon.blogspot.com me deu uma ótima sugestão. Ou não - como diria Caetano Veloso... O certo é que decidi ouvir. Claro, em parte. Quando eu achar que tem propósito. Mas vamos à sugestão: todo texto, segundo meu amigo Wagner Lanna, deveria vir acompanhado de uma breve introdução. Algo que o defina. Algo que o pinte. Algo que o esclareça. Algo que o coloque em Xeque. Enfim, eu deveria falar um pouquinho sobre ele antes mesmo de sua publicação aqui no blog. Por um lado, pode induzir o caminho de possíveis reflexões. Por outro, pode gerar discussões.  Decidi, portanto, aceitar. Se você reparar o que publiquei antes desse, o "15" já coloquei uma introduçãozinha antes. Mas, vamos combinar, quando eu achar que tem sentido. Pois, como diria Rubem Alves (claro, com palavras mais bem escolhidas), "a gente não explica uma árvore; a gente se deita à sua sombra..." Meu desejo é esse: que os textos desse blog sejam cochilos de alguns minutos sob a sombra dessas pala

QUINZE

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Este texto é de junho de 2001.  Na verdade, ele surgiu como uma letra de música, mas não tem música ainda. A música, como muitas que ainda estão em algum lugar entre o significante e o significado, ainda não se materializou. Tenho muitas letras assim. Sinto suas músicas pulsando internamente em suas letras, mas nem eu e nem ninguém ainda abriu a porta do sonho pra que elas desembarquem em nossas vidas e nossos ouvidos. Quem quiser que ouça a sua música dentro desta letra... até que eu ache o parceiro ideal pra ela: quinze vezes esperei quinze dias. em quinze anos passados passam muitas luas cheias. cheia, branca é iluminada. no mar, indica a estrada e traça com linha perfeita limita o que desconheço. céu nos envolve terra sobre os meus pés (mundo pra ser preciso) e medo, o desconhecido. estudo uma fórmula grande que decifra grande parte do que procuro saber. e sem ter nada a temer morro de medo da vida. pessoas que me circundam representam sempre algo. são dôces, amargas, sem gosto.

Paris

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Quem conhece Paris sabe. Dá pra imaginar uma Paris nada romântica? Eu conheci essa Paris de perto. Foi na primeira semana do ano de 2006: Do norte do meu coração A árvore mais seca começa a ventar sozinha De longe se percebe o bailado De longe se reconhece o ballet De perto ninguém é normal E de dia o sol ainda esfria Olhei pro Sena de cima da ponte E o reflexo não me deixava ver o fundo do rio As águas correm como os metrôs subterrâneos Artérias ocultas Sementes que nascem e não perguntam porquê A vida nos parece gelada O sol nos parece apagado Mas tudo continua ali: O gato, a foto, o parto O gosto da neve na boca E o fardo de ter que ser feliz

RED ME

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Houve um dia em que o céu ficou vermelho. Um vermelho meio vinho. Quase cor de sangue. As pessoas não entenderam bem o que aconteceu. Lembro que eu passava na curva do Ponteio e, de repente, foi como se estivéssemos em um filme comercial, uma propaganda te TV. O efeito inicial era esse: o céu, que estava alaranjado-tarde sob efeito de uma ilha de edição de Deus, se transformara em poucos frames em um céu vermelho-agressivo, nuvens cinza, cinza-escuro, que andavam em uma alta-velocidade não compatível com o vento... Temi por mim. Sério. Impressionante a influência do tempo na vida das pessoas. Do clima, do tempo, do meio... Hoje me lembrei de um tempo em que o tempo passava mais lentamente e que a gente tinha tempo de nos sentir mais parecidos com a gente mesmo. Nesse dia de céu vermelho, fiquei com medo de ficar agressivo, com medo de não responder por meus atos, com medo do vermelho existente em cada uma das pessoas. Por que será que a gente associa tanto a paixão e o ódio com o verme